Eu já nem sei o que incomoda mais, se a imbecilidade que aflora na sociedade brasileira e que parece contagiar a multidão dia após dia, a truculência gratuita de um ser nascido dessa falta de inteligência, ou a trama inteligente de uma organização do mal que sabiamente tira proveito dessa ignorância coletiva de uma metade medíocre e descerebrada e que segue construindo a sua rede de atrocidades impunemente diante de uma sociedade (a outra metade) atordoada e mais fragilizada pelo golpe sofrido a pouco tempo.
A verdade é que estamos de volta ao começo, quando uma doença misteriosa nos foi trazida por um homem infectado na Itália em 26 de fevereiro do ano passado. O homem se recuperou, mas o vírus se espalhou devastando o país. No entanto não podemos culpar apenas aquele homem pelo acidente. A questão é que o problema foi negligenciado e negado até os dias de hoje por quem deveria ter adotado as providências necessárias. O negacionismo do Presidente da República, o descaso com a pandemia que já vinha engolindo o mundo, levou o país a esse estado de calamidade pública. Se tivesse sido o contrário a pandemia poderia muito bem ter sido combatida com precauções, inteligência e prevenções. Se o mal que antes era ainda uma ameaça tivesse encontrado por aqui um governo determinado, resistente, preparado e defensor da ciência, tudo poderia ser diferente nesse momento. Talvez não estivéssemos com quase onze milhões de casos já registrados e mais de duzentos e cinquenta e cinco mil mortes já consumadas.
Não bastaram os acontecimentos devastadores de 2020, quando o país inteiro chorava seus mortos e sofria com o desespero das famílias que enterravam seus entes queridos a distância, sem que pudessem sequer, se despedirem. Não foi o suficiente ver um país sucumbir a miséria, com o fechamento de empresas, da indústria e, consequentemente, o aumento desesperador do desemprego. E as nossas ruas de repente viraram um deserto só. Nada de gente, nada de ônibus, nada de nada. As pessoas foram obrigadas a se trancarem em suas casas, não podendo nem mesmo ir as igrejas para rezar e pedir o fim da calamidade. Não havia ninguém para dar a esse povo a esperança, uma palavra que significasse segurança! Sempre estivemos só. Apenas nas ruas um líder de ar debochado e desbocado, montado em seu cavalo de morte. E ele sorria e contava piadas que só a ele parecia fazer alguma graça. Minto. Sorria, também, o grupo de seguidores que o seguiam (e seguem até hoje) fazendo alvoroço, como uma claquete patética a aplaudir um sitcom medíocre de uma produção totalmente desprovida de talento.
Enquanto isso, lá fora, o mundo se precavia e governantes (Trump não conta), enfrentavam o inimigo com determinação. Cidades inteiras foram fechadas e quem descumpria determinações eram punidos com multa ou outras penalidades. Imediatamente vacinas foram estudadas e não se perdeu tempo. Em tempo recorde o mundo testava pessoas, testava vacinas e populações passaram a ser imunizadas, por que antes de qualquer coisa, antes de tudo, estava a vida humana.
No Brasil as pessoas morriam aos milhares e o “cavaleiro em seu cavalo” desfilava aglomerando, sem mascaras, sorrindo e recebendo os aplausos da sua claquete descerebrada. Mais importante era a economia! E o dólar subiu a estratosfera e os alimentos também. Voltamos a linha miserável da pobreza. Os nossos velhos e novos líderes políticos meteram a mão com muito mais avidez e nos roubaram muito. Desviaram recursos da saúde que, se utilizados com honestidade e sabedoria, teriam salvado muitos milhares de vidas! Mas, para que vacinar? Gente é para morrer mesmo! Todos nós vamos morrer um dia. Para que choro?
E o cavaleiro seguia montado no cavalo do terror, desencorajando muitos e tripudiando de todos. “Enfrentem o vírus como homens”! E negligenciou testagem (quase sete milhões de testes ficaram guardados e acabaram sendo enviados para fora do país quando já estavam perdendo a sua eficácia). O Brasil jamais foi prioridade! Não fossem os governadores que assumiram as rédeas em defesa da população dos seus estados e, metade desse país teria sido enterrada em cova rasa! Por tanto, “Salve os governadores!
O fato mais recente e lamentável que envolveu o Presidente, foi em seu discurso ao visitar o Ceará, quando acabou ameaçando governadores pelas medidas adotadas para salvar vidas. Bolsonaro falou do auxílio emergencial miserável que poderá vir a ser de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) a partir de março e por quatro meses e o condicionou as atitudes de cada governador: “A partir de agora cobrem o auxílio emergencial do seu governador que resolver fechar o estado e não do governo federal”. Definitivamente não parece um governo que queira assumir as suas responsabilidades para com o seu povo!
Foi o governador de São Paulo, João Dória, quem resolveu tomar a dianteira e a esperança surgiu como uma luz no fim do túnel. Sabemos perfeitamente que não foi apenas por compaixão, pois temos eleições importantes (a mais importante podemos dizer) quando a população vai eleger o novo presidente da república em 2022. E para tanto o povo precisa estar vivo para fazer essa escolha, não é mesmo? A verdade é que ele se antecipou a Bolsonaro e comprou a vacina! Como ousava o arqui-inimigo do rei tomar tal atitude? O Capitão não gostou nada da ideia e resolveu mudar a estratégia. Uma guerra imediatamente foi posta nas ruas pois 2022 é muito importante para os dois lados! Nada honroso, mas preciso admitir: Ponto para Dória. Se isso lhe somará pontos rumo a Presidência daqui a dois anos, não importa. A população é que deve estar em primeiro lugar e esse fio de esperança é o que realmente nos importa.
E em janeiro de 2021 o Estado do Amazonas sofre com o descaso governamental e a absoluta falta de respiradores e outros equipamentos causam o maior desastre humanitário do ano, com a morte de dezenas de pacientes literalmente asfixiados pela falta de oxigênio. As vidas humanas perdidas, as dores das famílias pelas perdas chocaram o mundo! Que governante é esse que apenas sorri com a desgraça do povo o qual precisa cuidar e que segue preocupado apenas em cuidar da própria família desastrada, desqualificando profissionais e acovardando-se sempre que um jornalista indaga pelos processos que cercam os filhos, encerrando entrevistas que nem sequer teve tempo de começar. Que liderança é essa que só decepciona o povo e põe a nação de cócoras diante do mundo? Se não tivessem havido os descasos muitas vidas poderiam ter sido salvas. E vem a pergunta que não pode calar: O negacionismo governamental poderá um dia ser cobrado e julgado como crime contra a humanidade? Que a cega senhora nos responda.
Estamos de volta ao começo. Mas, apesar da luta de muitos governadores ao impor medidas sérias (outras nem tanto) para diminuir as aglomerações, as pessoas parecem não levar a sério as determinações e seguem cegamente o líder em seu cavalo aglomerando, não usando máscara e desfazendo das vacinas como única medida segura para salvar a população. Chegam as vacinas e quando a vacinação parecia de vento em popa, eis que faltam vacinas e o processo acaba sendo suspenso em muitas cidades e estados. O governo novamente não fez o dever de casa e a população se desespera.
Em cinco meses de 2020 – de 17 de março a 08 de agosto – 100 mil pessoas vieram a óbito e nessa segunda fase da doença – de setembro de 2020 a fevereiro deste ano – apenas cinco meses quase 160 mil pessoas já morreram. Os céticos continuam mais céticos ainda e parecem não estarem interessados nesse crescente de contaminação e de mortes. As pessoas continuam fazendo festas, indo as praias, se contaminando e contaminando as famílias! E isso é mais assustador ainda!
Por tanto não temos outra saída. O país voltará ao deserto do começo de tudo. Governadores voltam a impor medidas extremas e começam a fechar o Brasil novamente! Muitos estados já não dispõem de leitos para atender aos casos e vidas humanas – mais do que nunca – estão sendo sorteadas em hospitais pelo país. Há quem diga – e não temos como provar – que profissionais desesperados já disputam no palitinho ou no par ou ímpar quem sobre vive e quem morre!
E se isso não assusta você, então não se vacine e ceda o lugar para quem quer e precisa muito viver. Abdique, quando e se por acaso precisar, do seu leito de UTI e respirador e ceda para quem luta desesperadamente pela vida!
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba