opinião

O custo final da reforma da Previdência- Por Júnior Gurgel 

A Reforma da Previdência era para ter sido votada e aprovada até o recesso parlamentar da legislatura de 2018. Ex-presidente Michel Temer tinha negociado e pago por antecipação ao Congresso Nacional. Mas, após as eleições e vitória de Bolsonaro, a OCRIM “Centrão” viu ruir parte de sua estrutura com a derrota de velhos Caciques que compunham a Grande Nação “Baixo Clero” – Confraria que se divide de forma aparente em dezenas de legendas e em palanques opostos – porém se unem na hora de saquearem ou assaltarem os cofres públicos.

Bem que Michel Temer forçou a barra até seu ultimo dia de governo, pois tinha força sobre a quadrilha. Todavia, “manhosamente” o sicário exterminador dos sonhos brasileiros, Rodrigo Maia, aconselhou o imaturo e despreparado superministro Paulo Guedes, aguardar a nova legislatura que se instalaria em 02/02/2019. O argumento – para não por em votação – foi o risco de uma derrota em plenário da proposta de Temer, com a abstenção dos parlamentares que foram derrotados. Só cai neste golpe, quem desconhece por completo o mundo político, em particular o Congresso Nacional. O momento era mais que oportuno, pois quem estava sendo “despejado” pelo voto popular, aceitaria qualquer adjutório para recomeçar a vida. Principalmente como adidos nas Embaixadas, Membros dos Conselhos das Estatais; Cargos Comissionados no Parlamento… Infelizmente a ocasião “custo zero”, foi desperdiçada.

Rodrigo Maia não tinha votos suficientes para ser reconduzido à presidência da câmara. Muitos novatos – ou herdeiros dos assentos – não o conhecia e esperavam um nome indicado pelo Palácio do Planalto. O presidente Bolsonaro conhecia o “campo” e “jogo”, fato que nos deixa perplexo pela sua inapetência em não ter participado da partida: escolha da mesa diretora, sabendo do imensurável poder de barganha que tem o parlamento sobre o Poder Executivo. Ignorando o caráter pusilânime da maioria dos Congressistas, o neófito Paulo Guedes, em nome do “Carioquismo” criou seu Frankstein (Rodrigo Maia) a quem conferiu poderes para articular sua permanência na Presidência da Câmara e catapultar Alcolumbre. Por que Bolsonaro em pessoa não trabalhou a eleição de Álvaro Dias? Justamente quem mais o ajudou (indiretamente) nos debates da campanha (2018) na TV, enfrentando e desmoralizando o PT.

Para aprovar a Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia cobrou liberação de todas as emendas (restos a pagar) governo anterior, o controle do COAF – instrumento que hoje permite chantagear seus pares – tirando-o das mãos do Ministro Sérgio Moro, indo para o Banco Central com poderes divididos. O sigilo, quem gerencia é um indicado de Rodrigo Maia. Exigiu a demissão do Secretario da Receita Federal, que estava investigando parlamentares e ministros do STF, indicando uma pessoa de sua confiança.

O Centrão também ocupou a presidência do FNDE, Banco do MEC, determinando a exoneração do nome escolhido por Paulo Guedes e Bolsonaro. FNDE é o único Banco Autárquico que não é fiscalizado pelo BANCEN e opera uma montanha incalculável de dinheiro. Nomearam um Assessor Parlamentar do Centrão (?) que só conhece Banco pelo nome. Inúmeros outros cargos do terceiro escalão, por onde flui o desembolso do Orçamento Geral da União foram indicados por Maia. Ficou melhor que antes: trocaram o “varejo”, pelo sedutor “atacado”.

David Alcolumbre observando os “ganhos” de Rodrigo Maia partiu também para chantagem. Só vota o segundo turno da Reforma da Previdência, se o governo liberar 30% do leilão da cessão onerosa do Pré-Sal, estimada em 106 bilhões. O projeto teve que ir a Câmara, que num único dia aprovou o pleito do Senado e decidiu que dos 30% (31 bilhões), 15% serão destinados para Estados e os outros 15% para Municípios, dando prioridade ao Nordeste com parcelas maiores. O projeto está de volta ao Senado, onde Alcolumbre quer alterar: 10% para estados, 10% para municípios e 10% para famigeradas “emendas parlamentares”. Se o governo federal conseguisse ficar com o dinheiro que é todo seu, iríamos zerar o déficit púbico este ano. Alcolumbre ainda quer mais: relação de cargos para indicar pessoas de seu time e de sua confiança.

Quanto finalmente vai custar a Reforma da Previdência ao Brasil? Talvez o mesmo valor, que teoricamente iria economizar. E quantas vezes o povo terá que pagá-la? Muitos já arcam com o ônus antecipado de jamais se aposentarem. Para o governo e Paulo Guedes foi uma vitoria de Pirrica*.

*Vitória Pirrica – Pirro, Rei de Épiro, ousado guerreiro que resolveu no ano 279 a.c enfrentar os Romanos na Batalha de Ásculo. Perdeu metade de seu Exército. Ao parabeniza-lo seus Generais ouviram como resposta: “outra vitória desta, estarei arruinado”. O que de fato aconteceu no segundo embate, onde suas tropas desertaram e ele voltou a Épiro, perdendo também o seu Reino.

Fonte: Júnior Gurgel 
Créditos: Júnior Gurgel