Pertenço a uma plêiade de oito irmãos e ainda hoje prevalece entre nós um forte sentimento de fraternidade e solidariedade. Meus pais nos deixaram preciosas lições sobre a importância da unidade familiar, da necessidade de nos mantermos juntos para enfrentar as intempéries e comemorar as vitórias.
Esse sentimento de família me move até hoje. Sou daquelas pessoas que gostam de ver pai e mãe juntos, criando seus filhos, compartilhando o seu crescimento e a sua formação, fortalecendo essa instituição tão agredida e vilipendiada, mas que permanece firme como estaca fundamental da sociedade, como elemento indispensável às relações humanas.
Com o tempo aprendi também que um casamento é muito mais do que a união de um homem e uma mulher que se atraem e se apaixonam. Na realidade, casar é dividir espaço, tempo e responsabilidades. É compartilhar emoções, suportar dificuldades e, sobretudo, fazer da relação um elemento construtivo para o nosso aperfeiçoamento pessoal e crescimento profissional.
O meu pai costumava aconselhar: “Meu filho, quando escolher uma mulher para casar, escolha aquela com quem você goste de conversar”. A frase, sábia e bem mais profunda do que aparenta, revela a importância de se ter ao lado não apenas uma amante ou uma dona de casa, mas, também, uma amiga, uma pessoa de confiança com quem você possa dividir as suas angústias, as suas conquistas e chorar as suas decepções.
Pessoalmente, não me considero um estereótipo do marido ideal, mas me sinto feliz casado com a Maria Lúcia, há 45 anos, vivendo um amor bem mais fortalecido do que quando sonhávamos vivenciar uma paixão avassaladora pelo resto de nossas vidas. Criamos três filhos com base nesses ensinamentos sobre a importância de preservação da família, lição que eles repassam para os nossos quatro netos.
São essas reflexões que faço agora quando testemunho jovens casais que desistem do seu projeto de vida ao primeiro obstáculo, desconhecendo que a verdadeira afetividade não é feita de situações voláteis, de desencontros passageiros, de incompreensões mal resolvidas.
Famílias desfeitas no seu nascedouro me afligem muito. Crianças criadas com pais separados dificilmente saem ilesas dessa situação. E o que machuca é constatar que a falta de amor não é a razão principal de atitudes impensadas e precipitadas, mas, sim, a ausência de compromisso de um para com o outro, e de ambos para com todos os que vivenciam a sua história e torcem pela sua felicidade.
Fonte: Abelardo Jurema Filho
Créditos: Polêmica Paraíba