Judicialização e tapetão
No discurso de diplomação dos eleitos, anteontem, o procurador regional eleitoral, Rodolfo Alves, disse que não haveria terceiro turno na Paraíba. Naquele momento, estava fechado um ciclo político-eleitoral, segundo ele. A fala soou contraditória porque, horas antes, tinha entrado com uma ação que pede a cassação do governador reeleito, Ricardo Coutinho, e da vice, Lígia Feliciano, por abuso de poder político e econômico.
Mas, numa análise mais atenta à fala do procurador, é possível perceber que não há divergência de pensamento. Para ele, a legitimidade da eleição não poderia ser contestada mais, o processo foi democrático e perfeito. Ali, realmente, fechava-se um ciclo. No entanto,não se exclui a possibilidade do próprio MPE contestar o suposto abuso da máquina administrativa, o uso indevido de programas e recursos pelo governante reeleito e sua equipe. Doa a quem dor, é um direito de qualquer cidadão e um dever do órgão que o protege. Por isso, para ele foi natural fazer as duas coisas.
No mesmo evento, o governador reeleito disse no discurso de diplomação que é preciso combater a judicialização da política/eleição, para evitar que ela perca o que tem de melhor, a capacidade de convencimento, diálogo, debates. Para que a decisão do povo não seja subjugada ao crivo de juízes. RC está correto, mas esqueceu de dizer que a judicialização, condenada por ele, é provocada, justamente, pelas práticas suspeitas dos candidatos aos cargos. Denunciados, por exemplo, por compra de voto, uso da máquina e abuso de poder na eleição. Ou seja, para que a decisão de colocar ou tirar um eleito do poder não vá parar nas mãos dos juízes, as práticas dos políticos precisam mudar.
Quem nos dera tivéssemos uma eleição definida pela retórica e pelo trabalho. Limpa, sem coação, contratações de “servidores-eleitorais”, doações de campanha com dinheiro de caixa dois,distribuição de “benefícios-eleitorais”. RC condena a judicialização como se ela fosse o problema. Ao contrário, ela dá direito ao contraditório, a contestar e buscar supostos direitos usurpados do cidadão por causa da esperteza ou do abuso coronelista. Não creio nessa mudança “política”, mas, como disse o próprio Ricardo, é preciso fazer a reforma política. Por isso, não adianta condenar quem vai buscar a Justiça para exigir o seu direito. Muito menos o MPE porque quer investigar supostos crimes que mudaram o percurso do pleito.
Difícil
O fato é que vai ficar até difícil acompanhar o percurso das dezenas de ações impetradas no TRE. Só relembrando, a coligação do senador Cássio (PSDB) entrou com oito contra as práticas de RC e equipe na campanha, supostamente irregulares.
MPE
Tem ainda duas ações de investigação do MPE, protocoladas ontem. Uma relacionada a contratações irregulares no período eleitoral, distribuição de kits escolares e problemas na distribuição de recursos do Empreender.
Vedada
A outra está relacionada à conduta vedada de uma servidora do estado que teria feito propaganda política em favor do governador reeleito, durante o horário de expediente. Coagindo servidores. Tudo foi gravado
Lado RC
Do lado de RC, só nos últimos dias, foram quatro Aijes contra Cássio. Elas questionam o uso da prefeitura de Campina na campanha, publicidade feita no Jornal dos Municípios e uso de aparatos sindicais.
Faz-me rir
Reginaldo Pereira acordou prefeito de SR? Sim. Mas ontem ele não foi “descassado” e cassado novamente? Sim. Melhor não tentar buscar a cronologia dos fatos. O fato é que, ontem, o Tribunal de Justiça anulou a cassação de RP, feita pelos vereadores em março deste ano. O juiz Aluízio Bezerra entendeu que houve irregularidades no processo. Motivos que fizeram os vereadores, anteontem, voltarem atrás na decisão. Aliás, no caso dos parlamentares, dizem por aí, que há algo a mais. Interesses pessoais. O “faz-me rir”, como diz um amigo.
Demissões
Nas ruas de Santa Rita, a conversa é que a revolta dos vereadores contra Netinho tem tudo a ver com as demissões que ele teve que fazer para ajustar as contas.
Ex-parceiro
No meio das exonerações,estavam parentes e apadrinhados dos parlamentares. Netinho “quebrou” a confiança e numa reuniãozinha, eles resolveram derrubar o antigo parceiro.
Despedida
Foi com versos do falecido senador e poeta Ronaldo Cunha Lima que o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) iniciou sua despedida do Senado, ontem. São quase oito anos de mandato.
Frase
Seu atual mandato de senador encerra-se em 31 de janeiro de 2015.“Ponto a ponto, fio a fio, enfrentei o desafio de cerzir tempos puídos”, recitou Cícero.
Tabelinha
O prefeito de Cabedelo, Leto Viana, resolveu convocar servidores para participarem de todos os eventos de fim de ano da prefeitura. Tem tabelinha e tudo. Mas tem gente reclamando.