Os governistas da CMJP subestimaram a capacidade de articulação da oposição e ontem foram obrigados a reagir com uma espécie de “guerra” de CPIs. Nos discursos dos personagens, muitos panos quentes que, às vezes, soam até como uma tentativa de enganar à opinião pública. Não é uma condenação, mas vale constatar. Primeiro, a CPI da Lagoa, para investigar supostas irregularidades nas obras de reforma do Parque Solon de Lucena, é política, eleitoral (eleitoreira). Não adiante essa conversa de que é apenas uma preocupação com o dinheiro público, com os impostos. O relatório da Controladoria Geral da União, que dá base ao pedido de CPI, traz dados graves e preocupantes, que merecem atenção, mas se não houvesse interesse de bagunçar a candidatura à reeleição do prefeito de JP, Luciano Cartaxo, vereadores que se dizem governistas não teriam assinado o pedido. Eles o fizeram porque têm seus interesses pessoais e partidários, revelando, portanto, que a CPI, se nascer, não será apenas com o DNA de Renato Martins, Raoni Mendes e Lucas de Britto, mas com as marcas subliminares de quem quer derrotar o prefeito. Com interesse claro de ver o circo pegar fogo. É bom lembrar, também, que ao desenterrar CPIs, os governistas, comandados pelo prefeito, “admitem” que têm medo da CPI da Lagoa e que querem tumultuar. Tirar o foco da investigação oposicionista, enfraquecendo os possíveis debates sobre a Comissão. A cortina de fumaça criada pelo governo será por meio das CPIs da Cagepa, da Informática e da Desk. A primeira para investigar o suposto lançamento de esgoto no mar e nos rios de JP. A segunda, para apurar irregularidades na aquisição de um sistema de informática, no valor de R$ 19 mi e, por fim, a que quer encontrar os problemas na aquisição de material escolar, nas gestões de RC e Luciano Agra. Com exceção da CPI da Cagepa, as outras são anacrônicas. Como é, neste momento, qualquer outra que vereadores da base resolvam desenterrar. Tinham como fazer isso antes, mas ficaram em berço esplêndido e, agora, depois de um empurrão, vêm com esse blá-blá-blá de que a função do vereador é fiscalizar. Devia ser sempre, não por simples conveniência política. Outra verdade que precisa ficar clara. Mesmo que não tenha nenhuma participação direta (há todo sinal que tem) na instalação da CPI da Lagoa, o grupo do governador Ricardo Coutinho (PSB) é o que mais ganha com essa “midiatização” da investigação. Afinal, ninguém acredita, realmente, que essa apuração vai dar em alguma coisa. Basta lembrar que, em meio a essa guerra de CPIs, os vereadores precisam ir às bases, fazer campanha e ganhar votos. Vão precisar convencer que vale a pena se manter no Parlamento, ganhando uma fortuna, negociando cargos na prefeitura e tentando resolver os problemas da população, a partir de interesses particulares ou de grupos. O moído só começou.
Fonte: Laerte Cerqueira
Créditos: Laerte Cerqueira