Entre os candidatos à reeleição a cargos executivos em 2022, Jair Bolsonaro (PL) é o mais mal avaliado de todos. Com saldo negativo de 12 pontos, o presidente perde em popularidade para todos os governadores que tentam voltar à cadeira este ano, segundo ranking de governadores feito por José Roberto Toledo, colunista do UOL, com base em pesquisas do Ipec realizadas em todas as unidades da federação. Na média, os 27 governadores têm saldo positivo bem maior do que Bolsonaro: 17 pontos percentuais (38% de ótimo/bom contra 21% de ruim/péssimo). O mandatário tem o dobro de ruim/péssimo que os governadores: 43% a 21% (média dos 27 gestores). Só dois governadores têm saldo negativo maior do que Bolsonaro, mas eles não são candidatos à reeleição.
Para o colunista, o resultado demonstra que Bolsonaro perdeu a guerra que declarou aos gestores estaduais durante a pandemia de Covid-19. “O presidente tentou jogar a culpa pelas mortes em excesso e pela crise econômica nos comandantes dos governos estaduais, mas não conseguiu”, acrescenta José Roberto Toledo. A maioria dos governadores que comandaram seus Estados durante a calamidade sanitária lidera as corridas eleitorais em suas regiões – e as exceções são, em geral, vices que assumiram depois da pandemia. O governador mais bem avaliado do Brasil, segundo o Ipec, é Helder Barbalho (MDB), do Pará, com 44 pontos de saldo positivo: 55% de ótimo/bom e 11% de ruim/péssimo. Helder é o candidato à reeleição que lidera com mais folga a corrida eleitoral para governos estaduais, com 65% das intenções de voto. Ex-ministro dos governos de Dilma Rousseff (Pesca) e de Michel Temer (Integração Nacional), Helder é filho da velha política e oriundo do clã político dominante do Pará. É filho do senador Jader Barbalho e da seis vezes deputada federal Elcione Barbalho.
Logo abaixo de Helder aparecem no ranking do Ipec outros seis governadores à reeleição com mais de 30 pontos de saldo de avaliação: Renato Casagrande, do PSB do Espírito Santo, Ratinho Júnior, do PSD do Paraná, Ronaldo Caiado, do União Brasil de Goiás, Mauro Mendes, do União Brasil de Mato Grosso, Romeu Zema, do Novo, de Minas Gerais, Gladson Cameli (PP), do Acre. Dos 27 governadores em exercício, oito não são candidatos à reeleição. Desses oito, cinco não podem disputar porque estão em seu segundo mandato consecutivo: Reinaldo Azambuja (PSDB), do Mato Grosso do Sul, Rui Costa (PT), da Bahia, Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe, Waldez Góes (PDT), do Amapá, Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco. Câmara sucedeu no governo a seu padrinho, Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo em 2014 quando disputava a Presidência da República.
Os outros três governadores que não disputam a reeleição eram vice-governadores e assumiram o cargo há poucos meses apenas para completar o mandato do titular: Izolda Cella (PDT), do Ceará, que substituiu o governador Camilo Santana (PT), candidato ao Senado, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), do Rio Grande do Sul, que substituiu Eduardo Leite, que renunciou para tentar ser candidato a presidente, não conseguiu, e voltou a disputar o governo gaúcho, e Regina Sousa (PT), do Piauí, que substituiu Wellington Dias, também do PT, que renunciou para ser candidato ao Senado. Há quatro ex-vice-governadores que assumiram o mandato, são candidatos à reeleição e sofrem com o baixo conhecimento pelo eleitorado: Rodrigo Garcia (PSDB-SP), Carlos Brandão (PSB-MA), Claudio Castro (PL-RJ). Há dois candidatos a governador com saldo de popularidade baixo ou negativo mas que disputam a reeleição com chances: Ibaneis Rocha (MDB-DF) e Wilson Lima (UB-AM).
O colunista do UOL conclui que a grande maioria dos governadores, por ser mais popular do que Bolsonaro, tem boas chances de reeleição. E opina, também, que ao contrário de 2018 e da eleição para presidente, a tendência predominante para a eleição aos governos estaduais não é de mudança, mas, sim, de continuidade. Esse cenário favorece, por exemplo, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), que postula um novo mandato nas urnas. Ele despontou na primeira pesquisa do Ipec, contratada pela TV Cabo Branco, com 32% das intenções de voto, e pelo menos 37% dos entrevistados consideraram a sua gestão como “ótima” ou “boa”. João Azevêdo é da base lulista e chegou a ser mencionado pejorativamente por Bolsonaro durante reunião ministerial, quando ele hostilizou os “governadores de Paraíba”, referindo-se aos governadores do Nordeste que questionaram omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia de Covid-19, na fase inicial, quando faltavam vacinas e estrutura para o atendimento a vítimas da doença.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba