Eu o conheci bem jovem, dirigindo uma pequena empresa, a Portal Empreendimentos, vendendo loteamentos no interior da Paraíba, promovendo bingos e trabalhando duro numa época em que nada era fácil para ele nem para ninguém. Estávamos nos anos 70, o país vivia uma época de incerteza política e econômica e a Paraíba pouco representava no PIB nacional. O comércio de João Pessoa era acanhado e as famílias mais abastadas corriam para Recife quando desejavam realizar as suas compras.
Naquela época, aos 20 e poucos anos, Roberto Santiago era apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco mas com parentes importantes e amigos na praça. A família, que sempre gozou de prestígio social e econômico, enfrentava fortes turbulências. O pai, o empresário Divaldo Nóbrega, havia sofrido muitos revezes com a alta do dólar e os diversos “Planos Econômicos” que eram adotados , sem aviso prévio, causando reflexos negativos aos investidores e empreendedores.
Nesse tempo ele ainda namorava a sua esposa, Valdívia, frequentava a ‘Passárgada’, a boate de Marcos Pires – e participava de competições esportivas no autódromo Mário Andreazza, no altiplano Cabo Branco, onde era um dos ases nas corridas de kart ou pilotando uma moto em circuitos acidentados e perigosos de motocross, esporte que ganhava muita popularidade entre os rapazes de sua idade.
De lá para cá, acompanhei de perto toda a sua escalada e o seu crescimento. Assisti aos seus primeiros movimentos para dotar a cidade do seu primeiro shopping center, num dos poucos terrenos que havia restado ao patrimônio da família; na verdade, uma gleba, aparentemente sem muito valor, localizada na estrada de Cabedelo, uma área desabitada e de pouca serventia que era usada como uma espécie de drive-in para casais apaixonados tendo o céu como testemunha.
Na ocasião muitos desdenharam do seu projeto. Alguns apostavam no seu fracasso. E todos consideravam a ideia do Manaíra Shopping “muito avançada” para o nosso eterno complexo de inferioridade. Com apoio do executivo José Dias Filho, então poderoso superintendente do Banco Itaú, conseguiu o aliado que precisava a para tocar adiante a iniciativa, garantindo os recursos necessários à sua execução e concretizando o sonho que mudou a história da cidade e hoje é orgulho e patrimônio de todos os paraibanos.
Roberto Santiago é uma personalidade indispensável à João Pessoa, uma força motriz que alimenta boa parte de nossa economia, que contribui com o nosso desenvolvimento, gerando milhares de empregos, fomentando novas iniciativas e, sobretudo injetando entusiasmo e otimismo nos pessoenses que acompanham a sua vida de guerreiro destemido , que não se dobra nem mesmo diante das injustiças e incompreensões.
Simples e despojado, generoso e solidário, leal às suas amizades, sempre disposto a novas investidas e a ajudar o próximo. O homem endinheirado, que gosta de carros de corrida, que tem um avião no seu quintal, é o mesmo que já vi chorar, rir, esbravejar, se indignar, se exaltar e se emocionar como o mais simples dos mortais.
E depois de todos esses anos, permanece assim. O que lhe sobra e remunera não é dinheiro: é o caráter, o sentimento humano e a fé em Deus que abastece o seu coração.