A crise sanitária provocada pela pandemia do coronavirus revelou uma verdade que muitos brasileiros, por questões políticas e ideológicas, teimavam em não querer aceitar: a importância do SUS para tratar da saúde pública em nosso país. A sua capilaridade está permitindo uma ação padronizada em todo o território nacional para lidar com o surto. A assistência médica por meio de suas redes, considerando as unidades básicas, as equipes de saúde da família, os ambulatórios, as UPAS e a estrutura hospitalar, espalhados por todas as regiões do país, têm oferecido contribuição importante para o enfrentamento desse quadro epidemiológico.
Apesar das dificuldades o Sistema Universal de Saúde brasileiro tem se mostrado a alternativa mais eficaz para atravessar o momento de caos sanitário que estamos sendo convocados a encarar. Até o ministro Mandetta, que no início de sua gestão, trabalhou no sentido de desmontar o sistema, contrariando o conceito original do SUS, fundamentado na ideia de que a saúde não é uma mercadoria, e sim um direito social, já reconhece o quanto tem sido útil nessa luta contra o coronavirus. Passou a compreender a necessidade de fortalecer a base social de apoio ao SUS.
Os prefeitos e governadores, por estarem mais próximos da população usuária do SUS, perceberam que através dele seria o caminho mais rápido e eficiente de agirem em defesa dos seus governados. Resistem bravamente às reações contrárias do chefe da nação, embora seu ministério da saúde, tenha se alinhado a esse discernimento dos gestores públicos municipais e estaduais. A discordância, entretanto, custou a demissão do ministro.
A pandemia ao chegar no Brasil despertou para a constatação de que o SUS está subnutrido, e mesmo assim, tem sido o instrumento mais realista para o embate que o problema está a exigir. Os governadores e os prefeitos entenderam que a área de saúde demanda políticas públicas de Estado e não políticas púbicas de governos. A saúde, por decisão deles, foi retirada do palanque eleitoral, com medidas unificadas que superam eventuais divergências ideológicas ou partidárias.
Porém, o SUS não pode fazer milagres. É preciso reorientar a disponibilidade de recursos para a sua manutenção e, por conseguinte, a sua efetiva prestação de serviços de assistência de saúde, sem a discriminação que os planos privados impõem. O SUS é democracia e deve atuar com teor igualitário. O SUS é uma conquista brasileira inserida em nossa Constituição de 1988. Ele agora está sendo reconhecido. A pandemia do coronavírus fez com que muitos, principalmente os que não estão na base da pirâmide social, descobrissem o quanto o SUS é importante para a saúde pública.
Rui Leitão
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão