Opinião

Deusdete Queiroga: Um Erro Estratégico De João Azevedo - Por Gildo Araújo

A política é a arte do diálogo, mas sobretudo de estratégia, onde só os melhores que se articulam, sobrevivem. Aliás, a gente aprende isso

Foto: Reprodução
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A política é a arte do diálogo, mas sobretudo de estratégia, onde só os melhores que se articulam, sobrevivem. Aliás, a gente aprende isso desde a lei do uso e desuso, uma lei da teoria evolutiva proposta por Jean-Baptiste Lamarck, que diz “os órgãos dos seres vivos se desenvolvem ou atrofiam de acordo com o quanto são usados: se são usados com frequência tendem a se desenvolver e se tornar mais funcionais, enquanto que os órgãos que não são usados com frequência tendem a atrofiar e regredir”.

Tudo isso é para fazer um parâmetro do que pode vir acontecer na política do Estado a partir da possibilidade do governador João Azevedo (PSB), vir a indicar o nome do secretário de infraestrutura da Paraíba, Deusdete Queiroga Filho (PSB).

Mesmo que ainda de forma empírica, o nome de Deusdete Queiroga deve ser avaliado olhando todo o seu histórico. Pois, trata-se de um ex-deputado ainda da década de noventa, que mesmo assumindo um cargo público, é totalmente inativado politicamente falando, pois além de não possuir nenhuma influência política no Estado, é um nome totalmente desconhecido pela população em geral.

É bom lembrar que esse negócio de dizer que Deusdete é o João de Ricardo Coutinho (PT) é um erro estratégico de quem está querendo introduzir essa ideia, pois o tempo é outro. Deve-se tomar em conta que o ex-governador Ricardo Coutinho tinha o domínio de todo arcabouço político, conhecia os meandros e as filigranas dos partidos aliados e suas lideranças, já que conhecia e ainda conhece a política como poucos, pois foi vereador, prefeito de João Pessoa, deputado estadual e governador, ou seja, naquele tempo, Ricardo sabia conduzir com maestria a candidatura de João Azevedo a governador, inclusive, João sendo filho de João Pessoa e isso pesando e muito dentro da geopolítica da indicação, pois era alguém que poderia abafar os votos contrários advindos de Campina Grande, reduto sempre contrário ao governo do Estado.

A verdade é que do ponto de vista administrativo, Deusdete Queiroga foi uma excelente escolha, pois é um engenheiro por formação e tem prestado um excelente serviço a Paraíba, mas ventilar a possibilidade de ele vir a disputar um governo da Paraíba, só com o apoio do governador, é uma temeridade, e isso começa a colocar em risco a eleição do grupo de João Azevedo nas eleições de 2026.

Imaginemos que o governador João Azevedo desista de ser candidato e coloque Deusdete para ser o seu candidato. Antes de tudo, deverá perder o apoio do Progressistas de Aguinaldo Ribeiro, Lucas Ribeiro e até do prefeito Cícero Lucena, além da senadora Daniella Ribeiro (PSD), que vendo seu filho, o vice-governador, fora da disputa, jamais irá apoiar o candidato do governador João Azevedo.

E isso pode gerar um efeito dominó, ou seja, o Republicanos que é um grupo muito forte, composto por 8 deputados estaduais e 3 federais, tendo o presidente da Assembleia Adriano Galdino e o futuro presidente da Câmara Federal, Hugo Motta, também não irá engolir uma “candidatura de goela abaixo”, vinda do Palácio da Redenção, tendo em vista que não vimos, nem ouvimos nenhum partido aliado comungar com essa possibilidade em aceitar essa possível candidatura de Deusdete ao governo da Paraíba.

Pelo jeito, tem alguém estimulando o governador João Azevedo a colocar “fogo no parquinho das Eleições de 2026”. E o que já se pode observar é que deve ter alguns assessores dentro do Palácio da Redenção que ficam instigando o governador a tomar tal atitude, com o objetivo de criar arestas, o que só favorece à oposição que começa a assistir de camarote todo esse cenário político, pois sabe que a perdurar esse comportamento de indicação de Deusdete, haverá muitas baixas no governo, inclusive, com reflexos na possível candidatura de reeleição do presidente Lula na Paraíba, e isso tem que ser levado também em consideração.

Talvez o governador João Azevedo não tenha enxergado que mexer com esse vespeiro agora só aumentam as articulações dos partidos aliados com os oposicionistas que estão dispostos a todo tipo de negociação.

Temos certeza que, a partir do que estamos alertando, haverá ainda essa semana uma movimentação intensa dos partidos e dentro do próprio governo para encontrar uma forma de resolver essa possibilidade de indicação do secretário Deusdete, pois pode colocar todo planejamento estratégico para 2026 fora de qualquer cogitação, pois haverá perdas irrecuperáveis de parlamentares e lideranças aliadas cujos reflexos resultarão em uma derrota acachapante. “A teimosia é própria daqueles que não sabem o que acontece ao seu redor, por isso optam pelo que lhes convém”. (Zezezus).

João, João, cuidado! Como diz lá no meu interior, “quem engole corda é cacimbão”.

Quem viver, verá!

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba