“Hospital de Campanha em BH está fechado há cerca de um mês e meio, enquanto MG sofre com a falta de leitos no interior”. São muitos os casos parecidos que acabam se registrando pelo Brasil, seja no equipamento pronto e sem qualquer utilização, ou alas inteiras de hospitais, desocupadas com leitos prontos e totalmente fechadas. No entanto, a contratação de profissionais pode ser a maior dificuldade para equipamentos como o hospital provisório, para funcionar, segundo especialistas. Pelo menos até enquanto escrevia esse artigo, o Hospital de Campanha, anunciado pelo governador Romeu Zema, do (Novo), ainda estava de portas fechadas. A estrutura, montada com 740 leitos de enfermaria e 28 de estabilização, está pronta desde o final de abril. A Secretaria de Estado de Saúde disse que ainda não foi, até aquele momento, necessário ativar a estrutura, mas admite que algumas regiões mineiras já estão enfrentando esgotamento de leitos.
Na maioria dos casos registrados pelo país, (o que, não necessariamente, significa ser o caso de Minas) a irresponsabilidade da maioria dos políticos é, sem dúvidas, de se espantar! Independentemente de qualquer justificativa que possa ser dada pelo governo mineiro, o hospital existe, mas, até então não teve qualquer utilidade no tocante ao socorro às vítimas, principalmente aquelas que não conseguem respirar, situação em que muitas, acabam morrendo sem ter tido uma chance sequer para um possível salvamento.
Infelizmente o caso de Minas Gerais é apenas mais um, em meio a pandemia que draga milhares de vítimas a cada minuto no Brasil. No Rio de Janeiro, chamou a atenção a situação da suspensão de 3 dos quatro hospitais de campanha que deveriam ser construídos, mas que acabaram sendo cancelados em virtude de problemas com a empresa responsável pela construção dos equipamentos. Enquanto a Covid-19 matava milhares de pessoas e corpos eram sepultados em cemitérios improvisados, autoridades políticas e de saúde, ofereciam justificativas inconcebíveis após a desistência das construções, momento em que uma parcela do dinheiro a ser investido nos equipamentos já teria sido entregue. Ao ser cobrado por respostas pelas desistências, o secretário de saúde, à época, justificou não haver problema em suspender o empreendimento, “pois a maior parte restante do dinheiro não havia sido repassada a empresa construtora”! Dessa forma não haveria prejuízo algum ao Estado! Pronto. Então estaria tudo certo! E daí? Quem é que estava interessado em saber se vidas estavam sendo ceifadas naquele momento? Eram apenas prejuízos humanos! E dessa forma, pessoas iam morrendo enquanto famílias choravam os seus mortos, sem sequer poderem velar ou se despedir dos seus entes queridos! O trato com a vida humana era, naquele momento e agora também, o retrato do desprezo dispensado por muitos governantes espalhados por esse país a fora!
Bem no início da pandemia, ainda era possível se ouvir a justificativa de que “ninguém sabia que seria assim, tão devastadora”. Que o mundo ainda estava tentando entender o que estava acontecendo… Mas e depois de passado o impacto? As justificativas continuarão a serem empurradas goela abaixo e que se dane o povo! Os casos nos chegam com tanta velocidade (entre contaminados e mortos) que nem dá tempo de saber se foi o Francisco, a Maria ou sabe-se lá, quem? As pessoas, as vítimas, acabam chegando ao noticiário de plantão e aos governantes, apenas como meras estatísticas! São apenas números!
No entanto, não seria justo da minha parte, condenar apenas e tão somente, a classe política pelo pandemônio que ora estamos vivendo. A maioria da população é, também, responsável ao ponto de contribuir com o aumento do número de mortes e de contaminações, pois irresponsavelmente, a maioria, ignora os apelos de autoridades – aquelas mais conscientes e comprometidas – e as determinações da OMS – Organização Mundial de Saúde para que as pessoas fiquem em suas casas e que esperem a tormenta passar! Numa ignorância insana, a maioria parece não estar muito preocupada com tantas mortes. Simplesmente não acredita! Mas o governo federal – na pessoa do seu chefe maior o qual poderia salvar milhares de vidas, – infelizmente não parece muito estar a fim de salvar ninguém!
A certeza que temos, diante de tudo isso, é que muitos dos nossos representantes políticos – talvez a maioria ainda repleta de corruptos e aproveitadores da boa-fé – escondem-se atrás da máscara de benfeitor, para poder, assim, agir em benefício próprio! Enquanto a população é dizimada por uma doença letal, maus gestores seguem procurando tirar proveito da situação para se dar bem, superfaturando a compra de equipamentos que sequer chegam ao seu destino. A construção de hospitais que já deveriam estar prontos e acolhendo os cidadãos que pagam seus impostos, acaba interrompida no meio do caminho e o desvio desmedido do dinheiro público acaba sendo a rota mais segura para possíveis lavagens de dinheiro que só irá beneficiar mesmo, verdadeiras quadrilhas montadas em meio a credulidade de algumas autoridades enganadas e aquelas coniventes e preocupadas apenas em se dar bem em meio ao caos estabelecido!
A propósito do Hospital de Campanha de Belo Horizonte, pronto, mas fechado desde o final de abril, teve uma justificativa apresentada a quem mais interessa o seu funcionamento. O governo mineiro afirmou que a Polícia Militar, responsável junto com o Corpo de Bombeiros pela construção da estrutura, é quem fará a contratação de equipes para fazer o hospital funcionar. Questionada, a corporação disse apenas que estava em processo de seleção.
No geral, as justificativas dos responsáveis – que não se restringe apenas a Minas Gerais – de que tem a estrutura física, mas falta o material humano, apenas deixa espaço para muitas indagações sobre o que acontece com tantos profissionais (tantos médicos com suas especialidades, enfermeiros e demais profissionais da área)! Afinal, onde estão? E que falta nos faz agora, o programa Mais Médicos em sua composição original, que tanto contribuiu com a saúde no Brasil – principalmente nas áreas mais negligenciadas – e que acabou extinto pelo governo atual!
Eu confesso que tentei fazer um comentário aqui sem ter de citar o Governo Federal, mas foi difícil. Como analisar um desastre descomunal como a pandemia do coronavírus, sem mencionar o desdém do presidente Jair Bolsonaro? Impossível! Se tivéssemos um governante sensato, quantas vidas não poderiam ter sido poupadas? Mas o que esperar de um governante que até esse momento, só procurou minimizar a crise, negligenciando a vida humana e, quando achávamos não ter ele, mais como contribuir para com o estado de calamidade pública em que o país está mergulhado, eis que Bolsonaro nos surpreende mandando os seguidores invadirem leitos de hospitais para fotografar pacientes e profissionais, num total desrespeito ao ser humano já tão sacrificado e abandonado por quem tem a obrigação e o dever de cuidar! O país começa a se mostrar cansado por todo o desrespeito dispensado as famílias já tão desesperadas e ao profissional já exaurido em suas forças pela luta desigual, sem equipamento adequado, exposto ao contágio (mais mesmo assim, firme), com muitos perdendo a batalha e totalmente abandonados pelos governantes!
Então, não se justifica um governador, um Presidente da República, um prefeito ou um secretário ou ministro da saúde, dizer que determinado hospital está pronto mais que ainda não pode ser utilizado, que se equivocou ao contratar a compra do material ou a construção de equipamentos, mas que, mesmo assim, não teria havido prejuízos financeiros para o estado! E quanto as vidas humanas, não importam? Mas o mundo está acordando e já começa a cobrar responsabilidades pelo estrago. O gestor negligente e que, de uma forma ou de outra, possa vir a ser responsabilizado pelas mortes que não param de se registrar, este terá que responder criminalmente! A Itália já começou a cobrar responsabilidades! Chegará a hora em que o Brasil, também, acordará e aí, sim, saberá cobrar!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Francisco Airton