Todo mundo já percebeu que no Brasil estamos vivendo um tempo de polarização política e social, como nunca antes, pelo menos que seja do meu conhecimento. Mas vamos entender primeiro o que seja polarização. É quando uma sociedade se divide em polos, representando posições divergentes em determinado tema, gerando discórdias e indisposição ao diálogo racional, trazendo consequências intoleráveis para o ambiente democrático que tanto desejamos.
São agrupamentos de indivíduos que agem de forma coordenada e organizada, seguindo lideranças políticas ou ideológicas de sua preferência, abrindo mão da própria individualidade. Passam a aceitar, com absoluta lealdade, sem questionar, as crenças, ideias e opiniões que lhes são transmitidas. O pior é que não reconhecem legitimidade nas convicções dos adversários. Estabelece-se um clima de confronto desnecessário. Na radicalização os dois grupos são considerados inimigos. É o “nós contra eles”
E quem não fizer parte de um dos lados em conflito é classificado como “isentão”. As bolhas ideológicas em atividade política só aceitam o ingresso de militantes totalmente comprometidos com a visão de mundo que defendem ardorosamente. Vêem os pontos de vista discordantes como ameaças de furar essas bolhas.
As lideranças extremistas se alimentam da intolerância para conquistar apoio às suas ideias. Nessa guerra política não há concorrente no debate e sim inimigos a serem eliminados. A polarização, portanto, produz a ascensão de líderes populistas liberais, que não respeitam as regras democráticas e têm vocação para o autoritarismo.
O mais preocupante é observar que os temas políticos e econômicos de maior importância são superados por discussões de cunho moral, adotando a pauta de costumes e comportamento. Independente da veracidade das informações recebidas, há uma tendência a acreditar em notícias que corroboram com o seu ideário político, oferecendo fortes resistências a mudanças de opinião.
A convivência social diária fica prejudicada até nas relações familiares, assim como nos ambientes de trabalho, lazer, escola, igreja, etc., gerando desentendimentos e inimizades. A polarização política passou, então, a integrar o cotidiano das pessoas, por coabitarem em ambiente de crescente conflitos ideológicos, com troca de ataques agressivos, ofensas, injúrias, difamação, discursos de ódio, incitação à violência, apologias ao racismo, xenofobias, intolerância ideológica ou partidária, através das redes sociais.
Essa relação tóxica entre violência e poder político, só diminuirá, (porque é quase impossível desaparecer), quando as principais lideranças de ambos os polos colaborarem para que os espíritos sejam desarmados e o nível de animosidade aplacado. A permanecer essa guerra política partidária e ideológica nossa democracia continuará entrando em processo de degradação. Apelemos para a sensatez que permita relacionamentos políticos onde a racionalidade e o equilíbrio emocional prevaleçam. Precisamos de paz e harmonia fraterna na convivência entre compatriotas.
Quem acompanha os textos que escrevo diariamente sabe que tenho lado nessa disputa política de momento, porém não me integro a bolhas ideológicas, procuro ser uma pessoa aberta ao diálogo e ao bom debate, respeitando as opiniões de quem pensa diferente de mim e me esforçando para que essas divergências nunca sejam motivos para a construção de inimizades.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba