A GARGALHADA DO SENADOR

O riso impiedoso do senador Flávio Bolsonaro que ignora o drama de milhares de brasileiros - Por Rui Leitão 

Inexplicável e insultuosa a gargalhada do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, quando interpelado sobre o relatório da CPI da Pandemia. Gargalhar, fazendo troça de algo tão sério, é, no mínimo, uma falta de respeito à dor de milhares de famílias brasileiras que perderam seus entes queridos vitimados por essa doença. Nada justifica tal reação, desconsiderando a dimensão da tragédia que estamos vivendo. Zombaria inoportuna e infeliz, partida de alguém que tem mandato conferido pelo povo. O riso do infortúnio.

A natureza dessa gargalhada é a insensatez que marca a personalidade de figuras que não se compadecem com o sofrimento dos outros. Pelo contrário, sentem-se felizes em escarnecer da desgraça que se abate sobre a população. O riso impiedoso que ignora o drama de milhares de brasileiros, padecendo por causa da inércia e da irresponsabilidade na gestão dessa crise sanitária. São indivíduos que carregam uma carga emocional negativa, comemorando o desconforto e as agruras vivenciadas por muitos neste momento tão triste da vida nacional.

É o humor negro que tenta negar a realidade crua que estamos experimentando, buscando, inclusive, inverter as perspectivas nada animadoras que se nos apresentam diante da falta de ação governamental para conter, em tempo rápido, os efeitos danosos à saúde pública provocados pela Covid 19. Como se os graves problemas que estamos enfrentando permitissem comentários jocosos, manifestados através de gargalhadas. O propósito intolerável de transformar a catástrofe em piada, rindo da desesperança e do desespero do povo.

O mais incrível é que ele imitava a gargalhada recorrente do pai, que eventualmente ocupa o mais importante cargo executivo da nação, quando sempre é questionado sobre a crise sanitária. Já deram gargalhadas imitando a falta de ar de um doente com covid. Aos risos mandaram alguém que questionava a aquisição de vacina, procurar a mãe para que isso fosse providenciado. O sarcasmo desumano com a fatalidade. O deboche de mau gosto. A impressionante insensibilidade e indiferença humanitária diante das mais de seiscentas mil mortes causadas pelo Covid.

 

 

 

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão