Ciro manteve o bom desempenho no debate de ontem, mas, em razão de sua estratégia de atrair os eleitores de centro, perdeu um pouco da combatividade que havia mostrado até aqui. Acho que errou na dose, mas restam poucas alternativas a Ciro. Boulos foi bem, mas não há muito espaço para sua candidatura crescer e ele sofre com a dificuldade de se diferenciar do PT, sobretudo em meio a essa conjuntura de radicalização política. Por isso, seu melhor momento foi quando ele apelou para a razão democrática antecipando o espírito antifascista da frente que o povo brasileiro haverá de construir no segundo turno.
Gostei bastante de Haddad. Foi firme ao responder às críticas, sobretudo às provocações do bebum Álvaro Dias, e defender o legado e as realizações dos governos do PT com números que desmentem todo tipo de falseamento dessa realidade.
O problema é que a memória desses anos de crescimento da economia e da renda do trabalhador é cada vez mais distante e separado pelo hiato de crise violenta dos governos Dilma-Temer. Mesmo assim, essa memória persiste e é ela o que empurra a candidatura de Haddad no meio do povão. O ponto fraco de Haddad é o debate sobre corrupção, e eu acredito que ele explora pouco as iniciativas do PT como a autonomia da PF e do MPF e a legislação que permitiu o “combate” atual à corrupção.
Mesmo assim, nada do que foi dito ou respondido deve alterar a disposição do eleitorado. Quem vota ou rejeita Haddad não faz isso por conta da corrupção. Com essa disposição, Haddad foi o que mais ganhou com o debate da Globo porque nesse clima de reta final de campanha não há muito espaço para discursos mais conciliadores. E Haddad foi para o debate com essa disposição. E numa noite inspirada.
Resta espera o domingo.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba