A política e o jornalismo são duas atividades cuja relação é tão antiga e tão próxima que possuem algumas características em comum. É muito difícil vermos um jornalista ou um político que alcança o sucesso profissional simplesmente abrir mão da sua carreira e declarar a aposentadoria. O normal é que jornalistas trabalhem até o último dia de suas vidas, políticos de forma semelhante, mesmo quando possuem herdeiros prosseguem disputando cargos eletivos até onde a vida lhes permite.
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No Brasil, até mesmo aqueles políticos que chegam à presidência da República, que em tese seriam aqueles que se aposentariam ao fim de seus mandatos por terem chegado ao pico da escalada profissional, seguem fazendo política de forma aberta ou disfarçada. Diante de todo este cenário de carreiras intermináveis, causa uma estranheza em quem olha atentamente para o ex-governador Cássio Cunha Lima e entende que ele decidiu encerrar de forma prematura sua presença nas disputas eleitorais.
Claro que a todo aquele que trabalha é possível e permitido o desejo de mudar de carreira, de viver novos desafios e respirar novos ares. Para alguém com mais de 30 anos de carreira em qualquer área profissional o que realmente se esperaria é que o profissional em questão já estivesse contando os dias para poder aposentar-se e viver a tranquilidade e a calmaria do merecido descanso junto à família. Mas, novamente devemos nos lembrar que Cássio não é um profissional de uma área comum, mas um político e um que já demonstrou gostar do jogo se fazendo presente em cargos públicos eletivos desde os tempos da Assembleia Constituinte, que garantiu ao Brasil a Constituição Federal de 1988 até 2019 quando se encerrou sua passagem pelo Senado Federal após não ser reeleito.
A ida de Cássio para Brasília, muito além de ser um sinal de que o ex-senador sabe que lá consegue capitalizar muito mais a sua atividade advocatícia, é um demonstrativo do seu afastamento em relação à cidade de Campina Grande. Se Cássio ainda gastasse realmente seus neurônios pensando possibilidades de como retomar a vida pública ele teria feito questão de se manter na Paraíba, vivendo em Campina junto do seu eleitorado fiel e rodando o estado para estreitar os seus laços com as lideranças locais. Mas não, Cássio vem sempre demonstrando um discurso cada vez mais saudosista como quem relembra a biografia de uma carreira já encerrada.
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Para os seguidores fiéis do ex-prefeito da Rainha da Borborema, não vejo um futuro positivo em que ele retorne a ter sua foto exibida em uma urna eletrônica. Claro que exemplos como o do ex-governador Cícero Lucena, que todos consideravam como realizado com sua passagem pela política e que já não disputaria novas eleições, nos mostram que estes nomes sempre podem voltar atrás e lançarem uma candidatura inclusive ganhando um grande fôlego na disputa pelo tempo de descanso. Mas, Cássio, como eu já disse anteriormente, vive em Brasília. Como demonstrar ao povo campinense que ele ainda deseja representar Campina na política quando ele nem mais reside no município?
O que aparenta é que o ex-senador, que nunca havia conhecido uma derrota eleitoral até o ano de 2014 tomou medo do gosto amargo que é perder uma disputa eleitoral e tal qual um menino que recebe uma vacina dolorosa faz de tudo o possível para não receber outra. Se assim for, não resta muita opção ao eleitorado de Cássio em buscar novas possibilidades dentro do seu espectro político, dentre elas o seu herdeiro Pedro Cunha Lima, pois o que aparenta é que Cássio fugiu ao normal na Paraíba e tornou-se um político aposentado e que já não mais retornará para as disputas.
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Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba