Ao lado do superministro da economia Paulo Guedes, presidente da câmara dos deputados Rodrigo Maia (ontem 21.08.2019) no estilo do personagem de “O Bem Amado” do escritor Baiano Dias Gomes – Odorico Paraguaçu – destacava a importância das privatizações, principalmente a que depende de algum tipo de autorização do legislativo como a Eletrobrás. Fingindo preocupar-se com os destinos do país, Rodrigo Maia apontou um déficit de 3,2 bilhões de reais na estatal, segundo ele, recursos que faltam aos programas de saúde, educação e segurança do governo federal. Chega de fazer o povo de idiota! Como e onde um monopólio pode dá prejuízo?
Só existe uma Eletrobrás no Brasil e sem concorrência neste setor. O preço do seu produto ou serviço é elaborado através de planilhas, onde se inserem todas as despesas para cobrir – não importa se caro ou barato – seus custos operacionais. Mostrem-nos e provem por que a Eletrobrás se tornou deficitária! Este é um engodo criminoso perpetrado contra o patrimônio do ingênuo povo brasileiro. A Eletrobrás custou nosso suor, e de nossos ancestrais. Financiamos a “gigante” através de impostos embutidos na conta da energia, combustíveis; empréstimos compulsórios (nunca pagos ou devolvidos); contribuições ocasionais estipuladas a Estados e Municípios, descontadas por antecipação nas transferências constitucionais (hoje FPE e FPM), e agora vão vendê-la? Aliás, entrega-la? Não esqueçamos que geração e distribuição de energia são setores estratégicos ligados a segurança nacional. Indiscutivelmente têm que estarem sob o controle do governo.
No ano de 1983, governava a Paraíba Wilson Leite Braga. Estávamos ao seu lado quando o presidente da Cia. de Águas veio pedir suporte financeiro para pagar a folha de pessoal. A empresa – segundo ele – estava quebrada. Braga olhou para ele e sem rodeios explodiu: peça demissão antes que eu o demita. Como pode está quebrada a única empresa que vende água com exclusividade em todo o Estado? Demita funcionários excedentes, aumente o preço da tarifa e torne a empresa lucrativa. Braga entendia tanto de economia, quanto Alan Greenspan de Vaquejadas. Entretanto, não era tão ignorante a ponto de não enxergar o óbvio.
O mesmo Rodrigo Maia que ora aponta um déficit estimado de 3,2 bilhões da Eletrobrás esqueceu que há dois anos (2017) – irresponsavelmente ao lado de seus pares e na calada da noite – criou o Financiamento Público de Campanha, provocando um rombo de 1,8 bilhões de reais no orçamento da União, dinheiro que fez muita falta ao SUS, Segurança Pública e Educação. Presidindo um poder perdulário (câmara dos deputados), “usina” geradora de déficit anual, que em 2018 ao lado do senado surrupiaram do contribuinte brasileiro 10,5 bilhões de reais, Rodrigo Maia nunca apresentou um plano de acabar com as mordomias e os supersalários pago a uma “penca” de privilegiados. Ainda tem a ousadia de falar sobre austeridade e a concepção de uma nova ordem econômica liberal?
Agora em setembro, pretende empurrar goela abaixo da indefesa população, o “Fundão” para financiar as campanhas de prefeitos e vereadores, conta estimada em 3,9 bilhões de reais. É muita hipocrisia… Isto sem se levar em conta que, anualmente o famigerado “Fundo Partidário”, nos rouba 1,0 bilhão de reais. Ter um partido político no Brasil é comandar um dos melhores negócios do mundo! Risco zero e superlucrativo. Chega dinheiro, e se devolve papéis: recibos em nome de “laranjas” e notas fiscais de empresas fantasmas. Razão da existência de 36 legendas, afora uma dezena de outras que estão sendo formadas e aguardam registro do TSE. Por que Rodrigo Maia não começa a mostrar eficiência a partir de sua casa legislativa? Estancar a sangria dos fundos partidários e eleitorais, reduzir em 80% os gastos do parlamento e assumir a postura de simples empregado do povo, eleitor e cidadão?
Privatizar os Correios e a BR Distribuidora, que já têm concorrentes no mercado, é justificável num país de política econômica liberal. Mas, o Brasil está preparado para esta mudança tão radical? Comparamos o ministro Paulo Guedes a um ansioso “cirurgião bariátrico”. Quer reduzir a “obesidade” monstruosa do Estado, mas, desconhece a dieta que o paciente terá que adotar, e os efeitos colaterais provocados pelo procedimento invasivo, que requer até reposicionamento da estética. A onda de privatização das estatais do setor elétrico na era FHC – Cia. Estaduais de Energia – resultou em que? No Nordeste, os recursos injetados nos Estados foram utilizados em algumas obras faraônicas ou “elefantes brancos”, e nas campanhas eleitorais para manter as velhas oligarquias no poder.
A conta da energia triplicou. Ao conferirmos hoje os lançamentos na fatura/recibo, percebemos inúmeras taxas, até a de distribuição (?). Um consumo de R$ 49,00 depois de ser enxertado com diversas taxas e 49,5% de ICMS, culmina no montante de R$ 130,00. Acontece ainda – vez por outra – a “picaretagem das bandeiras”, verde, amarela e vermelha. Um roubo desavergonhado com ladrões impunes. Para onde vão seus lucros? Para o exterior. Com exceção do Estado da Paraíba, os demais venderam suas Estatais a grupos Europeus, principalmente aos Espanhóis. Quando a Eletrobrás for vendida ou “privatizada”, um ano depois – para quem percebe salário mínimo – terá que optar entre fazer uma feira, ou pagar a conta da luz para não ficarem as escuras. Registro para posteridade.
Fonte: Júnior Gurgel
Créditos: Júnior Gurgel