É impressionante como a política reacionária passou a ser legitimada por boa parcela da população. Gente de memória curta. Comentários e discursos que valorizam e estimulam os preconceitos, a xenofobia, o autoritarismo, a discriminação em todos os níveis, se fazem muito presentes na política contemporânea. Indivíduos aceitando negociar sua própria liberdade, perdendo a aura de racionalidade. Sentimentos altamente destrutivos, como o ódio e a arrogância, tomando conta do coração de muitos.
Uma exagerada ambição de servir ao poder, a qualquer custo. Os apelos à emoção e a crenças pessoais, determinando as escolhas dos que não conseguem pensar por si mesmos. São presas fáceis dos manipuladores de consciências. Predominam conceitos ideológicos atrofiados. Percebe-se uma adesão a ideias que só lhes trazem prejuízos.
Seguem cegamente os roteiros da ruptura democrática. Acreditam, sem qualquer análise crítica, nas notícias falsas que viscejam nas redes sociais e fazem delas o conteúdo de seus argumentos. É a revolução dos manobrados, dos que abriram mão do livre pensar e do livre agir. Em sua maioria estão situados na classe média, e se imaginam ricos. São papagaios do que ouvem nos telejornais, sem o cuidado de apurarem se são verdadeiras as informações recebidas. Negam sistematicamente qualquer conflito de classes, gênero ou etnia.
Tomam o partido dos mais poderosos. Propagam que o esquerdismo é doença. Dão força à associação teatral entre reacionarismo e moralidade (falsos moralistas). Insistem na tese de que: “apesar dos erros, os milicos salvaram o Brasil do comunismo em 1964”. Rejeitam as denúncias de existência do trabalho escravo. Alguns até dizem: “já votei na esquerda, mas eles me decepcionaram, agora não voto mais”. Metamorfose política difícil de acreditar. Esses são os que se dizem promotores da nova ordem política e social do Brasil.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão