Logo nos primeiros anos da conquista da Paraíba, ainda no século XVI, as ordens religiosas começaram a chegar à Filipéia de Nossa Senhora das Neves. A nova cidade real recebeu quatro dessas ordens em torno da primeira década após fundada em 1585: franciscanos, beneditinos, jesuítas e carmelitas. Afora os religiosos da Santa Casa de Misericórdia.
A partir de então, por cerca de 200 anos, esteve em construção o conjunto religioso de São Francisco, consagrado como a mais emblemática representação do barroco na América. A responsabilidade pela obra foi dos franciscanos que, ao final, entregaram a Igreja e o convento de Santo Antônio, além do adro espetacular com sua azulejaria e muros altos trabalhados em pedra, mesmo material de seus adornos, e o Cruzeiro de São Francisco. Afora o do início dos trabalhos, em 1589, e o de sua entrega em 1788, dois outros momentos em sua história são bem significativos para a iniciativa católica: a invasão holandesa, que durou de 1634 a 1654, e a restauração entre 1979 e 1990.
Na primeira ocasião, os batavos se apossaram do conjunto franciscano, instalaram ali algumas diretorias invasoras, e paralisaram a obra. Também destruíram muitos documentos dela e das igrejas da época na cidade que havia passado a se chamar Frederica, em homenagem ao Príncipe de Orange, Frederico Henrique, dos Países Baixos. No outro momento, a obra franciscana experimentou significativa intervenção restauradora em seu interior e em sua fachada, passando a ser chamada oficialmente de Centro Cultural de São Francisco.
Não é vaidade demais dizer que o fato de João Pessoa conter essa joia arquitetônica e histórica, tombada em 1952, aumenta a relevância da cidade no enredo turístico brasileiro. Sem dúvida, é uma bela obra física a reforçar a expressão mais de quatro vezes secular de nossa cidade.
Para os que chegam à capital paraibana, uma visita ao conjunto religioso de São Francisco não se limita a um passeio turístico de fruição. Tem de fato se tornado, além de comovedor, num didático encontro com a história viva.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba