O povo brasileiro é realmente ordeiro, pois mesmo já exausto e exalando gemido diante de tantos problemas econômicos, sociais e até psicológicos, por conta da pandemia da COVID-19, ainda tem que assistir de forma acintosa os nossos congressistas aprovarem na última sexta-feira (16) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 onde de forma sorrateira e ambiciosa colocaram um “jabuti” de R$ 5,7 bilhão para o Fundo Eleitoral das eleições do próximo ano.
A proposta foi de gerar espanto já que as cifras na eleição de 2018 alçaram o teto de R $1,7 bilhão. Aquilo que já era alto, ficou ainda maior. Por sua vez, o salário mínimo deverá ter um aumento de uma quantia ínfima de R$47,00 (quarenta e sete reais).
Valho-me nesse momento do Grupo Musical Legião Urbana para descrever tanta excrescência: “Que País é este?” “Nas favelas, no Senado, Sujeira pra todo lado, Ninguém respeita a Constituição, Mas todos acreditam no futuro da nação…”. O que mais provoca indignação e revolta na população é que além de aumentarem o valor do fundo eleitoral de forma escabrosa escolheram o pior momento para tal façanha.
É um verdadeiro “tapa na cara” de um povo que na sua grande maioria ainda enfrenta perdas irreparáveis entre seus entes queridos e também no comércio, os quais se encontram deverasmente abalados, ou seja, em um País doente que precisa recuperar o seu cidadão de forma urgente, vem os nossos congressistas e dão um mal exemplo, gerando anda mais tristeza aos cidadãos brasileiros.
Parece que realmente chegamos ao píncaro da vergonha na política brasileira. E, infelizmente, temos que relatar que todo esse calabouço teve a participação de todos os senadores paraibanos e da maioria dos deputados federais presentes, exceto Gervásio Maia e Frei Anastácio.
Nada justifica tal ato repugnante, principalmente em pleno século XXI, quando o cidadão está a todo instante exigindo ética comportamental de nossos representantes, dada a exposição nos meios de comunicação e nas mídias sociais.
Tomara que não tenhamos o povo novamente nas ruas fazendo manifestações contrárias a esse tipo de atitude tomada pelos nossos congressistas, relembrando os memoráveis tempos quando se buscava por justiça e democracia descritas na música de Geraldo Vandré “…Vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer…”.
Esperamos que ainda dentro da LOA (Lei de Orçamentária Anual), esse mesmo Congresso Nacional que hoje decepciona o povo brasileiro reveja seus conceitos e conserte o erro praticado, ou que ao menos exista um veto por parte da Presidência da República.
A verdade é que a corrupção está sendo definida como a utilização do poder para obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse. Será que não foi o caso? Se há algo de “bom” em tudo isso, é que estamos às vésperas de uma eleição e, se não mudarem esse fundo eleitoral, temos certeza que nas próximas eleições poucos desses parlamentares conseguirão atravessar a ponte da vitória.
“A corrupção é o cupim da República” (Ulysses Guimarães).
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Gildo Araújo