Nós e os bichos - Por Ronaldinho Cunha lima

A exposição desmedida nas redes sociais, onde não existe dissabores ou tristeza, ao contrário do que muitos dizem, é um comportamento absolutamente normal.
Na natureza o que se vê são animais eriçando os pelos, inflando os pescoços, executando danças elaboradas e assobios sedutores. Nenhum bicho quer parecer menor do que é ou mais feio.

No reino animal prosperam os mais fortes, saudáveis e vistosos. Vejam a ave-do-paraíso.
Eu, remando contra a maré, não raro quero gritar pedindo “socorro”, quero falar dos meus defeitos, quero rasgar meu coração, mas logo sou desaconselhado: “as pessoas vão ver fraqueza e não virtude em seu gesto, Ronaldo. E com qual objetivo você vai abrir suas entranhas?” Perguntam.

Minha motivação é egoísta. Dividindo as agruras e aflições faço a dor se dissipar.
Minha motivação é altruísta. Sei que do outro lado há uma enormidade de pessoas que como eu, sofrem.

A dor faz parte do itinerário humano. Por que escondê-la? A resposta é simples. Ninguém quer parecer menor, menos habilitado ou feio. É natural que seja assim. Os bichos agem assim. Mas eu não sou um bicho. Em mim habita um espírito, uma centelha divina, o mistério da vida. Não quero parecer maior ou mais bonito, apenas quero ser quem eu sou; sem maquiagem ou truques. Assim eu sou mais feliz.
E você, quer gritar? Grite , que eu vou te escutar!