Como se não bastasse o alto volume de intempéries administrativas que vem vivendo o prefeito de Campina Grande Bruno Cunha Lima, eis que no silêncio da manhã da última terça-feira (28), a Paraíba ficou surpresa quando o prefeito campinense declarou ter tomado café com o governador João Azevedo.
Segundo o gestor campinense, o encontro se deu na Granja Santana, residência oficial do mandatário paraibano, em João Pessoa. Pela narrativa do administrador campinense, a conversa foi entorno de investimentos para Campina Grande, pois é preciso entender que “O governador da Paraíba é João Azevedo, goste ou não goste; e eu sou prefeito de Campina Grande, goste ou não”, daí ser importante buscar um diálogo com o governador, pois o que importa, segundo Bruno Cunha Lima, é o desenvolvimento de Campina Grande.
O que fica claro nessa afirmação do prefeito Bruno é que ele foi pedir ajuda para sua cidade, e deve ter aproveitado a ocasião para conversar com o governador sobre o empréstimo que está adquirindo no valor de R$ 300 milhões. Até aí, é salutar vermos duas autoridades importantes conversando de assuntos inerentes à administração, porém, quando se trata de uma conversa a dois em um café da manhã na residência do governador, há de se entender que há algo mais aprofundado em se tratando de futuro político de ambos, pois há um ditado na política que diz: “Não há almoço grátis na política”, nesse caso, foi o café. Será que o cardápio do café entre essas duas lideranças, mesmo tendo posições políticas antagônicas, não teria aí um pedido de “socorro” administrativo para uma pintadinha de uma futura conjuntura política? Diz o ditado popular que “para um bom entendedor, meia palavra basta”, nesse caso específico não foram as palavras, foram os gestos de ambos.
Essa movimentação do campinense pode ter vários desdobramentos no futuro. Fazendo uma analogia mais aguçada, observa-se que daqui a pouquíssimo tempo tanto o prefeito Bruno Cunha Lima quanto João Azevedo não deverão permanecer nos partidos que estão filiados atualmente, mesmo que haja uma federação. Como ambos são majoritários, ou seja, estão no executivo, podem migrar para quaisquer siglas partidárias, o que pela legislação não terá nenhuma punição.
No caso de Bruno Cunha Lima, que hoje pertence ao Partido Social Democrático (PSD), deverá deixar a legenda, já que a presidência do partido no Estado da Paraíba hoje está com a senadora Daniella Ribeiro (PSD). Quanto ao governador, há uma perspectiva de que as evidências históricas demonstram sua impossibilidade de permanecer no Partido Socialista Brasileiro (PSB), no futuro, a não ser que fosse para assumir a presidência, pois o governador João Azevedo sabe que continuar em um partido comandado pelo deputado federal Gervásio Maia é uma temeridade, até pelo próprio comportamento do parlamentar quando do rompimento de João Azevedo com Ricardo Coutinho em 2019. Naquela oportunidade, Gervasinho optou em ficar ao lado de Ricardo, o que obrigou ao governador ter que sair para o Cidadania.
A verdade é que tanto o governador João Azevedo, quanto o prefeito de Campina Grande Bruno Cunha Lima terão que ir para um partido para chamar de “Seu”. Talvez esta conversa de “pé de ouvido”, possa ter fluído durante o encontro. Aliás, mesmo do ponto de vista político não há o que especular já que dentro do contexto atual da política brasileira está todo mundo se conversando, basta citar o exemplo do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos), que se demonstrava tão bolsonarista ao olhar de alguns campinenses e paraibanos, mas foi o primeiro parlamentar da Paraíba a emplacar uma aliada sua no governo Lula, uma cunhada sua, a senhora Carine Moura, que foi nomeada para ocupar a Superintendência da Geap Saúde no Estado. Já se cogita até a ida do senador Efraim Filho (União Brasil), para o Ministério do Turismo, mais uma prova dos avanços políticos que vêm sendo tratados através do diálogo do governo do presidente Lula.
Diante dessa evolução política as quais estamos observando em nosso País, uma união política entre o governador João Azevedo e prefeito Bruno Cunha Lima não será nenhuma novidade do ponto de vista estratégico, pois como se sabe, caso João Azevedo deixe o governo no início de 2026 para disputar uma possível eleição de senador da República ou mesmo de deputado federal, terá como seu substituto, o atual vice-governador Lucas Ribeiro (PP), filho nada mais, nada menos, do que a indócil senadora Daniella Ribeiro e sobrinho do estrategista Aguinaldo Ribeiro, o que poderá mudar tudo a partir de sua posse, pois quem conhece ou quem convive com os Ribeiros sabem muito bem que quem não ler em sua cartilha, está literalmente fora de seu projeto, daí o porquê de muitos dos políticos terem alguns receios da saída de João do Governo.
Por fim, já se observa que o objetivo de todos é a sobrevivência política para se manter no poder. Daqui pra frente, sobreviverá quem melhor se articular, já que aquela propaganda ideológica partidária parece que está se esvaindo, ou já não existe mais. Quem viver, verá!
Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba