Às vezes fico em dúvida se ainda sou criança.
Numa sessão de terapia ( eu comecei a fazer, terapia, ainda no ventre da mãe) fui “acusado” de ter a síndrome de Peter Pan, que nunca ia crescer.
Pois bem, segundo o vate meu destino era ser criança pra todo sempre. Na hora até que gostei do estereótipo, mas a medida que a psicóloga foi discorrendo sobre a síndrome, eu fui esmorecendo. Naturalmente que passar pela vida sem os problemas de saúde que a velhice traz consigo, já era um bilhete premiado. Memória, força , vitalidade, sexualidade, disposição, músculos, visão, etc, permaneceriam intactos com a passagem do tempo. As preocupações e responsabilidades estariam minoradas. Até voar seria possível. Mas ser uma eterna criança também oferecia seus dissabores.
Com a ampulheta do tempo congelada, vai faltar a Peter Pan as condições necessárias pra ter filhos, constituir uma família, enfrentar desafios e chegar à maturidade. Sendo eternamente criança eu não precisaria colocar botox, fazer dieta, não tomar mais coca-cola e por aí vai. O fato é que a sabedoria só chega com o tempo vivido, com as experiências desfrutadas, com as dores sentidas, com os reveses e sobretudo com as alegrias. Ao final da explanação tomei a minha decisão.
“Ser ou não ser, eis a questão:” eu seria criança sempre que a vida assim o permitisse e seria um adulto quando não tivesse escapatória. Em resumo. Eu nunca deixaria morrer a criança que habita em mim ( piegas né?) sem jamais esquecer que sou um adulto, que sem hesitar vai amealhando enredos e histórias, argamassas e pilares da existência. Nesse cenário faço jus a um presente, mesmo que que seja de faz de conta. Você se habilita?