Vou logo dizendo que não vi ao vivo a entrevista do Six, digo Ciro Gomes. Estava trabalhando em outra frente.
Mas, nem precisava do cirúrgico relato de amigos, testemunhas oculares, notas de imprensa e trechos soltos para saber que o clima foi mais ameno na bancada que a noite de estreia com o presidente Bolsonaro, suas colas, mentiras, raiva contida e outras patifarias.
Natural. Ciro não teve compromisso/legado de governo no cargo que almeja para ser contestado.
Não há incongruências gestoras a se questionar, promessas descumpridas.
Ao contrário do que quer distorcer o povo estranho de Bolsonaro, em comparações esdrúxulas do tipo: “Globo lixo, atacou meu ‘Mito’ e bla bla bla”.
Mais natural ainda é a entrevista de Ciro ter rendido menos audiência do que a de Bolsonaro, que foi recorde da emissora global no JN em tempos. Embora o espaço com o pedetista também tenha registrado pontuação acima da média no horário.
Êxito da Globo, com demonstração de força do seu tradicional espaço/formato.Ciro desfilou seu arsenal de propostas. Volumoso, contundente, é claro… Tem um plano de governo completo, definido, esmiuçado. Além de conhecer “do riscado”, por experiência larga no executivo.
Mas cheio de populismo que ele tanto ataca. Afinal, insiste em idéias como não concorrer a reeleição (ele que já disse não concorrer mais a presidência); anuncia ruptura sistêmica geral (ele que conhece bem a máquina e a viabilidade de governar isoladamente).
A boa desenvoltura tradicional e, o não tão convencional assim, tom sereno, rendeu celebração da campanha cirista que, quase sozinha, ainda acredita, ou força crer alguma possibilidade de virada neste jogo polarizado em apenas duas frentes.
Teve mais…
Depois da entrevista no JN toda participação de Bolsonaro em sabatinas e afins será, obrigatoriamente, com um detector de mentiras.
Mas máquina boa pra agüentar o tranco.
Que o alarme vai ressoar e ecoar até o cercadinho do Planalto.
A cada disparo do aparelho, um batalhão de fact checking entra em ação e um telão em high-definition desce exibindo a patifaria anterior do cidadão e desmentindo o desmentido dele.
“Eu nunca xinguei ministro do STF”
Em CAIXA ALTA, VOLUME 10, a JBL da Globo mostra:
“Saiiiiiii Alexandre de Morais, canalhaaaaaaa…”
O “pai da mentira” insiste:
“Mostre aí um áudio comigo imitando alguém com falta de ar:”
TOMA, INFELIZ (e aí o telão exibe aquele ultraje as vítimas e familiares com o dito cujo simulando tosse seca)
Isso, invariavelmente, já transformaria a entrevista do cidadão em um duelo de prova e contra-prova. Reduziria em mais da metade seu tempo de contar anedotas e pouparia a todos.
Voltando ao conteúdo, ou falta dele. Quando não era mentira explícita, deslavada, tratava-se de distorção de dados.
Deflação? Por míseros pontos decimais de queda, em um único mês, o líder da naçào vai a maior rede nacional fazer chacota da cara do povo? Olha a inflação acumulada neste, no seu governo?!?!
Olha quanto custa o leite, óleo, qualquer item básico.
Melhor condução mundial da pandemia? Quase 700 mil mortes da “gripezinha, ou resfriamento” do presidente que receitava cloroquina e estimulava desordem. Brasil detem dois por cento da população mundial e mais de treze por cento das mortes por covid. E a culpa é de quem?
No mais vou admitir que na distopia geral do terraplanismo que o cerca, Bolsonaro foi bem no debate. Não se espante
Noves fora mentir em tudo (o que, definitivamente, não importa em tempos absurdos), Bolsonaro não esmurrou a mesa, xingou Bonner, ou fez a trivial piada sexista de tiozão com a Renata.
Pelo histórico, saldo mais que positivo, mesmo que, aparentemente, apenas para a sua turba inflamada.
Voltamos a qualquer instante com mais detalhes das entrevistas do JN com candidatos a presidente da República.
Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Polêmica paraíba