MARANHÃO SURPREENDE PELA AGILIDADE, PULA A CERCA DE VOLTA E DEIXA RICARDO COUTINHO ISOLADO NOVAMENTE EM SUA TENTATIVA DE TOMAR O PMDB
Por que Zé Maranhão consegue causar tanto reboliço na política paraibana, aos 84 anos de idade, enquanto os demais líderes estaduais têm em média 30 anos a menos ?
ZÉ nunca fala sobre seu tempo de uso, mas deixa que amigos e correligionários cravem os 84 como quem mostra a saúde física e mental em contraponto à idade oficial, talvez pelo fato de esconder também um segredo cartorial deixado pelo velho Benjamim Gomes Maranhão, que em 1954, admirando a precocidade do filho varão, queria elegê-lo deputado estadual pelo PTB, o partido dos trabalhadores da época, sem que tivesse a idade exigida de 21 anos.
A partir dessa engendrada alteração de registro, promovida por um pai que devotava admiração pela juventude madura do filho, Zé fez carreira : 4 vezes deputado estadual; secretário de estado da agricultura; 3 vezes deputado federal; vice-governador de Mariz; dois mandatos e meio como governador e duas vezes senador, e um período de hibernação como cassado e vítima do regime militar.
Mas os problemas do registro e da hibernação trouxeram outros para Zé : o do tempo em que ficou impossibilitado de exercer a vida política , quebrando aquele projeto elaborado pelo pai, e o da idade irreal, o tempo de uso que não usou. Ou seja : como não tem efetivamente 84 anos e poderia ter exercido mais a atividade fim , a escolhida como projeto de vida pública, ele quer agora os descontos, valendo-se das pernas e da saúde , compatíveis com a vitalidade ( e velocidade ) dos eventuais concorrentes. Se os presumíveis competidores tiverem uma idade certa, Zé não, tem menos – e mais experiência útil .
É por isso que Maranhão está revirando todo o processo político do ano pré-eleitoral, atraindo interesses, apoios e manifestações, nenhuma depreciativa quanto à qualidade de seus mandatos e a honestidade de sua conduta pessoal, elementos que fazem dele, na atual conjuntura brasileira e ante a revolta coletiva, um político permeável a todas as gerações de eleitores.
Até mesmo Ricardo Coutinho, o rei dos reis no império das vaidades e nos tronos das megalomanias, descobrindo que seu reinado chega ao ocaso e a solidão é sua única e última companheira inseparável, recorre a Zé, a fim de salvar da devassa uma gestão marcada pelo fracasso, pela perseguição aos administrados e pela violação a direitos individuais e coletivos, pela falta de transparência e intolerância à crítica, e submissão abusiva de outros poderes institucionais.
Vendo Zé se afastando da coalizão política que pôs à pique o seu ambicioso projeto de continuísmo politico à custa do Erário combalido do Estado faltoso com a educação, saúde e segurança pública, purgando os piores índices nacionais dessas áreas vitais, cuja economia está morrendo por causa do mais perverso arrocho fiscal de todos os tempos , RC resolveu fazer afagos a quem por duas vezes lhe ajudou em eleições passadas mas foi friamente traído.
O primeiro objetivo do afago seria tentar minar a oposição, afastando definitivamente Zé Maranhão de lá, vez que a união das oposições é, matematicamente, um tiro de misericórdia nas pretenções de RC, que deseja vencer todos os maiorais que lhe fizeram também maioral, para que não tenha de conviver com um fantasma que lhe persegue, a ingratidão, e nem possa ser vencido por quem já venceu, e nem tenha de entregar as chaves do inquilinato que usa como capitania dada pelos deuses.
Escabreado como os ovinos serranos de Araruna, Zé deu passos adiante, querendo ler as intenções de RC, vez que ele para não perder de tudo precisava de um candidato que não sobrou entre os líderes a seu lado (todos foram vítimas de maus-tratos, deslealdades , ingratidões e frieza polar congênita, e correram ). Quem sabe – pensou Zé – ele vote em mim agora, ao menos por precisão.
Não demorou muito, assustados com a repercussão positiva que causou no estado a candidatura de Zé com o hipotético apoio de RC e seus aliados, o PSB puxou o tapete, pois o nome de Maranhão estava acabando de matar o de João Azevedo e o projeto hegemônico do mundo girassol, uma ilha de fantasias dominada por animais sem cabeça.
Deflagrou-se cedo uma operação governamental para frear a candidatura de Zé Maranhão, chefiado pelo próprio governador, direcionada a resgatar João Azevedo da primeira pancada de ventos fortes, agora com o objetivo de tomar de assalto o PMDB e golpear Maranhão, ferindo as oposições de forma transversa. Zé fez de conta que não entendia e convidou todo mundo para seu aniversário, só para medir se as conversas que vem tendo com os demais líderes do estado podem ter demonstração de sinceridade em público, sem escondidinhos. Todos foram tirar retratos com Zé, menos RC.
Está demasiadamente claro : as oposições podem ter mais de um candidato a governador em 2018, se isso for objeto de uma estratégia refinada, elaborada em laboratório central, mas os maiores líderes desse segmento político são convergentes e sabem que a união é o elixir da vitória. RC tem que deixar de ser RC para seduzir algum deles, e esse milagre não parece ser possível.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: gilvan freire