Análise

CONFIANÇA ABALADA? Esta “fissura” aberta pode se tornar um abismo - Por Júnior Gurgel

A crise instalada entre o governo e Republicanos, principal base de sustentação de Azevedo na ALPB, é provocada pelo Secretário de Educação.

Foto: Reprodução/ Internet
Foto: Reprodução/ Internet

Na classe política, acordos são verbais. Não existem contratos ou atas, com registro público, consignando direitos e deveres entre as partes pactuadas. Compromissos formalizados nos bastidores do poder exigem fidelidade sobre o acertado ou combinado. Vale a “palavra”. Quebra destes acordos implicam em rompimentos, com perdas desiguais. Um sai mais arruinado que outro.

O governador João Azevedo só chegou ao Palácio da Redenção e conseguiu se manter como seu inquilino – após reeleição – porque soube negociar e ceder espaços aos aliados. Demonstrou desde sua posse (primeiro mandato) resignação e lealdade ao paraninfo de sua carreira política – ex-governador Ricardo Coutinho – que de fato governava a Paraíba até estourar a “Operação Calvário”. Por determinação judicial, teve que afastar alguns de seus auxiliares, que recebiam ordens e se reportavam somente a Ricardo. Talvez tenha sido sua sorte. No primeiro momento, saiu como vítima e teve o apoio da opinião pública. Ricardo aos poucos foi sendo satanizado, ganhou a pecha de tirano, e foi abandonado quando mais precisou do seu amigo João.

A crise ora instalada entre o governo e o partido Republicanos – principal base de sustentação de João Azevedo na ALPB – é provocada pelo Secretário de Educação. Na última quinta-feira (18.04.2024) subindo o tom e demonstrando irritação (em entrevista) o governador subestimou o prestígio e força da legenda que lhes deu a vitória no segundo turno de 2022, ao afirmar que o Secretário permanece na sua equipe, elogiou o seu trabalho, e finalizou destacando que o tema era para ser discutido entre ele e o partido. Não exoneraria ninguém, por influência da imprensa (?).

Resta a curiosidade em saber qual a “imprensa” que o governador se referiu (?), já que todos os grandes veículos de comunicação e suas cadeias sobrevivem e se curvam aos seus desejos. Raros são os formadores de opinião independentes, que se aventuram em criticá-lo ou contrariá-lo. Se o fizerem, serão retaliados. No dia seguinte estarão fora da folha, ou terão seus contratos suspensos pela SECOM. Quanto ao futuro político, foi enfático: “só ele, e somente ele, decidirá no dia 03 ou 04/04/2026, se permanecerá ou não no governo”. Recado grosseiro para os que querem vê-lo Senador.

Comentou finalmente sobre as declarações da senadora Daniella Ribeiro, e sua intenção de reeleger-se. Segundo João, ela não pode abrir mão de suas bases no momento. Em Campina Grande, ela só tem um vereador. O governador já foi mais prudente… Esta “fissura” aberta, pode rapidamente se tornar um abismo profundo.

Na visão conservadora do mundo político observa-se que o problema é o próprio governador, que aparenta estar quebrando o acordo com o Republicanos. Ele mesmo confessou que o secretário foi indicação do partido. Neste caso, a permanência do mesmo na função quem decide é o Republicanos, não o governador. Caberia ao mesmo procurar o maior líder da legenda no Estado – presidente da ALPB Adriano Galdino – indagar quem seria o substituto do atual, e imediatamente nomeá-lo. Time que joga bem, e ganha campeonato, é aquele que troca o egoísmo pelo “espírito de equipe”.