A temperatura da crise interna no PT de João Pessoa escalou mais um grau com a “recomendação” feita ontem pelo senador Humberto Costa, de Pernambuco, para suspender o rito da prévia que escolherá a/o candidata/o do partido à Prefeitura de João Pessoa. Humberto Costa é coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral que organiza a participação do PT nas eleições de 2024 em todo país.
Soou no mínimo estranho João Pessoa ter sido incluída na lista das capitais com problemas a serem resolvidos, ao lado de Recife, Rio de Janeiro e Curitiba, já que, desde a última segunda, com a desistência do ex-prefeito Luciano Cartaxo, de participar das prévias, a deputada estadual Cida Ramos passou a ter o campo livre de candidata única do PT.
Em entrevistas concedidas a vários meios de comunicação de João Pessoa, na manhã de hoje, Humberto Costa mencionou “conflitos” internos como justificativa para tomar a atitude de interromper a prévia, marcada para 7 de abril. Como parece claro que o fim para os conflitos só acontecerá com a retirada da candidatura de Cida Ramos, em apoio a Luciano Cartaxo, espectativa que a deputada petista já cuidou, hoje mesmo, de enterrar, fica evidente que a intenção de Humberto Costa visa apenas ganhar tempo, numa manobra para impedir as inscrições para a prévia e a realização da votação. Quem sabe, empurrar com a barriga até que a prévia fique inviabilizada.
Um contrabando que ligou todos os alertas do PT da Paraíba e serviu para evidenciar que Luciano Cartaxo pode não ter representatividade alguma na militância do PT pessoense, mas parece que adquiriu grande prestígio em Brasília, com alianças de causar estranheza até mesmo naqueles acostumados com o lago de bílis com o qual a esquerda na Paraíba de acostumou nos últimos quatro anos. Cícero Lucena e Cida Ramos, vejam vocês, viraram a cruz e a espada.
Cartaxo pretende, como último recurso para ser candidato a prefeito de João Pessoa, uma virada de mesa patrocinada pela Direção Nacional do PT. Mas, não se enganem. O ex-prefeito tem a carta na manga da dissidência, e vai usá-la caso não prospere a intervenção nacional no PT de João Pessoa. Aliás, ele já está fazendo isso. Enquanto a tese da candidatura própria se fragiliza, também se enfraquecem Cida Ramos e a direção municipal do PT, preocupados não em pedir voto, mas com explicações sobre as intermináveis disputas internas do PT. Com o agravante de que ambos podem ter que lidar, mais à frente, com o prato feito enviado diretamente de Brasília, com a anuência do próprio Luciano Cartaxo.
Os rumos estão dados. Só não vê que não quer.