MARANHÃO NÃO SABE O QUE FAZER DE SUA CANDIDATURA. O ELEITOR TAMBÉM NÃO SABE. MAS ELA TEM VÁRIOS SIGNIFICADOS E INTERESSES OCULTOS
Por Gilvan Freire
De todos os pré-candidatos cogitados, Zé Maranhão foi o primeiro a assumir deliberadamente a sua candidatura, mesmo que parecesse ter compromisso prévio com a candidatura de Cartaxo, em razão de acordos celebrados desde as eleições municipais de 2016.
De fato, quando Luciano se reelegeu prefeito da Capital, o PMDB havia retirado seu candidato e o oferecido como vice da chapa vencedora, cujo objetivo mais lógico seria ganhar a prefeitura em caso de Cartaxo renunciar ao cargo para candidatar-se a governador. Exatamente agora, em 2018.
Pareceria um compromisso prévio, um projeto casado, desses que os políticos fazem durante o dia e desmancham durante uma noite sem vigília e, às vezes, ao menor sinal de mudança no tempo ou no estado de humor dos líderes .
Na política, os acordos nunca são escritos, daí porque quase nunca são cumpridos, e quando o eleitor ver que os líderes celebraram um grande acordo e o submetem ao aval público, já sabem que aquilo não dura duas eleições seguidas. Se não for assim, a política perde a graça. Ou o gracejo.
Mas a surpreendente e renitente atitude de Maranhão em lançar-se candidato sem precisão (seu mandato no Senado termina no longíquo 2022), furando o que teria sido o pacto de 2016, celebrado com a sua reaproximação com Cássio, tem vários significados e contempla muitos interesses,alguns deles não ao alcance dos eleitores, os últimos a saberem das intenções dos políticos.
A candidatura de Zé interessa a ele mesmo e suas naturais ambições de agente político obstinado, detentor de uma imagem moralmente sólida, em tempos bicudos, e de influência ainda ponderável perante alguns setores do eleitorado estadual, especialmente no segmento peemedebista. Nesse sentido, ele tenta salvar um partido que está dominado por Cartaxo e RC, este com fatia superior à fração do próprio Zé, mas que ainda deseja dominar o resto.
Outro significado da candidatura de Maranhão é gerar, obrigatoriamente, um segundo turno nas eleições de 2018,
situação em que ele, na pior das hipóteses, pode decidir os destinos de outras candidaturas. Passa a ser trunfo, se não for ele próprio um dos premiados, como passa pela sua mente.
Neste instante, porém, pessoas ligados ao próprio Maranhão, viúvas descompensadas de seus últimos governos, saudosistas do prestígio que tiveram e da má orientação que deram nas campanhas perdidas, procuram aproximação com RC, sob o argumento de que João Azevedo não decola e ele precisa de rotas de fuga para salvar a própria pele com um candidato alternativo. O Leão rosna que assusta, faz de conta que não ouve, mas ouve.
Não se pode desconsiderar a possibilidade de a candidatura de Maranhão, submetida a todas essas pressões e interesses, enfrentar graves resistências dentro do próprio PMDB e afundar antes do tempo. Ou ser esmagada pela bipolaridade aguda que vai prevalecer entre a candidatura de Luciano e a da João Azevedo, virando catolé entre pedras.
Mas, em qualquer situação, RC não deseja a retirada da
candidatura de Zé : ela divide as oposições e garante o segundo turno. E, se a justiça eleitoral deixar o Mago trabalhar, o governo trabalhará a eleição, tanto como fez antes.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: gilvan freire