Opinião

Lindbergh diz que Lula deve reagir às pressões para mudar a economia - Por Nonato Guedes

Reprodução/redes sociais
Reprodução/redes sociais

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, assegurou que “2025 é o ano de Lula” e sugeriu que o presidente da República ignore as pressões de empresários para mudar a política econômica do atual governo. Numa entrevista a Monica Bergamo, da Folha de São Paulo, Lindbergh – que é natural da Paraíba – avaliou que há “implicância” de “5 ou 6 da Faria Lima”, referindo-se ao movimentado centro financeiro de São Paulo, “que não reconhecem nada que o governo faz e divulgam lamúrias sobre números irreais da economia”. Para ele, o mercado também comete injustiça com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Não adianta você dizer: em abril, vamos fazer o esforço fiscal X. Sabe o que os agentes de mercado vão dizer? É insuficiente. Vão, então, subir o dólar e nós não podemos entrar na armadilha deles”, asseverou Lindbergh, notando que Lula não tem que mudar de política econômica mas de assunto, quando começar o ranger de dentes do sistema financeiro.


– Se tiver que fazer ajuste fiscal, que faça. Mas só quem se interessa por esse tema são cinco ou seis pessoas da avenida Faria Lima. O povo quer saber é da vida real dele. É mudar de assunto, é entrar na pauta popular. A minha linha, agora, é que esse ano de 2025 é o ano do Lula. É Lula sendo Lula. É Lula falando da vida do povo, é o Lula do Pé de Meia, é o Lula do crédito ao trabalhador, que vai beneficiar 40 milhões. É o Lula do vale-gás, é o Lula da isenção do imposto de renda – definiu Lindbergh Farias. Para o parlamentar, as regras na questão fiscal estão aí e isto não é assunto para a dona Maria e o Seu João. Entende que falta a Lula e ao campo progressista entrar na “disputa política” e comparar com o que foi feito por Paulo Guedes na gestão de Jair Bolsonaro, do PL. “Eu não perco um debate no Parlamento porque os números são gritantes. Eles (bolsonaristas) não ganham em nada da gente”, revelou Lindbergh, que faz a ponte da articulação política com a sua namorada, Gleisi Hoffmann, nomeada como secretária do ministério das Relações Institucionais do governo Lula.


O líder do PT observou, ainda: “Eles (os bolsonaristas) vão estar com os problemas deles, tentando arrumar conflito com o Judiciário, fazendo campanha Por Bolsonaro Livre, ocupados com o julgamento deles. E a gente, aqui, aprovando os nossos projetos, com essa mensagem que eu quero passar: 2025 é o ano da agenda do povo. Cuidar da vida das pessoas. Não adianta a gente ficar dialogando com esse pessoal da Faria Lima. É com o povo. Esse ano é o ano de falar para a vida real das pessoas”. Ele se referiu ao ataque misógino do bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO), que deve perder o mandato no Conselho de Ética da Câmara por atacar Gleisi com virulência. E destacou o papel de “articuladora” da companheira, “que fez aliança ampla e conduziu a campanha do Lula em 2022”. Acrescentou: “As pessoas não sabem, mas ela tem uma relação muito boa com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), foi determinante para a eleição dele ao garantir o apoio do PT. Fala toda semana com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões, tem relação muito boa com o líder do PP, o Doutor Luizinho, com o do PSD, Antonio Britto. Eu sabia disso há muito tempo e o presidente Lula também. Ela é considerada uma mulher firme, que fala o que faz, não enrola. A Gleisi vai ser uma bela surpresa”.


De acordo com Lindbergh, a ministra Gleisi Hoffmann vai jogar completamente afinada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao contrário das especulações de que haveria uma disputa entre os dois no âmbito do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lindbergh também creditou ao mercado as especulações acerca dessa disputa interna no governo entre Haddad e Gleisi, especialmente em torno da adoção de medidas para o chamado ajuste fiscal. “Eu quero desmistificar algumas coisas. Eu sempre disse que o Haddad tem que falar mais dos números da economia. Diziam que cresceríamos 0,8% ao ano e crescemos 3,2% em 2023. Falavam em 1,5% em 2024 e crescemos 3,4%. Essa turma do mercado torce contra. É uma luta diária contra o governo. A renda do trabalhador no primeiro ano do governo Lula cresceu 11% e 5% no segundo, em termos reais. O investimento voltou a subir. Tiramos 24 milhões de pessoas da pobreza. O desemprego está no menor nível desde 2012. É o momento da pauta popular. Haddad tem que falar é sobre isso. E tenho gostado muito dele. Haddad pode entrar para a história como um dos grandes ministros da Fazenda deste país. É só ver os números. Esse governo é bom de entrega”, salientou.


O líder do PT na Câmara dos Deputados recordou que em dezembro de 2021, a dez meses das eleições do ano seguinte, Jair Bolsonaro tinha 53% de “ruim” e “péssimo” nas pesquisas de opinião pública. E a eleição foi apertada porque a avaliação sobre o ex-presidente da República acabou melhorando. Frisa Lindbergh que Lula tem muito menos rejeição do que Bolsonaro, conforme levantamento do Datafolha. “Lula é esse cara que, quando provocado, surge cada vez mais valente. O susto da queda nas pesquisas veio na hora certa. Deu uma sacudida geral”, completou Lindbergh Farias. Concluiu dizendo que o susto foi no Lula e nos petistas. “Mas não somos daqueles que ficam chorando. Nós estamos botando a faca nos dentes e indo lutar”. Para Lindbergh, o governo do presidente Lula não tem apenas a vontade de acertar e fazer pelo povo, mas tem metas a cumprir e vai entregar cada vez mais resultados à sociedade brasileira.