Podem se chocar, até indignar, mas eu admito que consigo entender alguns dos milhões que votaram em Bolsonaro na última eleição presidencial!
Por mais contrassenso que pareça, compreendo a escolha irracional, não de todos, mas de boa parcela desses milhões. E sem necessidade de fazer grande esforço para isso.
E veja bem, estou absolvendo, sem sequer terem apresentado defesa, ou justificativa. Me disponho a interpretar essa escolha caótica voluntária, humildemente, ou apenas para buscar conforto para alguns arrependidos, que seja…
A questão que, eu e uma Bahia inteira sabemos, é que brasileiro médio tem relação rasa, ou mesmo desinteressada, com a política, aliás com tudo, infelizmente. É como se estivesse em nossa gênese, assinatura, DNA.
Nunca fomos lá muito estimulados a senso crítico, exercício analítico além da superfície, questionamentos estruturais etc e tal. Nos embriagamos com o “lugar comum”.
Imagina esse repertório limitado em um cenário de política demonizada em todos os espaços??
Sim, justa e injustamente, afinal os agentes da política brasileira tem sua enorme parcela de descrédito, somadas a uma justiça venal, imprensa parcial e mercado avarento. Pronto. Está montado o banquete dos calhordas.
Nesse ambiente perfeito para surgimento de oportunistas, aparece a aberração personificada chamada Jair. Um completo, total inepto para esta e outras funções.
E é em meio a desilusão e descrença geral dos brasileiros, onde cria-se este cenário de desgosto generalizado, que ele emerge das profundezas, literal e estrategicamente.
Cheio de frases genéricas de efeito, tocando em temas caros a sociedade (segurança, corrupção etc e tal) e “arrotando” moral e valores como Deus, família etc.
Prato cheio para a “fome” de respostas rápidas, remédios urgentes e mágicos contra os males da nação. Sim, porque no Brasil ainda acredita-se na equação simples de que métodos radicais e simplórios, bravatas e hipocrisia resolvem questões nacionais.
Fazer o quê? É o “jeitinho brasileiro” institucionalizado, com ares de método.
Aí irrompe a onda, a arrastar os incautos, espalhando a sujeira da desinformação e contagiando os que estão a flutuar.
Popularmente, a essa movimentação coletiva em bloco, insensata e humana, dá-se o nome pejorativo de rebanho. Mas em respeito à metáfora da onda, aqui fica cardume mesmo.
Embora, um ou outro, a conotação de ação em manada persista.
O povo, “feito merda n’água” foi empurrado pela correnteza em direção a Bolsonaro, anunciado erroneamente como o pretendido outsider, o homem que iria quebrar o sistema, romper com as estruturas!!
Sim, essas pessoas à margem da essência do debate, não enxergavam o óbvio e caíram nessa falácia. Bolsonaro não só é, sempre foi sistêmico, como é o retroalimentador dessa estrutura podre, carcomida. Um ultradireitista parasitário, que mama dos cofres públicos há três décadas e fez do Estado a mamata familiar.
Pois bem, digo ruim, péssimo, trágico…
A questão é que a magia, catarse, hipnose coletiva pela profecia do falso Messias e seus arroubos retóricos de “tiozão do zap” tem prazo de validade. E expirou faz tempo…
A complacência, olhar mais brando com o absurdo de ter escolhido Bolsonaro, se restringem a 2018, apenas diante do que já foi exposto aqui. Mar revolto, turvo e impróprio aos que não sabem nadar em meio aos tubarões.
Bolsonaro, venceu, assumiu e, mais do que mostrar tudo o que os observadores minimamente astutos viam como poluição,lixo tóxico a boiar, fez pior, muito pior.
O atual presidente fez de um laranjal, chorume. Transformou o país em uma enorme pocilga. Fazendo passar boiada, porcada e nos deixando chafurdar no chiqueiro.
Não há um único setor de destaque nesta gestão. Todos os serviços básicos, exorbitantemente, mais caros. Obras estruturantes à míngua. Desemprego galopante, Miséria a olho nu. Todo dia uma mentira, a cada declaração uma estupidez.
Agora, mesmo vivendo em sua bolha, tudo está mais que escancarado, flagrante e na prática.
Se você ainda apóia esta anomalia, não há indulto. Não há explicação, não tem perdão.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba