Opinião

Lucas “revive” drama de Lígia, que não conseguiu emplacar ao governo - Por Nonato Guedes

Analistas políticos locais comparam a situação atualmente vivida pelo vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que quer ser candidato a governador em 2026,

Fotos: Victor Emannuel/ Sistema Arapuan de Comunicação
Fotos: Victor Emannuel/ Sistema Arapuan de Comunicação

Analistas políticos locais comparam a situação atualmente vivida pelo vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que quer ser candidato a governador em 2026, com o drama experimentado pela ex-vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que por duas vezes, com Ricardo Coutinho e João Azevêdo, mobilizou-se para concorrer ao Palácio da Redenção mas acabou sendo impedida ou desistindo por falta de apoios mais consistentes.

Lígia foi vice no segundo governo de Ricardo, concluído em 2018, e sonhava com o apoio dele para ascender à titularidade e pleitear sua sucessão, mas foi atropelada pelo compromisso de Coutinho com seu antigo aliado, João Azevêdo, que era secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos.

Temendo uma rebelião por parte do grupo de Lígia, que é mulher do deputado federal Damião Feliciano (hoje no União Brasil), Ricardo permaneceu no Executivo até o último dia, desistindo de concorrer ao Senado, onde despontava como favorito para uma vaga. Deixou claro que sua prioridade era eleger João e, assim, neutralizou quaisquer chances de atuação política de Lígia. Se eleita, a médica se transformaria na primeira governadora da história da Paraíba.

Em 2022, quando João Azevêdo concorreu à reeleição, a vice-governadora recebeu estímulos da direção nacional do PDT, liderada por Carlos Luppi, para ser candidata e por algum tempo assumiu esse papel, atraindo apoios no segmento feminino e em outros segmentos da sociedade. Em abril de 2022, Lígia anunciou que seria candidata ao governo, mas em julho ela desistiu e proclamou apoio à reeleição do governador João Azevêdo, que escolheu Lucas Ribeiro (PP) como companheiro de chapa.

Após reunião com o governador, Lígia explicou que sua decisão fora baseada na relação de respeito com João Azevêdo.

“Esse é um momento muito importante. Eu estive por mais de três anos com o governador como vice-governadora e é natural que eu esteja novamente do seu lado para enfrentar esse novo desafio nas próximas eleições e estaremos juntos para continuar com esse projeto”, enfatizou, na época.

João Azevêdo evidenciou a relação respeitosa que sempre manteve com Lígia Feliciano, afirmando:

“Essa reaproximação política foi possível porque sempre mantivemos o respeito, o diálogo e vamos juntos nesse projeto, com uma grande união de forças”.

Lucas foi indicado pelo “clã” Ribeiro para vice de João na campanha da reeleição depois que o seu tio, deputado federal Aguinaldo, desistiu de concorrer ao Senado e anunciou que iria disputar a um novo mandato na Câmara, tendo conseguido vitória expressiva nas urnas. Na atual conjuntura, Lucas deverá assumir naturalmente a titularidade do Executivo com a desincompatibilização de João para concorrer ao Senado e, desse posto, poderá ser candidato à reeleição.

O projeto da candidatura de Lucas, porém, sofre restrições de líderes de outros partidos aliados de Azevêdo, como o Republicanos, onde o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, declara-se ostensivamente como pré-candidato e já ensaia uma programação preliminar de agenda política pelo Estado.

Os entendimentos para um acordo desenrolam-se nos bastidores, e já houve, pelo menos, uma reunião na Granja Santana patrocinada pelo governador João Azevêdo, com as presenças de Adriano, Hugo Motta, Lucas e o deputado federal Mersinho Lucena, filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.

A reunião na Granja Santana seguiu-se a um mal-estar provocado por declarações do governador João Azevêdo à rádio Arapuan de que, com seu afastamento, Lucas ascenderia naturalmente ao cargo e poderia disputar a reeleição. Apesar da declaração óbvia, a fala foi entendida por Adriano Galdino como sinalização de preferência ou definição de Azevêdo pelo nome de Lucas para a sua sucessão.

Com a entrada dos “bombeiros” em ação, o cenário passou a comportar outras variantes. O Republicanos, agora, exige duas vagas na chapa majoritária do esquema governista – a de governador e uma de senador, reivindicação que foi atribuída ao “efeito Hugo Motta”. Por esse desenho, a candidatura à segunda vaga de senador teria que ser disputada entre João Azevêdo e Daniella Ribeiro (PSD), que já está em campanha para a reeleição senatorial.

Sobraria na mesa apenas a vaga de vice-governador. As articulações estão em banho-Maria diante de fatos novos que estão para acontecer na conjuntura estadual ainda este ano, mas a base governista mantém-se atenta e vigilante. Afinal, a oposição, capitaneada pelo senador Efraim Filho, do União Brasil, pré-candidato ao governo, faz acenos constantes ao Republicanos para tê-lo ao seu lado nas eleições e 2026.

Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba