Sérgio Botelho – Trabalhei com José Carlos dos Anjos por anos, no antigo jornal Correio da Paraíba, de saudosa memória. Agora, ao receber a notícia de sua morte, sinto que com ele também se foi parte de uma época de transição, em João Pessoa, entre um jornalismo mais romântico e um mais profissional, a partir da década de 1980. Com relação a esse período, ele foi um dos principais responsáveis, ao lado, claro, de outras figuras igualmente fundamentais para a nossa imprensa.
Na redação, sem deixar de ser um grande companheiro, ele se transformava num perito de imprensa dedicado e rigoroso. Nos papéis de editor, de secretário de Redação, de pauteiro, de redator, seja lá o que fosse, Zé Carlos foi toda a vida um perfeccionista e elegante disciplinador.
Na relação com as oficinas, a intermediação era perfeita, pois seu entendimento das técnicas que envolvem o jornalismo abrangiam todas as fases do jornal impresso. Era um profissional de imprensa completo. Sobretudo, Zé Carlos foi um expert de altíssimo conhecimento e paixão pelo jornal impresso. Não havia horário a ser cumprido, o famoso deadline, que, sob seu comando, não o fosse efetivamente.
Há alguns anos, depois de fechadas a redação e as oficinas do jornal Correio da Paraíba, a alternativa que se apresentou a Zé, apesar de continuar em A União, foi a de enveredar por outras sendas do jornalismo, especialmente o online, onde também se dava muito bem. Atualmente, também exercia a profissão na Secretaria de Comunicação do Governo do Estado. Fosse no campo da edição e da redação, cabia em qualquer modalidade jornalística.
Mas não era somente isso. Zé Carlos, como disse, sempre foi um grande companheiro. Conhecido por sua simpatia e senso de humor, tinha a capacidade de criar um ambiente de trabalho positivo. Sua disposição para colaborar e apoiar os outros constitui parte indelével das relações entre ele e os colegas de redação.
Sem esquecer que as redações se transformam em ambientes naturalmente agitados quando os jornais se encaminham para a fase de fechamento das edições diárias. Pois era quando ele se fazia mais necessário e vital.
Embora fosse esperada por seus amigos há algum tempo, em virtude das informações sobre a sua terrível enfermidade, a morte de Zé Carlos é um fato terrível para todos nós. Sem falar que mesmo com notícias tão negativas, sempre permanece a esperança de que haja algum tipo de milagre, de nova descoberta da ciência, de outra evolução para o mal a favorecer a recuperação da pessoa querida.
Zé Carlos dos Anjos deixa, ao se despedir da vida, uma enorme lacuna, uma grande saudade. É muito triste a sua partida, ainda tão novo e mentalmente produtivo, quando as perspectivas de vidas mais longas se apresentam cada vez mais fortemente à humanidade.
Portanto, assim como todos os seus amigos, lamento muito, lamento profundamente a morte de José Carlos dos Anjos Wallach! Vá em paz, companheiro, você foi grande e fundamental por onde passou!