“Desde a proclamação da República Brasileira, seguindo-se a promulgação da constituição de 1891, o Brasil adotou um modelo presidencialista de democracia representativa por meio de sufrágio direto, embora as eleições que ocorreram sob esta Carta tivessem baixa participação popular, restrições grandes quanto ao eleitorado e apresentassem um alto número de fraudes e manipulações relacionadas à prática do coronelismo. O panorama foi alterado com a Carta de 1946 — uma vez que a de 1934 não contemplou eleições presidenciais senão a primeira, de caráter excepcional, e a de 1937 previa eleições que nunca se concretizaram —, que ampliou o eleitorado e instituiu o voto secreto”.
O povo realmente não sabe votar ou é a humanidade que não presta mesmo? Não é possível, minha gente! O brasileiro vota desde 1891, São quase 130 anos de escolha direta (com algumas pequenas interrupções como foi a vergonha dos 21 anos de ditadura). Aliás, e a propósito desses 21 anos de chumbo, isso, também, deveria ter servido como aprendizado, mas a humanidade realmente parece que não aprendeu nada! O eleitor continua fazendo suas escolhas equivocadas e, como não poderia ser diferente, é desse mesmo eleitorado que continuam brotando políticos corruptos, ignorantes (pois para alguns, que por serem completamente analfabetos ou por absoluta falta de competência ou coragem para produzir, só lhes sobraram loterias para uma candidatura política), representantes de organizações criminosas (colocados ali a dedo), ou, ainda, empresários claramente interessados em fazer multiplicar – as nossas custas -, o seu já fabuloso patrimônio!
Um cenário, sem dúvidas, nada promissor ou alentador para quem, ainda, alimenta alguma esperança de que esse quadro pode mudar algum dia! É claro que mesmo assim pode existir esperança, pois essa é apenas uma opinião bem particular. Afinal, nos lembra bem a filosofia que, quando o homem perder a sua capacidade de acreditar, aí não existirá mais qualquer motivação para se continuar! E dessa forma continuamos acreditando.
Apesar de parecer estar sendo um tanto quanto negativo, prefiro continuar reclamando e denunciando esse cenário, ao mesmo tempo que – apesar de desenhar esse cenário nebuloso – firmo a minha crença numa democracia plena e por isso continuo insistindo em votar para escolher aquele que acredito ser o melhor para me representar numa eleição, seja federal, estadual ou municipal!
A propósito, no próximo dia 15 de novembro (excepcionalmente, por conta da crise do coronavírus), o Brasil deverá ir às urnas para escolher os novos administradores dos seus respectivos municípios (prefeito e vice-prefeito), em primeiro e segundo turnos nas cidades com um número de eleitores acima dos 200 mil, bem como suas câmaras municipais (vereadores), oportunidade em que (mais uma vez) poderá experimentar dolorosas decepções, ou não, por suas escolhas! No entanto, faz-se necessário comparecer e escolher um legítimo representante, pois só assim haverá, também, legitimidade nas cobranças ou destituições futuras!
Talvez o que esteja sendo dito aqui e tudo o mais que ainda iremos discorrer nessa conversa em tom de desabafo, possa soar muito clichê, mas, também, é algo que precisa ser repetido à exaustão para que fique cada vez mais claro o real objetivo de se sair de casa para indicar os possíveis melhores na opinião de cada um (e espero de uma maioria consciente). Uma eleição, seja em qualquer nível, jamais deveria ser encarada como algo comum, cujo o objetivo primordial é de apenas dar um emprego a alguém. Alguém cujo o projeto de uma ocupação tenha sido frustrado por algum motivo qualquer! Uma eleição não tem a mera finalidade de se escolher um líder, um administrador com plenos poderes para tomar decisões como se fosse senhor absoluto e ainda por cima sendo bem remunerado para tal!
É bom sempre se ter a consciência que o “senhor” nessa história toda, sempre foi o eleitor e nunca o político! Infelizmente é sempre aí que acabam se invertendo os papéis. As pessoas, em sua maioria, acabam se esquecendo desse poder que lhes é nato, transformando-as, cada vez mais, em criaturas submissas e prontamente serviçais! Para que essa altivez aqui reclamada possa, por fim, ser exercitada, faz-se primordial a livre escolha de representantes, sem que necessariamente tenha que se fazer trocas de favores ou negociações comerciais escusas, onde um candidato compra inescrupulosamente um eleitor por uma mísera saca de cimento, meio milheiro de tijolo, um par de óculos de gral ou uma dentadura escolhida aleatoriamente em meio a tantas dentro de um balaio! É muito triste isso! E é dessa forma, triste e indignado, que retorno ao início desse artigo. Essa exploração não acontece apenas nos dias atuais (ou mesmo dentro desse período de quase 130 anos). A compra da dignidade de pessoas por quinquilharias se dá desde a descoberta deste imenso país/continente! Quando aqui chegaram os descobridores e os exploradores, mercadores e bandidos de toda espécie, os primeiros habitantes por aqui, trocavam o nosso ouro por pentes, missangas e espelhinhos, ou até mesmo belas filhas e outros parentes! E nunca foi diferente nesses 520 anos. As pessoas continuam se vendendo e vendendo vergonhosamente os seus, por quinquilharias e desta vez se deixando explorar – não mais por estrangeiros – e sim por exploradores escolhidos de dentro das suas próprias “aldeias”, e agora por um pacote de arroz ou por uma possibilidade de apenas poder comer!
É bastante comum ao eleitor de classes menos favorecidas – tanto socialmente e financeiramente -, escolher o seu candidato pela roupa que veste, se é “doutor” ou empresário de sucesso ou pelo menos com dinheiro (e aí será sempre chamado de “doutor” independentemente se o dito cujo cursou uma faculdade ou tem pelo menos o fundamental, não importa)! É esse o perfil do eleitor que acaba viciando uma categoria de político aproveitador e até mesmo ladrão! E novamente eu reforço, que da mesma forma que existe o mal político, o corrupto, existe o eleitor venal que pouco interessado está, se o benefício a ser aplicado é coletivo ou vai apenas beneficiar a si próprio! E é por culpa desse Zé Povinho, mas ao mesmo tempo, espertalhão, que o país acaba sempre em maus lençóis. Cada vez mais tenho a convicção de que são as escolhas que acabam moldando o cidadão!
Independente se ter de escolher votar na esquerda ou na direita – como se fez a vida inteira – sempre fazendo reverência ao novo líder escolhido, é preciso fazer entender, de uma vez por todas, que, o candidato escolhido e que agora posa de rei diante do povo que o escolheu, não passa de um mero, mas, bem remunerado, funcionário desse mesmo povo! Qual a dificuldade de se entender isso? Os papéis sempre estiveram trocados minha gente! Desta forma fica cada vez mais patente que não existe qualquer dúvida de que, um povo sofrido e espezinhado, é fruto de suas próprias escolhas! Por tanto, abram bem as suas mentes e entendam de uma vez que, não faz favor algum, o político que resolve construir a praça ou hospital. Pelo contrário! Deixou de construir ou de cumprir o que foi prometido, o que é a sua obrigação, que seja destituído do cargo para o qual foi eleito, seja prefeito, presidente, governador ou vereador. Fora!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba