João Pessoa

O Largo da Matriz e suas metamorfoses - Por Sérgio Botêlho

Foto: Reprodução

Hoje falo de uma praça que já comportou, em momentos nem tão distantes, razoáveis concentrações diárias de muito jovens estudantes da cidade de João Pessoa. Era quando servia como ponto para rapazes, a maioria deles procedente dos colégios Pio XII e Lins de Vasconcelos, aguardando a saída das moças do Colégio das Neves. Em outras datas do calendário, na tradicional Festa das Neves, entre final de julho e começo de agosto, acolhia de uma só vez carroceis e rodas gigantes e outros brinquedos e muita gente, sobretudo crianças e seus pais.

Na mesma oportunidade, amparava barraquinhas do segmento ‘bagaceira’ da concorrida festa, a servir cachaça e cerveja e tira-gostos do tipo siri-mole (pescados, ali próximo, no Porto do Capim) a boêmios a granel, até altas horas da madrugada. Momento no qual o referido sítio urbano modificava sua natureza de pacato largo de igreja, misturando sem pudor o sagrado e o profano. Estou me referindo à Praça Dom Ulrico que fica entre a Basílica de Nossa Senhora das Neves e o prédio do antigo Colégio de Nossa Senhora das Neves (onde hoje funciona o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, vinculado ao governo estadual). Aquilo tudo foi conhecido, durante séculos, como Largo da Matriz, por conta do sagrado templo vizinho.

No período de intensas obras urbanas em João Pessoa, no ano de 1922, foi inserido no centro do largo um belo monumento que aclama Nossa Senhora de Lourdes. O referido tem 8 metros de altura, sendo que a imagem, com 3 metros, é feita de bronze.

Pois bem, no início dos anos 1900, vivia ali bem perto, no mosteiro de São Bento, um monge beneditino alemão chamado Ulrico Sanntag, famoso pelos atendimentos sociais que empreendia pela cidade. Falecido em 1912, seu nome foi posteriormente colocado naquele espaço, quando recebeu obras, deixou de ser apenas largo e virou praça. Para concluir, no local, rente ao final do pátio da Basílica, há uma aparentemente trivial formação pétrea que para muitos seria o marco zero da cidade, no sentido de ter sido ali que os portugueses resolveram enterrar a chamada pedra fundamental da Cidade de Nossa Senhora das Neves. Não há conclusão a respeito.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Sérgio Botelho