E continua jorrando óleo (sabe lá, Deus, de onde) para as praias do Nordeste. O Governo insiste em afirmar que o petróleo é da Venezuela (uma informação totalmente irrelevante e absolutamente descartável, de uma vez que o que precisamos mesmo é de uma solução e não de possibilidades ou acho que deva ser). E esse é mais um crime ambiental praticado debaixo do nariz obstruído do governo que demorou para reagir – e quando o fez brindou o Brasil perplexo, com essa pérola como primeira medida – o que nos leva a crer que talvez falte a competência necessária para que este encontre uma solução para o problema. Urgência para que? A verdade é que já se passaram mais de 60 (sessenta) dias e até agora nada! Seria, essa letargia, algo proposital? Não podemos saber. Seria mesquinho demais! Mas dessa cúpula podemos esperar tudo. Inclusive, cruzar os braços para retaliar a “rebeldia nordestina”, ou limitar-se apenas a empurrar o problema com a barriga e apontar o dedo para acusar alguém!
Mas, por fim, o presidente Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 31, que está cada vez mais difícil de se descobrir a origem do óleo que atingiu as praias do Nordeste. Ou seja: vamos continuar lambuzados e totalmente ás escuras e correndo perigo de vida! Segundo o Ibama, até a última quarta-feira, dia 30 de outubro, 283 localidades de 98 municípios de todos os Estados nordestinos foram atingidas pelo óleo.
É bem mais cômodo para o Governo Federal promover a chamada “caça ás bruxas” e leva-las para a fogueira, que mostrar empenho e resolver a situação. Foi assim com a Amazônia em chamas – quando Bolsonaro acusou ONGS insatisfeitas com o corte de verbas (segundo ele), de atearem fogo em nossas florestas, por pura vingança! Foi mais fácil acusar os índios pelo desmatamento e pela vontade (deles) de morrerem pelas mãos de grileiros e posseiros, cada vez mais instigados pela própria mensagem violenta do Governo que a cada dia que passa incentiva mais e mais a prática violenta como enfrentamentos no campo e nas cidades! Aliás, armar a população, tornou-se uma obsessão do Presidente da República, para o deleite dos seus seguidores que o elegeram já se imaginando armando trincheiras, comprando armamento pesado e sacas e mais sacas de balas pelas ruas de um país que só retrocede a cada dia para chegar aos 50 (cinquenta) anos de atraso, desejados pelo chefe!
Enquanto a fauna e a flora marinhas e os pobres mortais, agonizam pelas praias, banhados pelo petróleo misterioso, o Capitão prefere fazer uma tournée pelo exterior (já retornou) totalmente indiferente ao que possa estar ocorrendo com o país! Quando resolve dar uma satisfação a alguns profissionais de imprensa – e somente quando está com vontade de fazê-lo – o presidente diz alguns impropérios aos jornalistas de estimação e, quando se sente pressionado por algum que lhe pareça mais corajoso, retira-se, mal educadamente deixando-os pendurados no fio do microfone! Mas, sem problemas, pois parece que alguns profissionais, até, se sentem melhor transformados em pequenos tapetes para que a comitiva possa passar tranquilamente!
Mas ofensas à parte, o Brasil continua sofrendo pelos descasos e o Nordeste, em particular, segue na agonia do enfrentamento à catástrofe, se virando como pode sem sequer poder contar com qualquer ajuda governamental! O problema tem se apresentado mais complicado do que o que parece, mas sem, contudo, atrair a sensibilidade das autoridades. Coube, mais uma vez, a população arregaçar as mangas e meter a mão, a cara e o corpo inteiro, no óleo, sem se preocupar com as consequências que já começaram a surgir com a inevitável contaminação!
“Foram pelo menos 17 voluntários que entraram em contato com óleo admitidos em um hospital no Litoral Sul de Pernambuco. Os pacientes tinham sintomas como vômito, enjoo e erupções na pele”. A volatilidade do material aumenta o risco de contaminação e por isso, para a especialista, luvas e galochas não são suficientes para a proteção de voluntários.
“Ninguém sabe a origem ainda. Diminuiu bastante possibilidade de se encontrar e ter um responsável. Não temos nada de concreto. De modo que nada podemos anunciar”, afirmou, na saída do Palácio do Planalto. “Os órgãos do governo estão empenhados. Talvez semana que vem consiga tempo para sobrevoar a região.” Foi assim com as denúncias e protestos pelo desmatamento desenfreado. Foi assim com as queimadas que continuam assustando o mundo e será sempre assim – postergar e esperar que a mídia dê um tempo! Mas é inegável que nesse governo, o choque e as informações desencontradas, sejam à tônica! Enquanto o presidente dava declarações de que não sabia de nada, que não havia nada de concreto e até, que está difícil encontrar os responsáveis, o Vice-Presidente, Hamilton Mourão, disse que havia “uma boa chance” de se anunciar o desfecho da investigação ainda nesta semana. Mourão exerceu até a última quarta-feira, 30, a Presidência, durante a viagem de Bolsonaro à Ásia e ao Oriente Médio.
Mas enquanto não se encontra a solução definitiva, as manchetes pelo Brasil e exterior, seguem as mais dramáticas: “Menino coberto de óleo é a imagem da tragédia no litoral do Nordeste”. “Everton Miguel dos Anjos, de 13 anos, junto com os quatro irmãos e vários primos se somaram às centenas de voluntários que retiravam os resíduos de petróleo cru espalhados na areia ou incrustados nas pedras. Entrou no mar com uma camiseta, mas a tirou quando viu o corpo enegrecido. Improvisou uma túnica com um saco de lixo e voltou para a água”. Após a foto do menino coberto por petróleo circular o mundo, especialistas alertam para o risco de intoxicação. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Química de Pernambuco, Sheylane Luz, substâncias presentes no petróleo cru estão entre os compostos mais tóxicos do óleo.
Fica realmente difícil falar bem das ações (ou falta delas) do Governo Federal no tocante as catástrofes que castigam o país! Não se sente, nem por um momento, interesse governamental em realmente querer resolver as situações e sim apenas apontar o indicador para o provável inimigo político mais próximo e acusa-lo irresponsavelmente de ser o praticante do crime! Agora a pouco o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusava o Greenpeace, que havia feito um protesto na manhã da quarta-feira, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, contra a política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL) e que bloqueou o trânsito em frente à sede do governo. Mas, dias antes, o mesmo ministro e o resto do governo acusava categoricamente que o óleo fora derramado ali pela Venezuela! E o Brasil segue disparado em tentar resolver os problema sempre a base do achismo! Condenar e prender alguém antecipadamente na base do acho que é… Tenho certeza de que acho que foi… Não tenho provas, mas tenho convicção… E por ai se vai! Ou o governo Bolsonaro desse do palanque que ainda não desarmou e esquece de vez o PT, para passar a governar o país, ou ele estará fadado a só parecer um governo sem metas, totalmente inoperante e passará para a história como o governo mais atrapalhado e incompetente que já passou por aqui!
Fonte: Por Francisco Airton
Créditos: Por Francisco Airton