De repente os Estados Unidos passaram a ser exemplos de eficiência na luta contra a pandemia do coronavírus. As políticas de saúde pública adotadas naquela nação, desde o início deste ano, vêm apresentando resultados alentadores no que dizem respeito às estatísticas trágicas que vinham se verificando a partir da instalação da crise sanitária. Milagre? Não. Ocorreu que a população do país norte-americano decidiu rejeitar a onda oficial de negacionismo que o então chefe da nação estimulava. Resolveu, na eleição presidencial, substituir o ocupante da cadeira de chefe de estado.
O ex-presidente ignorava as dimensões alarmantes da pandemia, minimizando os efeitos danosos do vírus e se posicionando manifestamente contra as recomendações médico-científicas para evitar a disseminação do contágio, tais como o uso de máscaras e o distanciamento social. O país, por conta dessa postura do governo, assumiu a liderança mundial nos casos de infecção do novo coronavírus e de mortes causadas pela doença. O comportamento anti-ciência fazia com que passasse a recomendar terapias sem comprovação científica de eficácia no tratamento do covid (hidroxicloroquina ou injeção de desinfetantes para matar o vírus).
Decidiu afastar-se da OMS – Organização Mundial da Saúde, desdenhando das orientações emitidas por esse organismo internacional. Cortou verbas de saúde. Chegou a afirmar que o vírus era menos letal do que a gripe. Em suma, nunca teve qualquer preocupação em estabelecer um plano para proteger o país do vírus. Os Estados Unidos terminaram 2020 registrando números alarmantes de vitimados pela pandemia.
Ao sair do hospital onde recebeu tratamento da doença, postou no facebook: “Não tenham medo da Covid-19. Não a deixem dominar sua vida”. A declaração foi excluída com a mensagem de que se tratava de “informação enganosa e potencialmente nociva”. Esse anormal ceticismo sobre a gravidade da crise sanitária, contribuiu para que a ofensiva do coronavirus se intensificasse em todo o território norte-americano.
Sua postura teve, no entanto, um alto custo político. A população convencida de que tal situação não poderia ter continuidade, lhe impôs derrota nas urnas, elegendo alguém que pensava de forma contrária quanto à efetivação de políticas públicas de saúde voltadas para combater a pandemia.
Os três primeiros meses de gestão do presidente Biden já demonstram que chegou realmente para fazer a diferença. Vem aumento significativamente o ritmo de vacinação nos EUA, numa média de três milhões de injeções por dia, estabelecendo a meta de imunizar duzentas milhões de pessoas até o final de abril. Quando assumiu o governo, apenas oito por cento das pessoas acima de sessenta e cinco anos haviam recebido ao menos uma dose da vacina. Hoje este número está em mais de sessenta por cento.
Fácil compreender o que aconteceu lá. A ciência venceu o negacionismo e a mentira ideológica. Os norte-americanos entenderam que era preciso reagir contra os que se colocam negativamente diante das evidências científicas. Preferiram ter no comando dos destinos da nação um político que levasse o problema a sério e promovesse ações necessárias para conter o avanço da doença.
Enquanto isso, por aqui…
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão