Um ano depois de criada a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, já sob a denominação de Filipéia, os jesuítas construíram um prédio (onde hoje se encontra o Palácio do Governo) que lhes serviria de residência, a partir de então. Pouco tempo depois disso foram expulsos da colônia, pela primeira vez, e deixaram tudo para trás. Havia muita coisa ainda a edificar no conjunto arquitetônico pretendido. Mais tarde, quando voltaram, em 1676, terminaram por erguer uma capela e um outro prédio, destinado a colégio, para novamente deixarem tudo entregue às almas ao serem outra vez expulsos do Brasil, em 1759, por iniciativa do célebre Marquês de Pombal.
Em 1771, por determinação real, a residência construída pela ordem foi destinada a sede do governo, permanecendo nessa condição até a data presente, quando está prestes a mais uma mudança histórica: vai virar o Museu da História da Paraíba, enquanto a sede do governo se passa, com tudo o que tem direito de levar, para o velho prédio que até dias atrás servia de abrigo para o Comando da Polícia Militar, entre as praças Aristides Lobo e Pedro Américo, na cidade baixa. O edifício, que se posta de frente para a atual Praça João Pessoa, logradouro que já atendeu pelos nomes de Largo da Igreja do Colégio, Pátio do Palácio, Largo do Comendador Felizardo, Praça Felizardo Toscano e Jardim Público, foi cenário privilegiado de inúmeros acontecimentos da história da capital paraibana e do estado, enquanto sede do poder.
O próprio prédio é repositório de delicadas e históricas peças que representam séculos de vivências. Mas não significa que tenha escapado de reformas durante esse tempo todo, segundo nos conta o Memória João Pessoa do Departamento de Arquitetura da UFPB. Uma delas ocorreu no breve governo de seis meses de Henrique de Beaurepaire Rohan (1857-1858), quando andava pouco apresentável. Em 1859, pontuais e providenciais reformas organizaram a construção para alojar a comitiva de Dom Pedro II. Entre os anos de 1873 e 1876, período que compreendeu dois governos, aconteceram novas reformas. Já no período republicano ocorreram outras de grande expressão estética, a partir do governo Castro Pinto (1912-1915), sob a responsabilidade do arquiteto Paschoal Fiorillo, quando a construção deixou de representar mais fielmente o estilo colonial. Então, em 1929, no governo João Pessoa (1928-1930), com a derrubada da Igreja da Conceição (a mesma onde Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina assistiram à meia-noite a Missa de Natal, em 24 de dezembro de 1859, durante intensos 5 dias em que foi hóspede oficial da residência dos governadores), que ficava entre o Palácio e o antigo Lyceu (hoje Faculdade de Direito), foi construído o jardim que ainda hoje compõe o cenário. (Para ser mais preciso, João Pessoa derrubou o templo e Antenor Navarro (1930-1932) implantou o jardim, já programado). Sobre a época de 1930, o Palácio da Redenção foi palco de conturbados instantes da política paraibana e nacional, após o assassinato do então presidente João Pessoa. Em 7 de setembro de 1933, ainda sob comoção, a cidade, já cognominada de João Pessoa, recebeu o chefe do governo provisório, Getúlio Vargas, alvo de intenso cerimonial no Palácio da Redenção, com enorme presença popular em todos os seus arredores, para inauguração do Altar do Povo, na Praça João Pessoa, em homenagem ao ex-presidente, cuja morte catapultou Getúlio ao comando político-administrativo da Nação. É muita história!
(Nas fotos. o Palácio da Redenção, ainda com a igreja ao seu lado, o prédio já sem a igreja, e em reforma, atualmente)
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba