Aqui em casa um dos compartilhamentos mais recorrentes que temos com Benjamin é que “não existe diversão quando apenas um ri. Não existe brincadeira quando apenas um se diverte.” Para nós essa percepção tem muito a transmitir sobre relações sociais. Nada é mais corriqueiro à realidade de uma criança do que a brincadeira com os amiguinhos, pelo menos era até a pandemia, antes do tal “novo normal”. De maneira involuntária, natural, essa premissa surgiu como uma forma lúdica para ilustrar respeito ao próximo, às diferenças, valorizar a empatia, o que também nos faz, enquanto adultos, refletir muito sobre as próprias práticas, já quase cristalizadas.
Nesta perspectiva, em um cenário mais amplo, li o Fábio Porchat falando sobre o “politicamente correto” no humor. Sem ofuscar o próprio passado ele admitiu piadas de tom duvidoso que fez há quase uma década e, inclusive, fui um dos milhares que riram muito. O humorista/apresentador reconhecia que “as amarras” trazem limitação criativa (óbvio), mas enaltecia a necessidade de aplicar as mudanças de conceito e respeito às minorias etc também na sua atividade artística.
Com o decorrer do tempo a constatação era simples: pessoas, grupos historicamente massacrados, relegados socialmente sofriam também com a diversão de alguns, “outros”. E se pode rir juntos. Temáticas não direcionadas, sectárias, ofensivas a um grupo e suas características “excêntricas, exóticas” ao estabelecido “normal”, não faltam.
A sensatez, sensibilidade, solidariedade ao próximo faz até o humor se reinventar. Apenas em alguns lúcidos casos, é bem verdade. Temos exemplos aberrantes como Danilo Gentili, aquele indicado à presidência da República. Não riam do absurdo, pois a coisa é séria. O menosprezo à possibilidade de absurdos se concretizarem levou uma anomalia diretamente ao Planalto.
O “humor de Danilo Gentilli, que já era escatologicamente sem graça, mesmo em tempos de outrora mais permissivos a essas questões, segue explorando o que há de pior na natureza sádica humana. Como se não bastasse o condutor, seu programa tem um “bobo da corte”, no mesmo nível. Roger Moreira é o “artista” responsável por animar a platéia. Um rockeiro que envelheceu inútil!
Não por acaso a conversa sobre brincadeira sem graça se misturou a presidência do Brasil. O governo que é um “circo dos horrores”!?!!? Se até o ficcional humor se reinventa, reconhece os abusos… na vida real institucional brasileira a “ordem e progresso” é ridicularizar!
O politicamente incorreto é o programa de governo oficial do bolsonarismo. A literal tradução do “você pensa que é bonito ser feio”, aquele jargão de Batoré, é o slogan perfeito para esse projeto de Sucupira nacional. Não há sequer pudor em esconder as próprias torpezas, a feiúra da alma.
Mas hoje eu não vou falar do Odorico Paraguaçu da nossa cômica tragédia real da “Vida Como Ela é”. Deve ser até heresia misturar a genialidade de Dias Gomes e Nelson Rodrigues para ilustrar esta patifaria nacional, mas sigamos…
Podia até falar dos patéticos assessores como a “irmã Cajazeiras”, Damares, o seringueiro da Amazônia” do Casseta e Planeta, Ricardo Sales, a dupla, que já não habita as hostes governamentais, Weintraub e Ernesto Araújo, o “Fucker and Sucker” do mesmo Casseta e Planeta.
Me basta falar de um fiel escudeiro: Paulo Guedes, aquele que possui o mesmo desvio moral, desonestidade intelectual dos seus pares nos ministérios…
Paulo Guedes é o “Dirceu Borboleta” de Bolsonaro. O assessor de Odorico Paraguaçu, devoto ao projeto, que vive a fantasiar uma realidade que não existe. O personagem fictício caça borboletas, o Ministro da Economia planta números, destrói o poder de compra dos brasileiros, luta contra auxílio emergencial e deixa quase 15 milhões de desempregados sob sua gestão.
Ao “Posto Ipiranga” cabe um diferencial que o torna mais emblemático do bolsonarismo. Ao contrário dos folclóricos colegas, Paulo Guedes se blinda e é blindado com “carimbo técnico”. Essa aura de “capacitado” é a armadura perfeita para camuflar o fato de que talvez tenha mais identidade à maior marca do projeto nacional atual, o sadismo, desumanismo traduzido em total desprezo aos “pobres”, ao povo.
O Liberal de “Chicago”, representante do grande mercado econômico, agradável a grande mídia, apontado como “fonte de equilíbrio” dessa distopia, nada mais é do que o Bolsonarismo cru com embalagem gourmet.
É de Paulo Guedes “o pensamento” que empregada doméstica acostumou e agora quer ir a Disney sempre.
É do próprio o conceito de que não é concebível, qualquer filho de porteiro entrando em Universidade Federal via programa de financiamento do governo federal.
O mesmo Guedes, que não aceita a condição de que pobres mortais queiram viver de maneira longeva, alcançar mais de 100 anos! No conceito do cidadão, um absurdo gerar, assim, tanto transtorno ao sistema público.
Aliás, como todos da alta cúpula que integram este governo, Paulo Guedes morre de apego ao cargo, apenas pelo status e possibilidade de cumprir a missão de servir a outros Deuses. É um servidor público, escalado para reduzir o Estado não a mínimo, mas a nulo. É àquele que detesta a idéia de servir à população, seu objetivo é apenas a destruição dessa estrutura.
É o fiador econômico, a personificação matemática do colapso nesse “Teatro do Absurdo” em que alguns assistem torporizados, outros indignados se recusam a ser alvo da gracinha, mas uns insistem em rir, celebrar contentes a própria desgraça.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: MARCOS THOMAZ