OPINIÃO

Expulsão de Rodrigo Maia: Efraim Filho mais Distante de João Azevedo? - Por Gildo Araújo

Desde a semana passada, estamos observando diversas movimentações nos bastidores da política nacional que desembocará muito em breve no Estado da Paraíba, uma delas se trata da expulsão do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia do Partido Democratas. A polêmica consiste de que essa expulsão foi feita com a anuência de um dos seus parlamentares mais próximos, o paraibano Efraim Morais Filho. É justamente aí onde está o cerne de nosso comentário de hoje.

A decisão do partido Democratas (DEM) em expulsar Rodrigo Maia começou quando o próprio Maia se tornou um dos protagonistas na articulação para as eleições de seu futuro sucessor na Presidência na Câmara dos Deputados. Rodrigo Maia decidiu apoiar a pré-candidatura do deputado federal Baleia Rossi (MDB) do Estado de São Paulo e a do paraibano Aguinaldo Ribeiro (Progressistas) que, ao final de muitas negociações entre os deputados de esquerdas e centro-esquerda, decidiram pelo nome de Baleia Rossi para disputar contra Arthur Lira (Progressistas), candidatura construída pelo Palácio do Planalto.

Na ocasião, o deputado Aguinaldo Ribeiro, que sempre foi um exímio articulador político, posicionou-se contra a candidatura de Arthur Lira, que é do seu próprio partido, e assim também fez Rodrigo Maia, negando apoio a Lira.

Entretanto, no dia 02 de fevereiro de 2021, dia da vitória de Arthur Lira para presidir a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, os Democratas passaram a receber uma certa pressão do Governo Federal no sentido de desprestigiar o deputado Rodrigo Maia junto à cúpula de seu partido, “forçando” de forma estratégica por sua expulsão.

Somado à estratégia, juntou-se a ânsia desenfreada dos Democratas em barganhar recursos junto a qualquer governo, e nesse caso específico, precisaria fazer um gesto para agradar ao presidente Bolsonaro, daí ter culminado com a expulsão de Rodrigo Maia; algo justificado pelo Presidente Nacional do Partido, Antônio Carlos Magalhães Neto (ACM), como uma desobediência ao partido por parte de Maia quando da eleição de Arthur Lira.

Só que o entrevero da expulsão de Rodrigo Maia, que contou com a participação do deputado Efraim Filho, certamente ecoou negativamente nas hostes do Palácio da Redenção e fez acender a “luz vermelha” na Granja do Governador João Azevedo que, ao tomar conhecimento da expulsão do parlamentar carioca dos quadros dos Democratas, deve ter recebido o aceno dos movimentos de centro-esquerda ligados tanto a Rodrigo Maia quanto aos membros importantes da esquerda, capitaneado pelo próprio ex-presidente Lula, e da presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) Gleisi Hoffmann, no sentido de que houvesse uma movimentação política de aproximação com os Progressistas do deputado Aguinaldo Ribeiro como gesto de gratidão pelo posicionamento tomado durante a eleição da Câmara dos Deputados.

Nesse cenário, vislumbra-se que a partir de agora poderemos ter de forma mais acentuada possíveis encontros entre o governador João Azevedo com os Progressistas de Aguinaldo Ribeiro, inclusive, intermediado pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.

Enquanto isso, vemos que o posicionamento do deputado Efraim Filho pode ter lhe deixado mais próximo ao Governo Federal, mas aumentará seu distanciamento político com o governador João Azevedo, que já chegou a declarar que não irá compor chapa com quem defende o bolsonarismo.

Em síntese, começa a se desenhar uma grande frente de centro-esquerda e esquerda em prol de uma chapa em que pode ser composta pelo governador João Azevedo buscando sua reeleição, a vaga de vice ficando entre o Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Adriano Galdino e a Secretária de Estado Ana Cláudia Vital do Rêgo, esposa do senador Veneziano Vital do Rêgo, e na senatória o deputado Aguinaldo Ribeiro, tendo ainda em discussão os suplentes de senador. Com essa composição de chapa, dificilmente haverá concorrente para derrubá-la, sobretudo com as oposições totalmente desunidas como vemos hoje na Paraíba.

Vamos aguardar todos os desdobramentos do que hão de vir por aí, pois a política é como o tempo: não para.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba