Opinião

Escolha Nepotista? Adriano Galdino “joga toalha” para majoritária? - Por Gildo Araújo

Se ainda estamos em um Estado Democrático de Direito, nesse momento, podemos ainda tecer alguns comentários sobre a escolha

Escolha Nepotista? Adriano Galdino “joga toalha” para majoritária? - Por Gildo Araújo

Se ainda estamos em um Estado Democrático de Direito, nesse momento, podemos ainda tecer alguns comentários sobre a escolha para a indicação da advogada e médica Allana Galdino para o Tribunal de Contas do Estado (TCE).

É bem verdade que a legítima representatividade da participação de uma mulher na Corte se faz jus, pois quebra diversos paradigmas, entre os quais, a investidura pela primeira vez de uma mulher na Corte de Contas da Paraíba, o que é de extrema valia.

Porém, foi muito hilário o formato da escolha para a indicação do TCE, pois soou para a população um ato de imposição feita pelo presidente Adriano Galdino (Republicanos) para definição da mais nova integrante do TCE, já que teria que ser, a todo custo, alguém da família Galdino, o que denota um egocentrismo incomensurável, cujo método foi: “eu mando, eu posso, eu faço”, lembrando os velhos coronéis em épocas ditatoriais.

Embora respeitemos a legalidade do fato, a imoralidade não convém.

Para quem vinha acompanhando a história política de Adriano Galdino, foi tomado de surpresa a forma das tratativas para a escolha de um membro de uma Corte tão importante do Estado da Paraíba.

Foi algo surreal, pois ficou muito evidente que muitos parlamentares foram praticamente colocados “na parede” para assinarem uma lista de apoio de alguém indicado pelo parlamentar pocinhense. Ou seja, o único critério é que teria de ser uma indicação dele e que atendesse os pré-requisitos adotados pela Corte para tomar posse.

A notícia do formato da escolha virou “Suíte” jornalística, pois a imprensa paraibana e as redes sociais deram uma “pane” para assistir ao “belíssimo espetáculo” proporcionado pelo presidente Adriano Galdino que, na melhor das hipóteses, por querer ser bom demais para a própria família, terminou se prejudicando, politicamente falando, pois sua repercussão tem causado um grande desgaste para o presidente do Poder Legislativo paraibano.

Os encontros e as reuniões com parlamentares e assessores pareciam até uma novela ou mesmo um seriado em que a cada capítulo criava-se um suspense e as emissoras de rádios, TV e as mídias sociais faziam várias encenações do que poderiam acontecer após cada encontro desse cenário, cujo epílogo desse filme se resumia em que só a família de Adriano poderia ser a beneficiada.

E foi por volta das 22 horas da última sexta-feira (14), com toda imprensa na expectativa, que veio o anúncio por parte do presidente do Poder Legislativo, em que sua própria filha, a doutora Allana Galdino foi a única pessoa inscrita para concorrer à vaga de Conselheira do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba.

Com todas as venhas que devemos ter com nossas autoridades, mas todo esse episódio nos remeteu à antiga novela “O bem Amado” de Dias Gomes, cujo personagem principal “Odorico Paraguassú” retratava o típico político astuto que fazia de tudo para atingir seus objetivos.

Infelizmente, o desfecho da indicação para o TCE foi deplorável e decepcionante sobre todos os aspectos de “espetáculo”, em que podemos considerar até um pouco jocoso dado o formato das tratativas de escolha.

E mais, coincidentemente, deixou a entender que a estavam esperando tão somente pela ida do governador João Azevedo (PSB) a Portugal para, em sua ausência, tomarem as decisões sem sua opinião, já que o Chefe do Executivo havia dito em entrevista que se o escolhido não fosse o deputado Tião Gomes (PP), ele teria interesse de discutir com o deputado Adriano Galdino quem seria o escolhido.

Agora, temos que “tirar o chapéu” para a atitude corajosa do deputado Hervázio Bezerra (PSB), quando disse em entrevista que se recusou a assinar a lista em branco para Adriano Galdino escolher quem ele quisesse. Segundo Hervázio Bezerra, na lista deveria constar pelo menos o nome de quem seria indicado, e não dar um cheque em branco para Adriano Galdino.

Além disso, o deputado Taciano Diniz que sequer teve a chance de concorrer, pois não obteve o número suficiente para participar da disputa. Aliás, os deputados Hervázio Bezerra e Wallber Virgolino (PL), já afirmaram que não votarão em Allana Galdino para a vaga de Conselheira do TCE.

Com todo respeito e admiração pela evolução política que vinha tendo o presidente Adriano Galdino, temos que dizer que esse episódio foi algo de uma excrescência que há muito tempo não se via na política paraibana, foi algo surreal. Parecia que ou seria agora ou nunca mais, então teria que sair atropelando todo mundo.

Com esse gesto abrupto, parece que o deputado Adriano Galdino “jogou a tolha” de vez nas pretensões de disputar o governo da Paraíba em 2026, já que a repercussão desse episódio tomou conta de forma negativa na imprensa e nas redes sociais de toda Paraíba.

Talvez toda essa demonstração de força do presidente Adriano Galdino seja um aviso aos governistas de plantão no tocante às eleições de 2026, onde reações como essas podem levá-lo até para as oposições, tendo em vista que é fatídico observar que de um certo tempo para cá tem se notado uma certa inconsistência no relacionamento de Adriano Galdino com a cúpula do governo, e tudo isso pode refletir mais adiante.

“Quem espera que a vida seja feita de ilusão, pode até ficar maluco ou morrer na solidão. É preciso ter cuidado para mais tarde não sofrer, é preciso saber viver”. (Titãs).

Quem viver, verá.

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba