Como não se emocionar com o sofrimento do povo ucraniano? A verdade é que essa não é e não será a primeira guerra fruto da ganância de governos bárbaros que, indiferentes ao caos e ao sofrimento de inocentes, atacam e destroem cidades e países com o intuito de conquistar territórios como se aquela terra tivesse que pertencer a apenas um dono (o conquistador)! Desde sempre foi assim! O homem, mal havia conquistado uma consciência ambiciosa e já nas cavernas adotavam a postura de dono e partia para as conquistas: fossem mulheres, cavernas ou territórios. Não pretendo aqui discorrer sobre grandes e desumanos conquistadores que, ao criarem suas próprias guerras envolviam seguidores contaminados por uma ânsia de conquista apenas em prol do outro, tido como mais forte, ou semelhantes escravizados, que contra a sua própria vontade, eram obrigados a lutar e a matar. Mas a história está aí para nos lembrar. Basta apenas abrir um livro. No entanto, pelo que pretendo comentar aqui, não acho tão seguro dizer que o presidente russo Vladimir Putin, ao atacar covardemente um país inferior em armamento e tamanho, esteja querendo, assim, remontar a antiga União Soviética. Mas ao que parece as suas ambições são estratosféricas!
Só para se ter uma noção da diferença do poderio entre os dois países a Rússia com seus mais de 17 milhões de Km2 e um arsenal bélico que se avoluma em cerca de seis vezes ou mais que o arsenal da Ucrânia que, apesar de ser considerado um grande país do Leste Europeu com pouco mais de 600 mil KM2 é infinitamente inferior em extensão territorial a Rússia.
Mas, apesar dos insistentes avisos, tudo parecia não passar de mera especulação. Não havia motivos para um ataque a exemplo de um cachorro pit bull a um minúsculo pudlle toy! E aconteceu! O que o enorme Golias não esperava, é que haveria tanta resistência. A valentia e a garra dos homens e mulheres ucranianos – se não conseguiram ferir o gigante, conseguiram chamar a atenção do mundo para o que se passou a se chamar de “o grande massacre”! A valentia do povo ucraniano acabou reunindo UE, ONO, OTAN e um Ocidente quase que totalmente unido em protestar e apoiar o país mortalmente agredido. E com essa o Putin realmente não contava.
No entanto, diferente dos ataques covardes de grandes potencias contra países menores ao longo da história, o mundo está cada vez mais resistente as barbáries e imposições fascistas, e o povo cada vez mais consciente protesta nas ruas dentro da própria Rússia dizendo sim a democracia. Não há como não se emocionar com a valentia do povo ucraniano. Mas toda a luta popular tem que ter uma motivação: seja no seu sangue de lutador, no seu orgulho de ser independente sempre ou no seu patriotismo determinado, se faz necessária a presença alguém com o espírito de liderança e determinação para dar um norte a essa luta pela liberdade. E Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano acabou tornando-se essa referência para que os cidadãos agredidos seguissem lutando.
Com certeza, um líder para ser seguido e imitado por muitos, de uma vez que é de praxe o presidente de um país sob ataque ser tirado de cena e escondido dos olhos do invasor. Volodomir, até agora preferiu ficar e lutar e é motivo de orgulho e maior exemplo para o seu povo. Jamais se imaginou que um comediante viesse a falar tão sério e na hora certa, para mostrar ao mundo que nem sempre é preciso ser militar para mostrar coragem e responsabilidade no cumprimento do seu dever. O homem que fez metade do seu povo sorrir, muda o semblante, não faz piadinhas grosseiras com o sofrimento alheio, agora arregaça as mangas e guia esse mesmo povo a quem um dia fez rir e segue em meio aos ataques da – agora antipática Rússia. Para Volodomir não é hora de brincar, fazer piadas infames e se esquivar das suas obrigações. Afinal, não se trata apenas de uma invasãozinha que logo vai passar. É preciso mostrar força.
A Ucrânia chora seus mortos, suas perdas de patrimônios, chora pelas famílias destroçadas, desabrigadas e ensina homens e mulheres a construir pequenas bombas incendiárias – coquetéis molotov – numa luta desigual.
Com certeza, chamou mais uma vez a atenção da comunidade internacional a postura do governo brasileiro (sempre na contramão dos acontecimentos). A ida do Capitão para encontrar o genocida, Putin, pouco antes do conflito só não confundiu a cabeça de direita e esquerda, por ser tão previsível. Já se sabia com quem ele ficaria. Os afins se atraem! Apesar de o mundo condenar a matança pela Rússia, na Ucrânia, o presidente brasileiro preferiu dar o seu apoio incondicional a Putin.
E não me digam que foi por engano ou por não entender o que realmente está acontecendo, mas o mito, mesmo após as mortes de civis e a crueldade de soldados em tanques ao investirem contra um idoso ucraniano que queria apenas fugir do horror da guerra em seu país. O mundo viu paralisado, o tanque de guerra sair da pista para impunemente atropelar o solitário motorista engomando literalmente o carro em que viajava! Mesmo assim o capitão ignorou os acontecimentos e manteve a sua equivocada linha de raciocínio.
Mas havia quem não concordasse com a sua costumeira e insensível postura. Num lampejo de lucidez do governo, o vice-presidente, Mourão resolveu vir a público e – contrariando o seu chefe, expos sua opinião ficando do lado que está sendo massacrado. Bolsonaro em uma live no mesmo dia desautorizou o vice.
Enquanto isso brasileiros tentam fugir desesperados do campo de bombardeios totalmente abandonados, à deriva. Foi como se o governo brasileiro dissesse aos seus cidadãos perdidos e totalmente desesperados no meio do tiroteio: “Se virem”! E mais uma vez não me falem em equivoco presidencial. Ouvir do Itamaraty, que não haveria muito o que se fazer quanto a esses brasileiros perdidos em um país em guerra, foi decepcionante. E foi só após esses brasileiros perdidos e entregues à própria sorte, encontrarem suas próprias alternativas como meio de fugas e de alguns receberem a solidariedade de outros brasileiros (agindo diferente de quem realmente tem a obrigação de agir) oferecendo uma carona para uma nova vida!
Impossível acreditar, mas é verdade. Enquanto o mundo assistia atônito e chorava com a destruição implacável de um país e ao assassinato brutal de famílias numa guerra não provocada, o Capitão aproveitava o seu carnaval sabe-se lá por onde, participando de motociatas e navegando nas águas tranquilas do que ele chama de justo descanso. Provavelmente, dizendo, em seu modo Bolsonaro de ser: “E daí? Não é o meu país, não são minhas crianças! O que eu tenho a ver com isso”?
No entanto, mesmo se fosse com o seu país, provavelmente não seria muito diferente. Está aí a pandemia do coronavírus que, para ele nunca passou de uma “gripezinha” e que já matou mais de 650 mil brasileiros. A sua postura deixou isso bastante claro! Mas, afinal de contas, o mito não é coveiro, não é mesmo?
Após uma semana de massacre o governo repensa e adota uma postura diferente da postura do seu líder maior e resolve tomar uma atitude quanto ao restante dos brasileiros ainda presos no meio da confusão. No entanto tal postura não deverá causar nenhum impacto em nosso entendimento. O fato de o Itamaraty ter adotado uma outra postura pode na verdade partir do entendimento de pessoas e de outros setores do governo que, não concordam diretamente com os pensamentos do chefe e, portanto, sabem das consequências políticas que isso pode provocar, sobretudo num ano eleitoral como este.
Apesar de o mito provavelmente não entender muito bem as consequências dos equivocados posicionamentos, sempre na contramão dos acontecimentos e apoiando sempre o lado escuro, o presidente brasileiro se mantem firme em ignorar os fatos e teima em se posicionar em cima do muro quanto a guerra na Ucrânia. Assim, diante dos fatos, o que nos dá a entender é que os seus assessores podem ter forçado a barra, arriscando seus empregos e seus pescoços e dessa forma resolveram alerta-lo de que estamos vivendo esse ano eleitoral e que, portanto, é necessário ponderar e passar a agir como se realmente alguém se importasse com o sofrimento de quem quer que seja.
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba