Uma reportagem minuciosa da revista “Veja” traça um panorama das divisões reinantes no PSL, o partido do governo que não consegue dar sustentação ao governo de Jair Bolsonaro no Congresso. Outros órgãos de imprensa mencionam que o deputado federal paraibano Julian Lemos, eleito pelo PSL e que se apresentou como porta-voz de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 no Nordeste, sendo, depois, desautorizado por filhos do próprio presidente, entrou na linha de tiro das divergências internas e já não senta na mesma mesa que seu colega de partido Major Vítor Hugo, líder situacionista na Câmara. “A animosidade está em ebulição máxima”, comenta, a propósito, o colunista político Edinho Magalhães, do “Correio da Paraíba”, baseado em Brasília.
Pelo relato da “Veja”, a inexperiência do deputado goiano Major Vítor Hugo, como tantos de seu partido, o PSL, um parlamentar em primeiro mandato, tem prejudicado sua atuação como líder na Câmara. Hugo tem se incompatibilizado com parlamentares até em redes sociais como o WhatsApp e um exemplo bastante citado é o desentendimento com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM-RJ, que anunciou que não conversaria mais com o Major por ter se sentido insultado por uma charge por ele reproduzida, caricaturando a figura de Maia. O PSL, de acordo com “Veja”, é uma sigla sem unidade orgânica, cujos membros dispersam energias em discussões miúdas. A publicação chega a qualificar o partido que devia ser o esteio do governo Bolsonaro como uma agremiação invertebrada.
Com 54 deputados, quatro senadores e três governadores, o PSL está sendo comparado a um saco de gatos – um aglomerado de personalidades eleitas na onda anti-establishment do bolsonarismo. Certa de 70% dessas personalidades estão em primeiro mandato. Muitos ganharam projeção por meio do ativismo digital e tornaram-se reféns das redes sociais que os ajudaram a chegar a Brasília. “Como nossos parlamentares foram eleitos? Não nos reunimos em porões de palácio, escondidos. Nós quebramos o pau aqui”, disse o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir, que considera as brigas entre correligionários “uma delícia”. O governo, por conta dessa balbúrdia generalizada, tem perdido as principais votações na Casa justamente porque não encontra na legenda do presidente a coesão necessária para defender seus interesses no Congresso.
– No PSL, cada um é sua própria liderança e não há ninguém disputando uma visão hegemônica para o partido – diz Ricardo Sennes, diretor da consultoria Prospectiva. O partido não é desarticulado apenas no Congresso. Em São Paulo, há uma briga renhida pelo poder. Eduardo Bolsonaro, que substituiu o Major Olímpio na presidência estadual, tem se movimentado para preencher as vagas da executiva paulista com aliados, o que desagradou a políticos que buscam espaço internamente. A convocação de protestos pró-Bolsonaro para hoje em todo o país escancara as divisões do PSL, que dificilmente harmonizará em tempo hábil as suas tendências.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes