Imprensa

Cangaço Novo e o Novo Cagaço da mídia paraibana - Por Marcos Thomaz

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Eu até brinquei um tempo sobre fazer às vezes de observador distraído da imprensa paraibana.

Cheguei a criar um quadro no antigo “Buraco da Fechadura”, que nem eu lembro o nome mais…

Mas, não era nada de ombudsman, que isto é nome de cafetão com grife!

Fato é que fui forçado a voltar ao posto de inspetor da tragédia midiática desta bela e besta província após mais um episódio sui generis da boa Parahyba!

-Ô Paraíba boa- tinha o hábito de anunciar um líder de audiência nativo de outrora, quando queria atrair a atenção para algo jocoso, fosse falando de política, tragédia, o escambau…

Coube ao ex-companheiro de microfone, bancada e outras mumunhas do comunicador acima, protagonizar a nova lenda folclórica do radialismo paraibano.

-Chegam imagens de um mega crime ocorrendo no Cariri paraibano!

-Atenção, atenção!

– Muito fogo, incêndio grande, muita polícia no local, agora!, um carro forte detonado, muita dinamite- narrava em clima de suspense, trilha policial a todo volume, em um dos dials mais concorridos da capital.

Um thriller de ação como manda o script.

A voz trêmula dava o indicativo de que viria mais informações em breve, criava a cama misteriosa para prender o ouvinte na sintonia.

Mas, o porvir nunca veio.

O desdobramento jamais ocorreu.

O dito não foi desdito.

Pior, “deu uma de doido”.

Fingiu que aquela ocorrência tenebrosa que relatou, sequer havia ocorrido!
Pegadinha do Malandro.

-Yeah, yeah.

Sabe o porquê?

O episódio ocorrido, o caos e destruição narrado era uma filmagem em Cabaceiras, a Roliúde Nordestina, principal local de filmagem em campo aberto da região.
Parabéns a equipe do aclamado “Cangaço Novo”, série da Prime Vídeo que prepara sua segunda temporada.

Vi a primeira, muita verossimilhança nas cenas de ação criminosa, perseguição, confronto policial.

Mas, não foi isso que enganou o coleguinha…

A trapalhada, tragicomédia no ar é fruto do espetáculo grotesco diário que rege a postura deste e alguns outros profissionais da imprensa daqui e alhures.

O sensacionalismo barato, a pirotecnia, irresponsabilidade com os fatos…
Muito além, sequer tem a honradez de retificar a informação, desprezam a técnica jornalística ERRATA!

A mesma luta desenfreada por audiência a qualquer custo, que foi além na calhordice e já simulou imagens de helicóptero com câmera parada em teto de prédio no Centro de João Pessoa.

Quem viveu não esquece o papelão a nível nacional.

Se você não viu toma este prazer orgástico aqui:

Saiu daqui, foram algumas mentes brilhantes do jornalismo paraibano, na ponta de lança da audiência, quem gestou esta artimanha!

Apenas um microcosmo, uma versão resumida do colapso que toma conta do “jornalismo” brasileiro.

Dia desses no tradicional Cidade Alerta nacional, um dos pais de toda esta patifaria que toma conta da atividade, o apresentador narrava o desaparecimento de um fotógrafo brasileiro em Paris.

A tela alternava imagens do desaparecido com da capital francesa.

-Olhaí, imagens ao vivo de Paris, a beleza iluminada da Torre Eifel agora.

Na sequência sem nem titubear LARGA:

-Estas são imagens tiradas ontem pelo fotógrafo e postadas nas redes.

Marcos Thomaz
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