Então? Vamos todos pra rua? Essa história de que vamos todos morrer é puro alarde! Afinal o que significam algumas centenas ou milhares de mortes em um país com milhões de moradores? Avisa pra essas pessoas – fortes candidatas a figurarem nas estatísticas – que se esse número, mesmo assim subir um pouco mais, não significará nada em um número absoluto de pouco mais de 210 milhões de habitantes nesse imenso território brasileiro! O problema é que a “terra plana” está ficando, a cada dia que passa, mais deserta e, esses países que adotam a famigerada quarentena, não estão em nada preocupados com a economia mundial! É isso mesmo o que querem? Sacrificar a roda da economia mundial por alguns míseros milhares de mortos? Pelo amor de quem quer que seja! China? Itália? Espanha…? E nós com isso? O Brasil não pode parar apenas por que um virusinho resolveu agora acometer alguns milhares e fazer uma limpeza pelo mundo! Muitos irão morrer? Vão morrer, sim! E daí? A gente não nasceu pra semente, não é mesmo? Temos todos que morrer um dia! Afinal, sacrifícios precisam ser feitos!
E se você chegou até o final do parágrafo acima, deve estar me achando um sujeito desumano, fascista, um párea, não é mesmo? Mas estou apenas me utilizando de uma ironia ácida para reproduzir trechos de falas do presidente do Brasil e – pasmem – com o apoio dos seus seguidores que acham que o coronavírus não passa de uma gripezinha que matará apenas pobres miseráveis! Deve ser isso, porque quem tem acompanhado o Capitão em sua cruzada por Brasília, chamando o povo para sair as ruas – apesar das próprias recomendações do Ministério da Saúde para que se fique em casa – saiu com seus carrinhos e carrões, dizendo que esse país não pode parar!
O que, na verdade, pretende Bolsonaro ao bradar aos quatro ventos que é preciso fazer sacrifícios e sair de casa – mesmo quando governantes pelo mundo e até o seu próprio Ministério da Saúde pede para que a população fique em casa – seria uma jornada suicida por que já lhe faltam as esperanças para a própria cura de um mal maior? São obviamente, suposições! Mas, numa cena aterradora assistimos de fora um governante, literalmente, encarnando o Flautista de Hamelin, o qual procura conduzir inocentes crianças a cometerem um coletivo suicídio! Só para melhor ilustrar a comparação, o Flautista de Hamelin é uma metáfora da opressão e da liberdade. Uma lenda medieval que transcorre no século XIV sobre um de seus mais terríveis inimigos: a peste bubônica. Mostra o jogo fechado do poder, sempre voltado para suas lutas internas. Hamelin, na Alemanha, será arrasada pelos ratos e dela ninguém escapará, nem mesmo suas crianças conduzidas pelo flautista ao afogamento”.
Por que insiste o Capitão em fazer as pessoas a saírem de casa em plena pandemia, correndo todos os riscos de se contaminarem com o poderoso “inimigo” e, principalmente, sabendo das possiblidades de uma transmissão massiva das famílias e dos amigos? Vi e ouvi estarrecido, o “desabafo(?)” do presidente da república, num discurso rasteiro e populista em que se utilizava dos trabalhadores formais e informais – apontando-os como as maiores vítimas do… desemprego! Melhor morrer vitimados pelo vírus, – levando junto familiares e amigos – que morrer de fome pela falta de emprego, do feijão e do arroz em suas casas…! Grosseiramente, comparando, acho que ao ser infectado, o cidadão não terá como levar esses produtos de primeira necessidade para suas residências, não é mesmo?
Mas a cada dia que passa o Capitão se supera em sua capacidade de não conseguir articular uma frase de alento aos que precisam, nem consegue apresentar um plano, um projeto, uma proposta de solução dos problemas que afligem a nação! Para um cenário de pandemia já está descartado, então! A verdade é que o senhor Presidente ainda não conseguiu descer do palanque e já assumiu o cargo de mandatário da nação, fazendo campanha para 2022! As mazelas vão se avolumando a cada dia e os governantes que lhe antecederam – com exceção de Temer – são acusados de serem os responsáveis por ele não conseguir fazer o simples dever de casa! O feijão com arroz! O país desmoronando e ao invés de arregaçar as mangas para trabalhar e encontrar saídas, o presidente prefere repassar desculpas, acusações e com a única preocupação numa possível reeleição, esquece que tem um país para administrar e arrisca todas as fichas sem se importar com quem tenha que se arrebentar para que atinja os seus propósitos – até mesmo o povo, principal responsável por um, agora já duvidoso, retorno ao trono!
