Olha a carrocinha! – A ferocidade do fascismo e a velocidade com que o ministro vem bloqueando os atos antidemocráticos pelo país
Por Francisco Airton
Não tenho conhecimento, – e caso esteja errado, me corrijam, – de um 7 de setembro mais conturbado e fora da lei do que esse que se aproxima. Em outros tempos sempre me pareceu uma data festiva pelo simbolismo da data (apesar de ser também bastante controverso). Sem desfiles de escolas e de militares pelos motivos que todo mundo já conhece (a pandemia do coronavírus), a data será celebrada de uma outra forma: pela imposição do medo. Será comemorada com possíveis atos antidemocráticos e forte ameaça de golpe (outro?). Os militares não poderão desfilar como em todos os outros anos o fizeram, por conta da Covid-19, mas mesmo assim, bem recentemente foram colocados os tanques nas ruas para entregar simbolicamente um convite ao presidente Bolsonaro.
Todos os sábados as motociatas organizadas tem o presidente sempre a frente levando um ministro ou outro na garupa de sua motocicleta, sem máscaras ou qualquer outra proteção. Para o 7 de setembro, ao invés de festa e alegria, o aumento desenfreado dos combustíveis e dos alimentos… o medo. Em meio aos abusos, destratos e ameaças, o Brasil aguarda sobressaltado um 7 de setembro bem diferente.
Eu fico me perguntando aonde o ministro Alexandre de Moraes irá encontrar cadeia suficiente para prender cada elemento envolvido em atos antidemocráticos e que acintosamente ameaçam a integridade física e moral dos ministros do STF – neste momento, do próprio Alexandre de Moraes e do presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso – como se não existissem leis e que desrespeitar a Constituição Federal fosse simplesmente um ato de liberdade de expressão. Pergunto sobre o espaço para acomodar tantas pessoas por que na verdade elas estão surgindo como se brotassem em árvores! Não que eu não concorde com o que o ministro vem fazendo. Ele com certeza até me surpreende.
Tendo nascido e crescido no chamado “país da impunidade”, vendo tantos criminosos se safarem por sequer serem julgados ou que o crime até já prescreveu, estar vivo par ver extremistas irem para a cadeia, já é uma esperança de que esse país pode um dia ter jeito. São atitudes corajosas de uma autoridade solitária que tem feito valer toda essa “autoridade” interrompendo e frustrando toda e qualquer tentativa de execução de tais atos. Falo assim por que, até para viajar de avião (para uma autoridade que adota providências) passa a ser uma temeridade. Ele pode até mudar de atitudes ao longo do caminho nessa cruzada contra a extrema direita, mas até aqui já nos tem dado demonstrações, de que está mesmo querendo fazer o que é certo.
Mas, confesso também, que vejo todas essas destemidas atitudes com muito espanto e com um pé atrás. Até por que não podemos esquecer que Alexandre de Moraes foi uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) do então presidente da República, Michel Temer. No entanto, independentemente de qualquer coisa, há que se admitir a sua coragem e competência ao não se deixar intimidar pelos dentes afiados e pelos rosnados ferozes dos verdadeiros coveiros da democracia. Como dizem os poderosos versos de Chico César – “Cães danados do fascismo”, que babam e arreganham os dentes!
Diante desses ataques surgem inúmeras indagações: essas pessoas são apenas corajosas, inconsequentes, ignorantes ou são apenas criminosas e seguras do acobertamento da impunidade que lhes é oferecida em meio a motociatas e reuniões no “cercadinho”? Sem dúvidas uma caneta poderosa essa do ministro.
Em meio a tantas decepções envolvendo autoridades, se dobrando a outras, também, poderosas e acobertadas pelo corporativismo. São autoridades submetidas a quem der mais, juízes vendendo sentenças, mesmo já recebendo salários monstruosos, envergonhando cada vez mais o Brasil lá fora. Diante de tantas decepções que só fazem valer cada vez mais a máxima que diz “que a justiça existe apenas para os ricos”, ver uma autoridade se erguer para dizer que não é bem assim e que tem de haver punição para criminosos é, de certa forma, reconfortante. Afinal de contas não podemos confundir liberdade de expressão, com crimes praticados impunemente contra cidadãos, como ameaças de morte por este ou aquele não pensar dentro da mesma casinha do outro! Impor o medo a base de grito apenas para fazer valer o seu pensamento, a sua vontade, isso não é liberdade. E aí é preciso fazer valer uma outra máxima, – e que é um direito constitucional, – a de que “o seu direito acaba onde começa o meu”! Então, há, sim, uma luz no fim do túnel.
Agora, melhor respondendo a indagação que eu mesmo fiz no início dessa nossa conversa, o ministro sabe, sim, onde encontrar jaula para essas criaturas. Apesar da superpopulação de presos por esse país afora, não custa nada trancafiar corruptos e fascistas juntos com outros criminosos – também não custa nada pensar que isso pode ser possível, – mesmo que seja por um curto tempo. Pelo menos essas pessoas podem também sentir pela ação da justiça, o gostinho de ter que responderem pelos seus atos. E que mesmo acobertado por cargos importantes ou por autoridades coniventes, o sujeito definitivamente não pode tudo! Aliás, um recado que vai, principalmente para aquele a quem se acostumou chamar de “pobre de direita” e o mais agravante ainda, se este estiver do lado de cá do cercadinho apenas balançando a cabeça e dizendo amém.
De qualquer forma assusta a forma como tem se comportado Jeffersons e Girominis – para não ter de citar uma longa lista que parece a cada momento indicar um novo protagonista, não esquecendo o cantor negacionista, Sergio Reis e seu fiel escudeiro, o também cantor, Eduardo Araújo. As maneiras acintosas como essas “lideranças” se dirigem a autoridades – com provocações e ameaças – mais parece que se revestem de couraças ou simplesmente se sentem intocáveis respaldadas por algo ou alguém que acreditam, bastante superior!
Ou é isso, ou é a necessidade de serem protagonistas, nem que seja por um momento, de uma história tenebrosa e vergonhosa que vive o país, sendo presas e processadas – a busca desenfreada pelos 15 minutos de fama. Senão vejamos quem são essas figuras e onde estavam ou se escondiam? Giromini e seus 300, (ameaçou com 300, mas só aparecia com 30), Roberto Jefferson (desaparecido desde a muito da cena política brasileira), só foi visto quando postou vídeos incitando a violência, armado até os dentes, em cenas grotescas e até hilárias, ameaçando ministros do STF, e o próprio Sergio Reis, que tanto sucesso fez em outras épocas, mas que havia desaparecido da mídia já a um bom tempo, também. Arriscar o pescoço, correndo risco de processos e prisões é, no mínimo, estranho! De outra forma, só os 15 minutos podem justificar tais atitudes. Aos que sobreviverem… Feliz dia da Independência!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton