Quem acompanha nossas análises políticas semanalmente tem observado que quase todos os nossos prognósticos apontados para o cenário das eleições de 2022 vêm sendo comprovados de forma enfática, pois sabemos que as conjecturas políticas se formam entre a palavra de compromisso existente e suas respostas por meio de atitudes.
A política é o somatório de consequências que começa desde a promessa de agir até a realização das ações, sendo fundamental construir um trabalho com boa articulação. E é essa articulação que é construída com base em confiança, compromissos firmes e ações concretas. Isso nos remete ao que diz Marinah Soares “Liderança é confiança e confiança se constrói com comunicação”.
Sendo assim, com base nesse raciocínio, observamos desde há muito tempo algumas fissuras no relacionamento entre alguns membros da equipe do governo e a sua base política; fato que só agora começa a pesar de forma acentuada na articulação política para as eleições de 2022, pois, talvez, nem o próprio governador João Azevedo estivesse preparado para essa “implosão” dentro de seu grupo político.
Primeiro, temos que levar em consideração que mesmo assumindo o posto mais elevado do Estado, é mais do que notório que João Azevedo não teve em seu currículo uma trajetória assídua dentro dos movimentos populares, diferentemente de Ricardo Coutinho ou mesmo de Veneziano Vital que têm uma história política fortificada e que já foram forjados dentro dessas trincheiras de lutas e resistências na política paraibana.
Certamente, isso não impede uma reação mais brusca do governador de se recuperar dessas baixas, tendo em vista que possui a seu favor um governo ainda bem avaliado pela população, além de ter a “máquina” pública sob seu controle. De forma que essa sua incipiência na política não deve lhe rebaixar perante os outros a ponto de lhe deixar menos ousado; pelo contrário, João deve se mostrar ainda mais entusiasmado, mostrar que gosta de desafios, e daí a necessidade de reagir de modo urgente, inclusive com uma reforma administrativa para abrir espaços até mesmo para os antigos adversários e assim possibilitar novas estratégias para o seu futuro político, pois o tempo urge e não se pode mais procrastinar as ações de governo e os diálogos políticos.
Quem sabe não seria importante uma conversa com Romero Rodrigues antes dele anunciar a sua candidatura a Deputado Federal pela oposição, pelo menos, seria um caminho para minimizar o impacto eleitoral sofrido em Campina Grande, já que a permanência do quadro atual pode trazer grandes prejuízos a João, principalmente na região polarizada pela “Rainha da Borborema”.
Além de uma conversa com e ex-prefeito campinense, seria importante o início imediato das obras do Centro de Convenções de Campina Grande, inclusive, essa foi uma promessa feita pelo próprio Ricardo Coutinho e João Azevedo em discurso na Associação Banco do Brasil (AABB), em 2018.
Com o começo dessas obras, somada à possível adesão de Romero Rodrigues, o governador poderia ter um alívio em suas pretensões políticas, já que dentro das atuais conjunturas o prognóstico não é bom quando vemos as pré-candidaturas anunciadas de três filhos da “Rainha da Borborema”: Doutora Lígia Feliciano (PDT), Pedro Cunha Lima (PSDB) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), o que prova a sede de Campina Grande em retomar a hegemonia da política paraibana.
É bom salientar que Campina Grande tem por tradição o seu bairrismo. E o afastamento de Ricardo Coutinho, Lígia Feliciano e Veneziano Vital do governador tem um significado muito forte, pois foram esses atores que protagonizaram a vitória de João Azevedo em 2018.
Não temos dúvidas de que há indubitavelmente, nesse momento, uma queda vertiginosa na perspectiva de vitória de João Azevedo para 2022, e a não reversão dessa situação, começará a pairar no ar uma ameaça no futuro político de João Azevedo.
Diante de tudo isso, vemos que é preciso uma medida urgente por parte do governador no sentido de estancar essa “sangria”, pois, do contrário, o caso pode se tornar irreversível, inclusive, correr o risco de mais baixa como o próprio Efraim Filho que tem dado dica dessa possibilidade caso não seja o escolhido.
Há tempo estamos alertando. A verdade é que tudo isso já era esperado, pois seria impossível manter tantas lideranças juntas até o final. Vamos aguardar para o que ainda vem pela frente. De uma coisa temos certeza: nessas eleições de 2022 vem muita emoção. Quem viver, verá.
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Gildo Araújo