A mídia nacional, em sua grande maioria, principalmente dos grandes veículos de comunicação, está praticando o ativismo político no exercício de sua missão jornalística. É a chamada “mídia sob demanda”, ela atua conforme os interesses ideológicos e partidários dos patrões. Que, por sua vez, estão engajados num movimento comprometido com o sistema econômico-político vigente.
Tudo o que é veiculado passa por um rigoroso controle dos editorialistas, de forma a garantir mensagens que possam influenciar a opinião pública. A ferramenta da informação sendo utilizada para favorecer ou contrariar valores, pessoas, instituições, grupos, partidos, governos ou ideologias, na conformidade das determinações recebidas. A hierarquia na ordem do processo de produção, criação e controle da notícia não pode, sob pena de sanção nas relações trabalhistas, ser desobedecida.
O que me surpreende é ver profissionais da imprensa de reconhecida capacidade intelectual admitirem submissão a essa imposição, maculando sua imagem e credibilidade, enquanto cumpridores das vontades políticas dos seus chefes. A ética é uma regra jogada no lixo. O compromisso com a verdade deixa de ser o elemento definidor da formatação da notícia. São jornalistas que se tornam reféns da desinformação, porque se mostram incapazes de negar obediência aos interesses econômicos ou políticos dos seus patrões. Vendem, portanto, seu trabalho e seu talento, ainda que em divergência de seus próprios conceitos.
Segundo o Dicionário Houaiss, ativismo é “a propaganda a serviço de uma doutrina ideológica, partidária, sindical, etc.”. É exatamente isso que estamos percebendo no jornalismo nacional atual. Muitos dos jornalistas estão usando do prejulgamento e das adjetivações para, desprezando os princípios da isenção e do equilíbrio que deveriam nortear suas atividades profissionais, exercerem o papel de propagadores de idéias e narrativas que objetivem criar opiniões adequadas aos propósitos dos poderosos que lhes passam as ordens.
A conclusão lamentável a que podemos chegar é que estamos diante do que se pode chamar de “baixaria editorial”. A “mídia cidadã” desapareceu.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba