“Não adianta imposição, não adianta entrar com ação e mais ação. O que vier a gente derrota com a militância trabalhando na rua”.
Frase do candidato petista, Anísio Maia, a Prefeitura de João Pessoa quando da inauguração do comitê de campanha nos Bancários. A frase pronunciada com tanta ênfase foi direcionada a Direita que – segundo a própria esquerda – ameaça à Democracia em todo o país e principalmente em Jampa, certo?
Errado! A frase dita com tanta garra e punhos fechados de luta foi direcionada ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores – PT, que tenta a todo custo destituir o seu Diretório Municipal por aqui e tornar nula a candidatura de um representante legítimo do partido com o claro objetivo de apoiar outra candidatura, de outro partido (PSB), Ricardo Coutinho (a quem reputo maior respeito e considero como um dos maiores representantes da esquerda em nosso estado). O que não o credencia, na minha opinião, a ser a escolha do PT Nacional na PB, em detrimento de uma candidatura, ao que me consta, genuína como do deputado Anísio Maia! Tal decisão acabou parindo um monstrengo que não assusta a ninguém, a não ser a própria esquerda! Que raios de estratégia é essa? Eu vou morrer dizendo isso: o verdadeiro inimigo não está dentro da esquerda, meus amigos. O inimigo está lá fora!
Sempre que falo isso (e olha que já faz um tempão), eu lembro das discussões com um velho amigo, hoje, ainda deputado aqui na Paraíba, em que eu, na minha santa ignorância (talvez), dizia-lhe não entender o porquê dessa bagunça interna, desse desentendimento, onde cada um cada pensa de um jeito e quer que o seu jeito seja o escolhido por todos e o meu velho amigo sempre me respondia: “É a democracia interna do Partido, Airton. É assim mesmo”! Pois muito bem! E lá se foram 16 anos até termos um trabalhador na Presidência da República! Não estou dizendo para se fazer alianças esdrúxulas e nem comprometer normas partidárias. Pelo contrário! Defendo aqui que o partido respeite o seu próprio programa e, por conseguinte suas respectivas candidaturas! Se Anísio não era mais, “bem-vindo” as hostes do partido, que isso tivesse sido resolvido bem antes de se colocar as candidaturas na rua! Tais atitudes só reforçam o grau de desunião que permeia as esquerdas em todo o país!
“O Diretório Nacional do PT, de acordo com o artigo 247 do Estatuto, analisou o pedido de intervenção aprovado pela Comissão Executiva Nacional, no dia 7 de outubro de 2020, e, após tomar conhecimento do documento de defesa apresentado pelo Diretório Municipal, que inclusive expos oralmente seus motivos durante a reunião, com 56 votos favoráveis e 23 contrários e duas abstenções, DECIDIU: Decretar a constituição de uma Comissão Interventora que estaria investida de todos os poderes para deliberar enquanto instância municipal em João Pessoa”.
Bom! Talvez eu ainda (no alto dos meus 60 anos de vida) tenha muito o que aprender para comentar sobre política e, portanto, não irei falar aqui como um analista político e sim como um cidadão comum que sempre lutou por direitos iguais, defendeu minorias e não se calou diante de imposições de qualquer natureza ao longo de toda a vida. Isso, sim, me dá o livre direito de opinar sobre o que ocorre nesse momento. Dito isto, tentarei discorrer alguns comentários que talvez possam não agradar aos que estejam envolvidos direta ou indiretamente nessa confusão que envolve o PT – Partido dos Trabalhadores – Diretório Nacional X Diretório Municipal – episódio que só nos entristece, pois apenas demonstra o total desalinhamento da esquerda (pois o PT ainda é o seu maior representante a nível nacional) e deixa transparecer uma desorganização que, infelizmente, só ocorre em momentos cruciais e decisivos como o de uma eleição! Que estratégia é essa?
Diz a matéria estampada nos principais sites que Anísio elogiou a posição do PCdoB, que apesar de ter sido muito assediado não rompeu a aliança com o PT. “Quem achava que um partido forjado na luta como o PT, com a militância acostumada a enfrentar a direita reacionária, com toda forma de repressão, com latifundiário e tudo mais pela frente, se enganou achando que nós iríamos se submeter a qualquer ordem autoritária que viesse de cima pra baixo. Se enganou totalmente”, disse.
Isso – me permitam dizer – é discurso para o enfrentamento a ditaduras, como sempre se fez (enquanto não havia eleição). Não parece ser de um membro de um partido de esquerda vociferando de punho cerrado para o seu próprio partido! Então o que dizer ao inimigo que dispara lépido e fagueiro nessa importante disputa diante de tanta desorganização? Culpa de Anísio Maia? Não sei. Acho que o próprio PT se permite a isso, a partir do momento que adota uma posição bastante embaraçosa diante do eleitor e da própria militância! E a essa altura do campeonato não há o que se saber para encontrar culpados! Repito: tivessem discutido tudo muito antes. Que se botasse numa mesma sacola, Anísio, Ricardo e outros mais que representassem o contraponto! O escolhido – fosse chapa pura ou de aliança – seria democraticamente o legítimo representante! Fora desse quadrado a militância fica bastante confusa! Não adianta aqui dizer que o PT tem o total apoio da sua militância e que entenderá muito claramente o que está acontecendo, que não é verdade! Aceitam os eleitores mais próximos do candidato (os amigos). Os de carteirinha apoiarão as decisões da Nacional, restando os que não apoiam uma coisa e nem outra. Se a própria sigla não se entende, como querer que o filiado, o eleitor, entendam? Não é preciso ser um matemático ou um grande analista político para fazer essa equação. Diante da situação o eleitorado se subdivide. Fragmenta-se os votos. É sempre assim!
Estratégia à parte. Eu fico aqui imaginando como estará a cabeça de um candidato a prefeito por uma cidade do porte de João Pessoa, jogado as feras (e são mais treze feras), cada uma rasgando um pedacinho da presa e que vença o melhor! Como levar a frente uma disputa tendo que defender as cores e as normas do seu partido que literalmente o abandonou? Como fica a coordenação desse candidato, se ele não pode dispor do apoio do seu próprio partido? Então o ex-presidente LULA vem para dar reforço ao amigo candidato (que é do PSB) ou subirá no palanque do candidato que carrega a sua estrela e de quem, também, é amigo? Estrela ou girassóis? Para mim, muito estranho tudo isso!
Que me perdoem os experts se estou desmerecendo a jogada de mestre de alguém, mas não acredito que se possa vencer um inimigo tão poderoso quanto o fascismo que cresce assustadoramente, aqui e por todo o mundo, construindo desavenças internas (já detectadas em outros partidos de esquerda) onde cada um, busca a sua forma exclusiva de ascender deixando em segundo plano uma possível união das esquerdas!
Se adianta uma humilde opinião, não voga a tese de que LULA seja o único capaz de derrotar a todos. A esquerda tem outros grandes e importantes quadros. Basta se ter foco e eleger internamente “O”! O próprio Lula deve pensar assim! E, a continuar dessa forma, “a classe trabalhadora jamais chegará ao paraíso”!
Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba