O escritor, poeta, jornalista e editorialista José Nêumanne Pinto, do jornal “O Estado de São Paulo”, definiu com propriedade, ontem, o simbolismo da eleição do executivo e articulista Roberto Cavalcanti Ribeiro como novo integrante da Academia Paraibana de Letras, obtendo votação expressiva: “Roberto Cavalcanti é representante da imprensa, algo imprescindível em uma democracia e vice-versa”. Responsável por projetos vitoriosos de expansão e dinamização do jornal “Correio da Paraíba” e de outros veículos do conglomerado de comunicação, Roberto tem credenciais, sim, para estar na Academia. Antes mesmo de sequer cogitar em entrar na Casa dos Imortais paraibanos, ele abriu as páginas do “Correio da Paraíba” para artigos, crônicas e comentários de quem já fazia parte da APL. Até que decidiu construir seu próprio legado, incursionando pela abordagem lúcida de temas candentes da realidade nacional ou por reminiscências afetivas que realçam a sua dimensão humana.
Ao dar o parecer para a inscrição de Roberto Cavalcanti, o acadêmico Itapuan Botto Targino ressaltou o seu espírito criativo, inovador e empreendedor, lembrando que ele escreveu 925 crônicas e artigos publicados no “Correio da Paraíba” entre os anos de 2009 e 2019, apresentados à Academia em 11 volumes cronologicamente encadernados. Também é autor dos livros “Meu Tempo sobre o Tapete Azul”, lançado em 2010, e “Como Penso”, deste ano. Dou o testemunho porque, juntamente com o poeta, escritor e meu editor Juca Pontes fui convidado pelo doutor Roberto Cavalcanti para selecionar artigos que farão parte do novo livro a ser lançado, com a chancela da iniciativa privada. Sem demérito de Ney Suassuna e Germano Romero, que concorreram com Roberto, ontem, à Academia, destaco, para além das 925 crônicas produzidas e apensadas ao currículo na inscrição na APL, a valiosíssima contribuição prestada pelo neo imortal, pernambucano de nascimento e paraibano por adoção.
Numa conjuntura mundial em que a imprensa enfrenta processo traumático de adaptação às mídias digitais e redes sociais, Roberto Cavalcanti fez-se obstinado em valorizar essas ferramentas, como foi sensível a outros estágios de modernização dos meios de comunicação, mas ao mesmo tempo reforçou a valorização do jornalismo impresso, que ainda tem forte impacto junto ao público leitor, que não se satisfaz com a síntese do noticiário da internet e prefere abordagem mais densa dos fatos e das notícias, até como condição sine-qua-non para firmar juízo de valor sobre as polêmicas que estão no centro das atenções. É preciso enfatizar que enquanto jornais históricos como “O Norte” e “Jornal da Paraíba” sucumbiram à transição para a era online, o “Correio da Paraíba” sobreviveu, sobranceiro, como se fosse uma espécie de patrimônio intocável dos paraibanos, fazendo com êxito a simbiose com as novas tecnologias. Tudo isso decorreu da visão de longo curso de Roberto Cavalcanti, que foi beber na fonte, em jornais como o New York Times, nos Estados Unidos, para entender como conciliar a convivência entre o impresso e o online. Este, um grande mérito que demonstra não apenas a sua larga sensibilidade, mas, também, a competência para “fazer”, para encontrar alternativas aos desafios que se apresentam no cotidiano.
Ter na Academia Paraibana de Letras um representante da imprensa, “algo imprescindível em uma democracia e vice-versa”, como definiu o jornalista José Nêumamne Pinto, será fundamental para oxigenar a instituição chamada de Casa do Pensamento Paraibano, não fosse o novo imortal dono de um temperamento irrequieto, aberto às mutações e receptivo aos grandes confrontos. Roberto Cavalcanti mergulha em certas empreitadas como se estivesse diante de batalhas épicas e nelas investe todo o seu potencial de talento, energias e sinergia. É dele esta definição exemplar que faço questão de registrar: “A comunicação traz para a opinião pública aquilo que existe de concreto. A Paraíba é extremamente prodigiosa em sua produção literária e artística. Nossa missão é transmitir esse fantástico acervo que a Paraíba nos oferta. Temos uma equipe fantástica e competente que está empenhada em transmitir aos paraibanos a sua riqueza, seu potencial”. Mais eloquente do que isto, impossível. Roberto está com todos os méritos na Academia Paraibana de Letras.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Polêmica Paraíba
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Nonato Guedes