Ignorando completamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS, o presidente claramente faz uma campanha para que a população saia de casa e enfrente a ameaça! “É preciso que enfrentemos o coronavírus, com valentia, como homens”! Acho que o vírus não está muito interessado em fazer escolhas de quem é corajoso ou covarde para enfrenta-lo! Alguém precisa, nesse caso, avisar ao corona que deve infectar apenas os fracotes. O enfrentamento a pandemia é coisa para os mais fortes!
E se é dessa forma, então, aqui vai um veemente pedido aos nossos candidatos a heróis e ardorosos defensores do chamamento do Capitão: vão para as ruas! Enfrentem com toda a coragem e patriotismo essa “gripezinha” de nada e, se por acaso venham a ser acometidos pelo Covid-19, que tenham a hombridade de dispensarem a utilização de leitos que poderiam estar sendo ocupado por quem realmente precisa! Que dispensem os equipamentos (que serão insuficientes) para o atendimento aos que realmente venham a precisar!
Diante de tudo que já foi dito aqui, fica difícil não citar declarações do próprio Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que advertiu o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros durante reunião tensa neste sábado, 28, de que, se morrerem mil pessoas, será o correspondente à queda de quatro Boeings. E que logo em seguida, perguntou: “Estamos preparados para o pior cenário, com caminhões do Exército transportando corpos pelas ruas? Com transmissão ao vivo pela internet?”
Enquanto governantes, pelo mundo todo, estão fazendo o dever de casa, adotando todas as providências necessárias para o enfrentamento do problema – construindo hospitais, encontrando condições para manter os seus cidadãos em suas casas, devidamente protegidos, mais preocupados com a vida humana, que com economia – pois o ser humano é prioridade – Bolsonaro ignora os riscos e põe o cidadão na linha de frente (morrem uns milhares e depois a gente vê)! O bicho é voraz, então alimenta-se o monstro com “alguns” enquanto se encontra uma solução! Para melhor ilustrar, Mandetta fez um apelo para o presidente criar “um ambiente favorável” para um pacto entre União, Estados, municípios e setor privado para todos agirem em conjunto, unificar as regras e medidas e seguir sempre critérios científicos. Sugeriu, inclusive, a criação de uma central de equipamentos e pessoal, para possibilitar o remanejamento de leitos, respiradores e até médicos e enfermeiros de um Estado a outro, rapidamente, dependendo da demanda. Em seguida, quais as medidas imediatas a serem adotadas? Nenhuma! O presidente, rodeado dos seguidores de sempre, faz um desabafo nacional e não diz qual a parte que não entendeu do “FIQUE EM CASA” da OMS!
Quando o ministro também pediu ao presidente para não menosprezar a gravidade da situação nas suas manifestações públicas e, por exemplo, não insistir em ir a um metrô ou um ônibus em São Paulo, como chegou a aventar em entrevista coletiva. Mandetta deixou claro que, se o presidente fizesse isso, seria obrigado a criticá-lo. E Bolsonaro rebateu que, nesse caso, iria demiti-lo. Afinal, é ele o Presidente desse país e, portanto, pode tudo, não é mesmo? Errado: Alguém precisa avisar a esse senhor que, se ele pensa no afogamento coletivo dos incautos – a exemplo daquele flautista – não é bem assim! Existe um nome para isso: Democídio! E para esse tipo de crime existe um tribunal destinado a julgar a quem, investido do importante cargo a que ocupa, venha a pratica-lo!
Não tem como se entender diferente a atitude genocida do Capitão, após acompanhar a matéria publicada aqui no Polêmica Paraíba em que o ministro da Saúde faz declarações e alertas bastante claras de que o perigo existe e portanto, os riscos ficam por conta do governante ao ignora-los! Na coletiva, o ministro criticou as carreatas pela reabertura do comércio. Os atos foram defendidos por Bolsonaro, que chegou a compartilhar vídeos nas redes sociais. “Fazer movimento assimétrico de efeito manada… Daqui a duas semanas, três semanas, os que falam ‘vamos fazer carreata’, vão ser os mesmos que ficarão em casa. Mandetta deu um freio na versão de que a hidroxicloroquina é uma “panaceia” e vai curar a doença a curto prazo e defendeu a uniformização das medidas de isolamento, disse que alguns setores realmente precisam funcionar e que o vírus não apenas mata pessoas como afeta todo o sistema de um País.
Mas claro do que isso impossível! Bolsonaro não está desavisado dos riscos, tem total consciência do que está fazendo e dessa forma, assume, todas as consequências dos seus atos pelo que venha a se registrar daqui para frente, não é mesmo?
Fonte: Francisco Aírton
Créditos: Polêmica Paraíba