Eleito com um slogan muda Brasil, muda de verdade, o presidente Jair Bolsonaro se assusta com a manobra do Senador David Alcolumbre e do Deputado Federal Rodrigo Maia para permanecerem na presidência das suas casas legislativas. Então, porque esta manobra não agradaria ao presidente?
As casas legislativas tem, entre outras, a função de tocar as propostas do governo, promovendo diálogos entre as alas instituídas, pondo a julgamento as matérias que tenham por prioritárias. Em caso de medidas provisórias, caso não sejam votadas no tempo previsto, caducam e perdem a validade.
Não foram poucas as matérias do governo que acabaram perdendo a validade ou sequer foram colocadas em pauta. Diga-se de passagem, quem escolhe o que vai para a pauta é o presidente da casa legislativa.
Daí é possível entender o quanto é importante ter um aliado de primeira hora na presidência da casa legislativa. Afinal, Dilma Rousseff já provou desse veneno quando o Partido dos Trabalhadores anunciou apoio ao processo de cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética. Foi nesse momento que o ex-presidente da Câmara, ainda naquela época era o próprio Cunha, anunciou o acolhimento do pedido de impeachment contra a presidente.
Somam mais de uma dezena de pedidos de impedimentos contra o presidente Bolsonaro, todos deixados de lado por Rodrigo Maia. Como se diz no popular, Maia sentou em cima dos processos, e deve tirá-los de lá na hora exata.
Como segunda barreira em caso de engavetamento dos planos do governo, Davi Alcolumbre não parece ser uma ameaça tão forte como Rodrigo Maia, mas o tema reeleição, por se tratar de uma única redação da Constituição Federal, acaba afetando os dois. Ressalte-se que ele protagonizou, ainda, a derrubada de vetos presidenciais.
Alcolumbre tem sido mais simpático ao presidente, inclusive chegou a empregar um sobrinho de sem sobrenome Bolsonaro na primeira-secretaria do senado. Conhecido por Léo Índio, Leonardo Rodrigues de Jesus, estava no gabinete do Senador Chico Rodrigues (DEM –RR), flagrado com dinheiro na cueca.
Não menos importante, é David Alcolumbre que deveria tocar (se fosse o caso da reeleição), na hipótese de impeachment, o ritmo do processo no senado, ultrapassada, claro, a etapa na qual Rodrigo Maia estaria encarregado.
Com a matéria de reeleição judicializada, a tropa de choque do presidente não perdeu tempo e caiu em campo para intimidar os ministros do Supremo Tribunal Federal, apelidando de golpe caso a manobra recebesse aprovação. Rodrigo Maia dissimulado disse não ter interesse na reeleição, enquanto que Davi silenciou.
Parece que deu certo. É que os votos colhidos consolidam a impossibilidade de reeleição de Maia e Alcolumbre na mesma legislatura e assinalam para uma vitória da tropa que entrou em campo. A de Bolsonaro, já que os outros cuidaram de desfaçar.
Mas será que esse time pode cantar vitória? Acredito que não.
Lembra onde é que Rodrigo Maia está sentado? Pois é, talvez seja a hora dele tirar os pedidos de impeachment debaixo do traseiro e colocá-los na mesa para votação. Teremos a oportunidade de ver o circo pegar fogo novamente ainda este ano?
E se alguém gritar: isso é um golpe!, direi: eu já vi essa cena antes.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba