A desistência de Raimundo Lira de disputar uma das vagas para o Senado, finalmente anunciada hoje, mostra, entre outras coisas, que as candidaturas de Lucélio Cartaxo e Micheline Rodrigues se reduzem cada vez mais a um único objetivo: salvar Cássio Cunha Lima de uma derrota em outubro próximo.
O primeiro movimento errado de Lira foi acreditar que a aliança Cartaxo-Cunha Lima acabaria por aglutinar toda a oposição e se reeditaria as polarizações que marcaram desde sempre as eleições para o Governo da Paraíba, e isso se desdobraria numa disputa entre apenas quatro nomes para o Senado.
Reduzida a disputa a apenas duas chapas, Lira apostava no apoio dos muitos prefeitos eu ele arrebanhou pelo estado, ajudado por sua influência no governo Temer. Além disso, Lira contava que esse palanque catapultasse sua candidatura, apoiado na força das prefeituras de João Pessoa e Campina. E, claro, no apoio financeiro proveniente de sua fortuna pessoal de grande empresário.
Essa avaliação fez Lira, que tinha vaga assegurada ao lado de José Maranhão, romper com o velhinho para fazer o jogo dos Cartaxos e dos Cunha Lima. A intenção era clara: esvaziar candidatura de Maranhão para viabilizar a estratégia que dos Cartaxos-Cunha Lima.
Não foi apenas a candidatura de Lira que naufragou, mas essa projeção. José Maranhão não apenas manteve a candidatura − já estamos em junho e a o emedebista continua a demonstrar surpreendente solidez eleitoral − como conseguiu ampliar sua base política e é hoje o favorito para ter o apoio do PP dos Ribeiros e do PSC dos Gadelha. Na semana passada, os Lacerdas anunciaram apoio a Maranhão, mais uma baixa importante para os Cartaxos-Cunha Lima.
Enquanto isso, a candidatura verde-tucana vê a crise se aproximar cada vez mais de suas hostes, e o anúncio da desistência de Raimundo Lira apenas ratifica essa situação. Os Cartaxo-Cunha Lima provam agora do veneno que ofereceram, através de Lira, a Maranhão. E essa é uma crise muito mais perigosa e que pode ser definitiva em razão da proximidade de importantes decisões que estão prestes a ser anunciadas.
E a candidatura dos Cartaxo-Cunha Lima tem cada vez menos a oferecer aos potenciais aliados. O fraco desempenho de Lucélio Cartaxo e Micheline Rodrigues nas pesquisas de consumo interno esvaziam as expectativas de vitória e afugentam partidos e candidatos que observam atentamente esses números para tomar suas decisões. E eles não podem erra nessa hora.
Para piorar as coisas, o candidato a governador não ajuda. Com um desempenho pessoal considerado abaixo da crítica em razão da falta de preparo para assumir posição de tamanha responsabilidade, Lucélio Cartaxo tem sido o maior obstáculo ao crescimento da chapa. Aliás, Lucélio é mais vítima da situação porque ele foi literalmente jogado às feras no remendo feito às pressas após os postulantes originais à candidatura, Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues, roerem a corda e desistirem por receio de abandonarem seus cargos, serem derrotados e ficarem a ver navios depois de outubro.
Enfim, a desistência de Raimundo Lira pode ser lida de diversas maneiras, mas antes de mais nada ela explicita a crise da aliança entre duas famílias para retomar o controle político da Paraíba.
Salvar Cássio em outubro pode ser o único objetivo da aliança entre os Cartaxos-Cunha Lima. Talvez nem isso.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Flávio Lúcio