Opinião

Cícero está no radar da sucessão estadual mas ele “opera” com sutileza - Por Nonato Guedes

É indiscutível que o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), é nome de destaque no rol dos presumíveis pré-candidatos ao governo

Cícero está no radar da sucessão estadual mas ele “opera” com sutileza - Por Nonato Guedes

É indiscutível que o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), é nome de destaque no rol dos presumíveis pré-candidatos ao governo do Estado, pelo bloco situacionista, nas eleições de 2026, mas também é verdade que, em relação ao assunto, ele adota a estratégia da sutileza.

E tem razões para tanto: em primeiro lugar, reconhece como natural uma postulação do vice-governador Lucas Ribeiro, do mesmo partido, caso ele ascenda à titularidade em hipótese de afastamento de João Azevêdo para concorrer ao Senado. Lucena é grato ao “clã” Ribeiro, que patrocinou seu retorno ao cenário político paraibano depois de mais de uma década de afastamento, mas não apenas por isso, mas por estar sendo beneficiado na atual gestão com recursos provenientes de emendas do deputado federal Agnaldo e da senadora Daniella.

Enfim, ele é bem tratado no PP, onde conquistou a reeleição em 2024 derrotando o candidato do PL, Marcelo Queiroga, depois de ter vencido concorrentes como Luciano Cartaxo, do PT, e Ruy Carneiro, do Podemos.

Cumprindo, rigorosamente, um quarto mandato à frente da prefeitura de João Pessoa e contando com um filho (Mersinho Lucena) como deputado federal, Cícero entrega resultados administrativos de impacto e mantém um ritmo frenético de atuação que lhe permite identificar com rapidez problemas graves iminentes e determinar medidas de solução.

Como reforço, detém uma bem-sucedida parceria com o governo do socialista João Azevêdo, que apoiou seu retorno à prefeitura pessoense desde a campanha de 2020. Com jeito de líder popular, Cícero tem canais com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e convive harmoniosamente com aliados do governador João Azevêdo filiados a outros partidos.

Este atual mandato de Lucena coincide com um momento fantástico vivido por João Pessoa, principalmente no aspecto turístico, tornando-se um dos dez destinos mais procurados do mundo. A Capital tem sido palco de inúmeros eventos artísticos, culturais, de congressos, seminários e ganha notoriedade em programas de audiência das principais emissoras de televisão do país, com reverberação no exterior. Os feitos da gestão de Cícero servem de referência para prefeitos de vários municípios da Paraíba.

Recentemente, ao participar de reunião na Granja Santana presidida pelo governador João Azevêdo para análise preliminar de fatos ligados à disputa eleitoral de 2026, Cícero respondeu, quando indagado se tinha alguma pretensão pessoal, que gostaria de ver o filho Mersinho indicado como um dos candidatos ao Senado – e que, sendo assim, ele representaria o seu grupo.

A tese teve receptividade, pelo próprio trânsito excelente de que Mersinho desfruta em Brasília junto aos pares de outros partidos que atuam na conjuntura paraibana. Mas o lançamento não foi o bastante para retirar de pauta o próprio nome de Cícero Lucena.

Ele é constantemente provocado sobre a possibilidade de ser candidato ao Executivo e reage com habilidade, não descartando o desafio, mas também não aparentando qualquer movimento de imposição junto ao núcleo que é liderado pelo governador João Azevêdo, peça-chave nas definições do bloco situacionista para 2026.

O currículo político de Cícero Lucena é robusto. Prefeito de João Pessoa por quatro vezes, ele foi senador da República, ministro de Políticas Regionais no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e vice-governador do Estado no período administrado pelo poeta Ronaldo Cunha Lima (PMDB).

Com a desincompatibilização de Ronaldo para disputar, e vencer, uma vaga ao Senado nas eleições de 1994, Cícero Lucena cumpriu o restante do mandato (dez meses) à frente do Palácio da Redenção. Surpreendeu pela maturidade, inclusive, na arbitragem de conflitos com segmentos do funcionalismo público.

Teve papel relevante – ou até mesmo decisivo – juntamente com Ronaldo e com o falecido senador Humberto Lucena para a reabertura do Banco do Estado da Paraíba, Paraiban, que havia sofrido liquidação extrajudicial no governo de Fernando Collor de Mello, tendo Tarcísio Burity como governador do Estado tabajara. As posturas de Cícero como administrador o credenciaram ao respeito de segmentos da opinião pública.

A reeleição à prefeitura de João Pessoa em 2024 foi uma espécie de consagração para Lucena, diante da orquestração movida contra ele, que partiu não apenas de representantes da oposição mas de setores do Judiciário.

Aos olhos dos adversários, ele parecia destruído politicamente, mas Cícero deu a volta por cima em alto estilo e triturou Marcelo Queiroga nas urnas no segundo turno do pleito de 2024, apresentando-se como candidato que inspirava confiança por ser conhecido e por seu histórico de ações em favor do povo pessoense e da própria Paraíba.

É nesse contexto que Cícero, a dados de hoje, mantém-se em alta cotação, sendo cortejado por partidos como o PDT para filiação com vistas a voos políticos maiores. Ele mantém o foco na atuação administrativa sem perder de vista os rumos da quadra política paraibana.

Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba